Project Love 2.0 - Fic (7 ao 9)

| domingo, 11 de dezembro de 2011
 Capítulo 07 - Quando caem as Máscaras.
-Vamos? – perguntou Nowaki.
-Vamos! – respondeu Mitsuki enquanto Chiharu concordou hesitante com a cabeça.

Aquelas palavras foram a última coisa que nós três dissemos até chegarmos ao nosso destino: uma casa de praia. Um amigo meu da faculdade tinha o pai rico e assim a casa de praia era dele. Eram 14h35min; enquanto Nowaki ficou sentado na varanda sentindo a brisa fresca do mar, eu ficava na sala, que era ao lado, junto de meus amigos concluindo meu trabalho, mas o tempo todo o observando de soslaio, Mitsuki percebeu isso várias vezes e me chamou a atenção, dizendo para eu esperar o trabalho ficar pronto para depois falar com ele.
Eram 16h45min e o trabalho estava concluído, não demorou tanto assim, mas pra mim parecia que haviam se passado anos! O dono da casa nos mostrou a praia reservada as pessoas daquele condomínio, a mesma ficava quase que em frente à casa dele. Nowaki, que estava bebendo refrigerante oferecido por uma das empregadas, convidou-me para caminhar naquela praia. Eu aceitei. Naquela praia havia uma grande pedra, era para lá que Nowaki estava caminhando ao meu lado. Devido ao horário, o sol já não estava tão forte assim e começava a adquirir um tom alaranjado de fim de tarde, o mar estava calmo e as gaivotas pairavam sobre este em busca de algum peixe perdido. Eu evitava olhar para Nowaki, não sabia como ele se sentia naquele momento, já o mesmo olhava para o mar, sem perceber meu desconforto, já que eu estava do outro lado de sua visão naquele momento. Ao chegarmos à pedra que ele mencionou, sentei-me usando a mesma como encosto enquanto que Nowaki repetiu o gesto quase que junto comigo. Silêncio.

-Ei, Chiharu...
-Hum? – ouvir Nowaki o chamando pelo nome não o agradou muito naquela ocasião.
-Queria pedir desculpas pelo que Hisashi fez com você... Eu sei que não foi sua culpa.
-Sabe? Como?
-Provavelmente você ouviu Hisashi gritar quando fui avisar a ele que iria sair certo?
-Ah, o-ouvi sim...
-Antes de ele gritar, Hisashi disse que não me deixaria ficar perto de você, aquilo me fez entender que ele tentaria algo para acontecer o que ele queria.
-Então você acreditou em mim?
-A princípio não, mas com Mitsuki-chan apontando-me as provas a seu favor eu acreditei... Desculpe-me ter gritado com você, não era minha intenção, acabei fazendo você chorar. – Nowaki olhou para Chiharu com um pequeno sorriso nos lábios, o que fez o último chorar novamente. – O-o que foi que eu fiz? E-ei, Haru-kun? – perguntou preocupado.
-Ah, seu idiota... – soluçou – E-eu estava com medo de você ter ficado irritado comigo... De você querer ir embora depois disso e n-nunca mais querer saber de mim... – Chiharu chorou tudo aquilo o que ele havia contido desde quando Nowaki gritou com ele.
-Você é muito frágil e inseguro, sabia? – Nowaki puxou o menor suavemente pelo ombro, fazendo este deitar sobre seu peitoral – Vive achando que eu vou embora, que eu já fui, que eu sumi e começa a chorar, chorar e chorar... Não te entendo, Haru-kun. – afagou os cabelos do menor.
-Melhor não entender mesmo, você não pode entender... – agarrou-se a blusa do maior.
-Por que não? – choramingou.
-Porque não e não insista retardado!
-Não abuse de minha boa vontade! – apontou a arma de plasma.
-De onde você tirou isso?!
-Um mágico não revela seus segredos...

Ele teve a ousadia de atirar em mim. Eu prontamente me assustei e fechei os olhos, notando, após certo tempo, que nada havia acontecido. Teria ele errado o tiro de propósito? Quando tornei a abrir os olhos, surpreendi-me em ver uma bela e pomposa rosa vermelha na mão direita de Nowaki, já que a esquerda estava envolta em meus ombros. Eu permaneci onde estava; admirando a beleza estonteante daquela flor.

-C-como? – olhou em volta mais não viu nenhum local para ele retirar uma rosa tão bela quanto aquela. Só havia água e areia ali.
-Shhhh... Um mágico não revela seus segredos! – sussurrou repetindo a última frase que falou, entregando a rosa ao menor, que por vez sorriu, pegando esta com o rosto ruborizado – É bom ver um sorriso nesse rosto, velho! – sorriu.
-Não estraga. – revirou os olhos.
-Estragar o quê? Me devolve a rosa!
-Não! – a segurou firmemente.
-Eu vou tomá-la de você se não devolver, velho teimoso...
-Venha buscar, então! – rapidamente levantou-se e começou a correr pela praia, em meio ao sol que estava se pondo, Nowaki levantou-se e correu atrás de Chiharu que era ligeiro, porém Nowaki não ficou para trás – Ei! Volte aqui!
-Está ficando para trás, Nowaki? Quem é o velho agora? – Chiharu não percebeu, mas o maior já estava tão próximo dele que chegou até a tocar seu ombro, o puxando para trás, o que o desequilibrou e o fez cair no chão, puxando Nowaki pelo pulso. – N-nowaki...! – o maior havia caído em cima de Chiharu. Ambos estavam ofegantes pela corrida que fizeram e seus rostos estavam relativamente próximos. Chiharu estava com a rosa próxima do rosto e a combinar com a cor da flor: vermelho; enquanto que Nowaki estava imóvel.
-... Me perdoe... – jogou o corpo para o lado, sentando-se sobre a areia –... Foi sem querer... – desconcertou-se.
-T-tudo bem, Nowaki, n-não precisa ficar desconcertado assim... – sorriu um pouco tenso.
-Me desculpe Chiharu, o ando fazendo chorar muito ultimamente e nem ao menos sei o motivo e nem você quer me contar o porquê.

Fiquei em silêncio apenas olhando a rosa que ele me deu. Eu tinha a resposta para a dúvida dele, mas não queria dá-la, pois, naquele momento, Nowaki acharia que eu estaria tentando fazer a cabeça dele contra Hisashi e não era nada disso. Preferi ficar quieto... Ficamos ali, sentados um do lado do outro, conversando sobre diversas coisas, coisas sem importância, era uma conversa que não tinha com ele desde que Hisashi havia chegado, há sete dias e, como havia falado antes, ele não tinha cara de quem pretendia ficar uma semana apenas. Se fosse isso, ele deveria estar de malas prontas hoje. Ele não vai voltar, é isso o que me entristece.

-Haru-kun.
-Hum?
-Importa-se se hoje eu dormir no seu quarto? Quero evitar Hisashi por hoje, quem sabe assim ele para e pensa melhor no que fez.
-D-dormir comigo? – Pens.: Há! Até parece que ele vai pensar nisso. Vai pensar num outro plano pra fazer você me odiar, retardado!
-Aham, se eu for dormir no sofá é capaz dele me procurar à noite e é bem provável que eu não resista. – comentou desconcertado.
-Ah...
-Posso? – choramingou a pergunta.
-Pode. – revirou os olhos.
-Obrigado, fico te devendo essa! – sorriu.

A boa notícia: ele iria dormir comigo; a má notícia: ele iria dormir comigo.
Motivo da boa notícia: ele pode não resistir à tentação com relação à Hisashi; motivo da má notícia: EU posso não resistir à tentação com relação a ele!
Eram 19h00min e Mitsuki estava dando carona a mim e a Nowaki em seu carro. No trajeto conversamos de forma animada nós três, Nowaki e Mitsuki deram-se bem, melhor do que com Yoshinori-san, já que o mesmo é mais sério e não suporta tantas brincadeiras... Chegando a casa pude escutar o som do chuveiro, menos mal, assim pelo menos minha chegada ao meu apartamento foi mais tranquila do que esperava. Nowaki aproveitou para pegar seu travesseiro no quarto e colocar em cima de minha cama.
Aquela situação para mim estava insuportável, não aguentava ver Nowaki pensando que daria esse “castigo” em Hisashi e depois os dois se entenderiam e fariam as pazes tendo uma noite inteira de amor para Nowaki, sexo para Hisashi. Não aguentava imaginar aquilo, não aguentava ver Nowaki vivendo uma mentira da qual ele nem percebe que é! De ele estar sendo enganado por causa de uma fortuna que ele tem sabe-se lá onde, quero que ela se exploda! Nesse momento tive uma ideia que, mesmo sendo cruel, poderia me fazer solucionar o problema invisível aos olhos de Nowaki, o fazer enxergar quem Hisashi realmente era!

-Nowaki! – parou em frente ao maior.
-Hum?
-Vamos fazer uma brincadeira!
-Oh! – empolgou-se – Qual? Qual?
-É a seguinte: você é um detetive-espião. Sua missão é a de ficar escondido na varanda, coletando todas as informações que você conseguir aqui na sala sem poder olhar, você vai apenas usar sua audição e ninguém pode te ver!
-Feito! Mas, como eu vou conseguir coletar informações só ouvindo? – pegou papel e caneta para levar e anotar tudo.
-Eu vou chamar Hisashi-kun para brincar conosco, quem sabe assim nós fazemos as pazes. – sorriu forçado.
-Boa ideia! – o barulho do chuveiro cessou-se.
-Lembre-se: nada de aparecer, fique escondido! E você não está aqui, já que é um espião!
-Pode deixar! – escondeu-se na varanda.

Céus! Parecia que eu estava falando com uma criança de oito anos, não com um adulto de vinte e cinco! Mas pelo menos assim ele saberia a verdade. Pouco tempo depois dele se esconder, Hisashi saiu do banheiro vestindo um roupão enquanto que secava os cabelos com uma toalha distraidamente. Fingi que estava acabando de chegar e bati a porta, anunciando-me com um “tadaima”. Hisashi colocou a toalha nos ombros e viu que apenas eu entrava no apartamento.

-Onde está Bunko-kun? – perguntou tendo o semblante irritado apenas por falar com Chiharu.
-Ele resolveu ficar um pouco na casa de Yoshinori-san, ambos tinham combinado de jogar um jogo que Yoshinori-san comprou... – sentou-se no sofá.
-Ah... – deu meia volta, tomando rumo ao quarto de Nowaki.

Eu estava um pouco tenso com relação a meu plano não dar certo, ou eu obtinha sucesso ou tudo se voltaria contra o mim caso eu falhasse. Hisashi entrou no quarto de Nowaki e foi vestir-se. Eu esperei ansioso e aflito pelo seu retorno. Ele, por vez, foi até a cozinha sem dirigir novamente a palavra a mim. Eu estava apostando todas as fichas naquele plano de última hora. Criei coragem e o chamei no intuito de recomeçar a conversa.

-Hisashi-kun...
-Hum?
-Você não pretende fazer mais nada depois de hoje, né? – Hisashi gargalhou; Nowaki estranhou.
-Mas é claro que pretendo imbecil! Eu vou fazer de tudo para que Bunko te odeie mais do que tudo nesse mundo! Ele vai te odiar tanto que não vai querer nem olhar na sua cara!
-Cale a boca! Você não vai conseguir fazer isso, eu não vou permitir!
-Por que você o ama? – Chiharu silenciou-se – Sabia... Você nunca me responde essa pergunta claramente, ou fica em silêncio ou me responde hesitantemente um não... Eu sei que você o ama. Desde quando não sei, mas sei que você o ama. Não sou retardado que nem Bunko-kun – revirou os olhos.
Pens. Nowaki: -“Até você, Hisashi?” – choramingou.
-Concordo que ele seja retardado, mas isso não é motivo para ficar brincando com os sentimentos dele por tanto tempo, Hisashi!
-Se você estivesse no meu lugar faria à mesma coisa, tenho certeza. – desdenhou olhando para as unhas.
-Eu não estou no seu lugar... – cortado.
-Mas bem que gostaria de estar – sorriu cinicamente – Você bem que gostaria de estar ao lado dele na cama, recebendo as carícias dele, as juras de amor que ele me faz quando terminamos de transar, de tocar cada parte daquele corpo que só eu posso e FAÇO isso, não é Chiharu-san? – provocou.
-Cale-se! Você não sabe o que diz! Eu não estou no seu lugar, mas mesmo assim não vejo isso como motivo plausível para fazer o que você faz com ele há tanto tempo!
Pens. Nowaki: -“Fazer... Fazer o quê?” – ouviu tudo curioso, ele não estava entendendo o rumo daquele assunto até ouvir a resposta de Hisashi.
-O que eu faço demais? Eu finjo amá-lo e o mesmo me deixa usufruir de forma ilimitada de todo o dinheiro dele. – Nowaki arregalou os olhos.
-Como consegue dizer isso tão naturalmente? Você é tão falso! Como pode mudar da água para o vinho quando ele não está aqui? Você deve ter vocação para ator, Hisashi!
-Porque minha encenação é apenas para ele, danem-se os outros. Não são eles quem pagam meus caprichos, meus luxos. É Bunko, portanto, só ele tem que ser enganado com relação a mim.
-Você não o ama!
-Eu amo o dinheiro dele – completou a frase de Chiharu – Já disse a você que não tenho nada contra ele, pois o mesmo possui muitas qualidades, GRANDES “qualidades”, se me entende, mas sou ganancioso demais para pensar em primeiro amar, depois no dinheiro. Bunko não sabe nem o começo das coisas que já fiz pelas costas dele! A começar que todo esse tempo que estive sozinho no futuro eu envolvi-me com tantos homens que nem somando o número de clientes de uma prostituta chega perto. – sentou-se no sofá e gargalhou, vendo um Chiharu espantado e boquiaberto.
-Como... Como você pode fazer isso? Vocês namoram há tanto tempo!
-Hum, é, é... Fazemos dois anos hoje, é impossível esquecer-me desta data, pois foi a partir desta que eu deixei as ruas e tornei-me uma pessoa, passei a ter uma casa, dinheiro e todos os homens que queria, pois Bunko confia em mim e não me questiona os locais onde estive, com quem estive e o que fiz... Ele sempre me amou e confiou cegamente em mim. É só dar atenção, carinho e sexo para ele. Isso já basta para mantê-lo amarrado a mim por quanto tempo eu quiser.
-Eu não acredito nisso! Não acredito! Você é muito pior do que eu imaginava você é uma cobra! – por um momento esqueceu-se da presença de Nowaki – Armou aquilo tudo para me incriminar! Eu te odeio! Você só veio para cá se mostrar...! – cortado.
-Claro. Para ver se eu conseguia me envolver com alguém daqui também...
-E...?
-Tentei algo com o vizinho de vocês, mas este tinha bom senso, não quis nada comigo. De resto foram pessoas inanimadas, as encontrei por ai na rua...
-Não aguento ouvir isso! Cale-se! Você está usando Nowaki, ele é tão cego, tão tapado, tão apaixonado que não percebe isso! Você se aproveita por ele ser uma boa e retardada pessoa!
-Ele não quer alguém para amar? Aqui estou. Eu não quero alguém para me sustentar? Pois então... – cortado
-Aqui estou. – completou Nowaki, revelando-se na porta da varanda, estando sério e de cara fechada.
-B-BUNKO-KUN?! – exclamou Hisashi completamente espantado. – V-você estava ai esse... Tempo... Todo? – Nowaki assentiu positivamente com a cabeça enquanto aproximou-se do menor. Chiharu levantou-se do sofá rapidamente, acompanhando com o olhar os passos do maior em direção a Hisashi, que por vez dava passos hesitantes para trás, até ser parado pela parede.
-Então você não me ama...
-Nowaki! – Chiharu chamou o maior, com medo do que ele poderia fazer.
-... E só queria meu dinheiro...

Nowaki estava tomado pela raiva e pela tristeza, sua mão esquerda movia-se rumo ao pescoço de Hisashi segurando este fortemente. Aquilo logo me assustou. Nowaki o ergueu com facilidade do chão ao ponto de começar a asfixiar Hisashi. Eu o via apertar mais e mais o pescoço dele, em seu rosto era nítido toda sua fúria. Nowaki estava fora de controle e eu precisava pará-lo antes que ele fizesse alguma coisa grave. Eu precisava tirá-lo de perto de Hisashi, mas naquele momento ele estava impondo sua força e fúria, era impossível pará-lo usando minha inútil força comparada a dele. Hisashi já estava à beira de perder os sentidos quando Nowaki exclamou em plenos pulmões.

 -VOCÊ BRINCOU COM MEUS SENTIMENTOS, PROSTITUTO MISERÁVEL! – Nowaki fechou fortemente o punho direito pretendendo desferir um soco em Hisashi até parar bruscamente no meio do caminho com Chiharu metendo-se no meio, já que não conseguiria pará-lo usando de sua pouca força. – Chiharu, SAIA DA FRENTE!
-NÃO! – gritou de volta, o que surpreendeu o maior – Eu fiz isso para abrir seus olhos, não para que você cometesse um assassinato! Solte-o! – segurou o punho fechado de Nowaki – SOLTE-O! – Chiharu o fitou seriamente, como que estivesse o desafiando. O maior olhou novamente para Hisashi que relutava em busca de ar e tinha sua visão turva. Pensou em apertar mais e ver se ele morria, mas Chiharu estava ali se impondo contra ele, o que fez Nowaki soltar Hisashi, que caiu ajoelhado no chão, tossindo em demasia e fazendo Chiharu suspirar aliviado.
-Só fiz isso por você, Chiharu... – Nowaki manteve seu semblante de antes, desta vez olhando com superioridade para o menor no chão – Foram dois anos de minha vida jogados fora ao me dedicar única e exclusivamente a esse prostituto. – Nowaki retirou sua arma de plasma e colocou a mesma sobre o balcão da cozinha – Use isso para poder voltar para o futuro. Adeus.

Nowaki não tornou a nos olhar, apenas caminhou em direção ao meu quarto e trancou-se ali. Era compreensível já que, se ele fosse para o quarto dele, teria ficar olhando Hisashi arrumar as malas antes de partir.
Esperei ele fechar a porta e ajoelhei-me oferecendo ajuda a Hisashi, que bruscamente negou, dizendo, com a voz rouca, que não precisava de mim, que o que lhe restava agora seria pegar suas coisas e voltar para o futuro, já que não havia possibilidade dele conseguir convencer Nowaki e, depois do que o mesmo fez com ele, sentia-se com medo dele tentar novamente asfixia-lo e desta vez não ouvir minha voz.
Já eram 00h05min, acabou de chegar o domingo. Hisashi já havia arrumado suas coisas e ido embora há mais ou menos uns 15 minutos, deixando um recado comigo. Esperei um pouco na sala, não sabia como nem o que falar a Nowaki, muito menos como ele estaria naquele momento. Peguei um copo bem grande de refrigerante, já que ele tanto gosta, e levei até meu quarto. Ao abrir a porta deste, Nowaki estava deitado, com seu travesseiro cobrindo o rosto.

-Nowaki... – o chamou com voz doce não obtendo resposta – Trouxe refrigerante para você.

Sentei-me na beira da cama ao lado dele, que por vez virou-se em minha direção e abraçou minha cintura, revelando o rosto de quem estava contendo-se para não chorar, como se naquele momento ele fosse uma criança indefesa. Totalmente diferente daquele rosto furioso de antes.
Pela primeira vez pude ver Nowaki realmente irritado e depois fragilizado; prestes a chorar.
Coloquei o copo de refrigerante no criado mudo, caso ele quisesse beber mais tarde e o fiz deitar sobre meu peito, da mesma forma como ele fez mais cedo na praia, para o momento em que se sentisse apto a chorar.

-Não quero chorar... Não por ele... – aconchegou-se nos finos braços do menor.
-É compreensível, Nowaki... – suspirou – Ele te deixou um recado – Nowaki não falou nada, Chiharu entendeu que poderia prosseguir – Disse que, apesar de tudo o que ele havia feito e de todos com quem havia se relacionado, você foi o único que ficou com ele por amor, não por sexo.
-Obrigado, Chiharu. Você abriu meus olhos. – mudou de assunto, ignorando a possibilidade de uma possível resposta – Me mostrou quem realmente ele era...
-Eu não fiz nada. Só não aguentava ver você sendo enganado por ele...
-Desde quando você sabia disso?
-Fiquei sabendo logo no começo. Enquanto você estava no banho, ele contou-me quem realmente ele era; não com riqueza de detalhes como dessa vez, mas o suficiente para mostrar que ele não era uma boa pessoa.
-Era isso o que andou te deixando estranho esses dias?
-Aham. Eu sentia-me desesperado enquanto você era enganado por ele. Pedi ajuda a Yoshinori-san, mas este respondeu que não me ajudaria porque me amava. De repente Mitsuki caiu como um paraquedas, onde ela deu o pontapé inicial para que pudesse lhe provar que ele não era quem você pensava que fosse, pois, se eu dissesse isso sem provas, você iria achar que era ciúme meu, que só porque ele chegou aqui você não me deu mais tanta atenção quanto antes...
-É verdade. Você me conhece muito bem, Chiharu... – sorriu triste.
-Seria bom você dormir um pouco agora... 

Nowaki assentiu positivamente com a cabeça e soltou-me, pois disse a ele que eu iria apagar as luzes da casa e logo voltaria para lhe fazer companhia. Enquanto apagava as luzes da sala, Nowaki tirava sua camisa e acomodava-se na cama, estava certo que não se dormia de jeans, mas ele aparentava não estar com vontade de trocar de roupa naquele momento. Quando voltei, Nowaki estava coberto até a cintura, apenas olhando para o teto, com as mãos sob a cabeça. Peguei meu pijama e fui trocar-me no banheiro.
Já vestindo o mesmo, retornei para meu quarto e Nowaki permanecia na mesma posição de antes, parecia uma estátua. Deitei-me ao lado dele e desejei-lhe boa noite. Não que fosse insônia ou agitação de pouco tempo atrás – eram 01h00min – estava até com sono, mas sentia-me desconfortável dividindo a cama com alguém que, por obra de Hisashi, me fez abrir os olhos e perceber que realmente estava apaixonado por ele e que, por obra de Yoshinori-san, não importava se era homem ou mulher: o importante é amar... E ser amado. Olhei para Nowaki antes de mentalmente completar a frase de Yoshinori-san.
Suspirei pesadamente. A noite iria ser longa...


Capítulo 08 - Recolhendo os Cacos.
Hum? Ah, não estou afim de falar hoje. Chiharu venha cá! – puxou o menor do banheiro, que por vez estava com a boca cheia de espuma por estar escovando os dentes.
Eh? – olhou para o maior que entrou no quarto de Chiharu e ali ficou. – Bem, se ele não quer falar dessa vez, sobra para mim mais um capítulo...

Já faz um dia desde que Hisashi foi embora. Nowaki continua assim, é compreensível, mas ele anda muito para baixo. Isso mostra que ele era realmente apaixonado por aquele mentiroso, entristecendo-me mais. Era terça-feira, naquela noite que ele dividiu a cama comigo, o mesmo não chorou, mas também não dormiu, eu por vez tive alguns cochilos, nada mais. Já era o segundo dia em que Nowaki acordou cedo, estranhei.
Arrumei-me, pois tinha que ir para a faculdade depois para o trabalho, na verdade queria faltar aos dois para ficar o dia inteiro ao lado dele, tentando anima-lo, mas não posso fugir de minhas responsabilidades. Sai.
Passei a aula inteira ansioso e aflito. Mitsuki percebe. Eu já havia contado a ela o ocorrido na noite de sábado para domingo e a mesma acompanhava à parte a recuperação emocional de Nowaki, às vezes comprando algo perecível que ele goste e o visitando vez ou outra, pois Mitsuki tinha a vida mais atarefada do que a minha e não poderia ficar tanto tempo conosco. O tempo passou e eu estava no trabalho, eram 18h00min, pedi para ser liberado já que não havia tanto movimento e minha hora de saída estava próxima. Voltei correndo para casa e cheguei nesta 18h15min. Encontrei Nowaki sentado no chão da sala, próximo à mesa de centro, com uma garrafa de refrigerante quase no fim sobre a mesa – sim, ele bebeu aquilo tudo. Coloquei minhas coisas sobre o balcão da cozinha e me anunciei.

-Taidama! – Nowaki pareceu estar distraído num caça palavras. Chiharu aproximou-se dele – O que está fazendo?
-Yoshinori-kun veio aqui mais cedo e me deu essa revista com alguns jogos dentro... – batucou a caneta na testa.
-Vou tomar banho, quando voltar te faço companhia. – Nowaki assentiu positivamente.

Hum, ele parecia estar mais animado hoje, menos mal... Fui tomar banho com a cabeça mais tranquila, demorei até. Auando sai do banho vestia uma roupa bem confortável e folgada, já que não pretendia sair mesmo. Retornei à sala e ele permanecia concentrado naquela revista enquanto tomava mais um copo de refrigerante, sua arma de plasma, obviamente, estava ao seu lado. Sentei-me no chão ao lado dele e, com um gentil sorriso nos lábios puxei algum assunto qualquer.

-Quer ajuda?
-Aham, por favor... – olhou para o menor – Me diga: quanto é 4 x 5?
-20 – revirou os olhos.
-Obrigado, era o que faltava. – rubricou. Silêncio formou-se na sala.
-Nowaki, vamos ouvir um pouco de música?
-Vamos... – Chiharu levantou-se e ligou o rádio.

“Your love is a lie... LIE! LIE!” – Nowaki olhou para o menor com uma das sobrancelhas erguidas, o mesmo, com um sorriso nervoso, trocou de estação.
“You had my heart inside of your hand, but you played it with a bea...” – Chiharu trocou rapidamente de estação.
“Because to you it's just a game…” – desligou o rádio.

-Melhor assistirmos TV – sorriu nervoso.
-Concordo. – Chiharu voltou para onde estava sentado e ligou a TV.
-Vamos ver novela! – exclamou Chiharu, colocando na novela.

VOCÊ ME TRAIU CANALHA! – deu um tapa na cara do outro ator
MAS MEU AMOR!
VOCÊ SÓ QUERIA MEU DINHEIRO! – Chiharu mudou de canal colocando num noticiário.
Homem mata namorada após descobrir estar sendo enganado – Chiharu desligou a TV.

-Parece que não há nada de interessante na rádio nem na TV, não é? – sorriu nervoso.
-Melhor permanecer em silêncio mesmo... – tornou a concentrar-se na revista.

Estava com pena dele, tinha vontade de abraçá-lo fortemente, de lhe afagar os cabelos e ficar ali sem pressa do tempo passar. Pensei em fazer algo do tipo já que estava sentado ao lado dele, até aproximei-me um pouco, mas perdi a coragem. Permaneci daquele jeito, encostado no sofá enquanto Nowaki ficava curvado sobre a mesa, sério. Nunca pensei que fosse dizer isso, mas estou sentindo falta do antigo Nowaki alegre, animado, retardado...

-Chegou mais cedo hoje. – espreguiçou-se.
-Pedi para ser liberado um pouco mais cedo, estava preocupado com você – Nowaki terminou de espreguiçar-se e encostou-se no sofá.

No final nada demais aconteceu naquele dia... Nem nos outros. Ele permaneceu daquele jeito e assim passaram-se três longas e monocromáticas semanas, onde eu sentia-me cada vez mais deprimido e inútil vendo Nowaki daquele jeito. Cheguei a casa e ele novamente estava sentado no chão, desta vez mexendo em sua arma de plasma, parecia trocar mensagens ou algo do tipo. Quando me anunciei ele parou de mexer em sua arma. Estranhei. Tomei banho e, de costume, fui fazer companhia a ele na sala, sentando ao lado dele no chão. Enquanto ele estava esticado no chão, eu por vez estava comportadamente sentado, o que só acusava minha vergonha. Nowaki virou o rosto em minha direção e fitou por um tempo, o que me fez ruborizar. Ele percebeu. De repente Nowaki aproximou-se, “escondendo” seu rosto em meu pescoço enquanto que envolvia um de seus braços em minha cintura. Arrepiei-me.

-Se importa se eu ficar um pouco assim?
-N-não... – Chiharu olhou para o outro lado – Nowaki, você o amava muito?
-Incondicionalmente...
-E você acha que um dia poderia voltar a amar outra pessoa?
-Chiharu. – chamou sua atenção, erguendo a cabeça de modo que ele ficasse com o rosto próximo do menor – É verdade o que Hisashi disse naquela noite?
-O-o-o que ele d-disse? – Chiharu estava completamente envergonhado e ruborizado, sabendo do que se tratava.
-Que você me ama independente de minha condição financeira.
-H-her... – desviou o olhar.
-Não minta para mim, por favor. – Nowaki tocou o rosto do menor, fazendo o mesmo olhar em seus olhos.
-N-nowaki... – Chiharu sentiu-se frágil e intimidado diante daquela imensidão azul dos olhos do maior, que o fitavam intensamente. – E-eu... – engoliu seco.
-Me diga Chiharu, olhando nos meus olhos. – Chiharu por vez permaneceu pouco tempo calado.
-S-sim...

Queria desviar meu rosto, que queimava em rubor e vergonha. Aqueles olhos dele me intimidavam e me deixavam com a sensação de quem estava sendo dominado. Sentia-me tenso. Muito tenso. Ele, por vez, permaneceu olhando-me, não sabia se era ou não aquilo que ele queria ouvir de mim, mas sabia que o que ele queria era a verdade.
Nowaki fechou os olhos – estranhei – ele então me puxou fortemente contra o corpo dele, o que fez meu corpo estremecer. Iria chamar pelo nome dele, mas o mesmo ocupou meus lábios com os dele. Não foi nada brusco, invasivo e/ou intimidador; foi delicado, carinhoso, onde eu pude sentir os grandes lábios dele roçarem nos meus, que não eram nem da metade do tamanho dos dele. Eu havia conseguido o que queria, mas não estava feliz. Ele poderia estar num momento vulnerável, estando com seus sentimentos confusos ou algo do tipo, precisando de alguém para acolhê-lo, não para amar. Mas aqueles lábios quentes e aqueles fortes braços envolvendo-me era algo do qual não me deixavam resistir. Apertei a camisa de Nowaki e o mesmo segurou minha mão carinhosamente. Quando Nowaki afastou seus lábios dos meus ele tornou a olhar em meus olhos.

-Eu preciso de você, Chiharu.
-Nowaki... – Chiharu adquiriu o semblante triste –... Eu não quero que você precise de mim, eu quero que você me ame. – Nowaki surpreendeu-se.
-Chiharu... – cortado.
-Melhor esquecermos o que houve aqui, Nowaki, não quero que você se envolva comigo no intuito de esquecer-se de Hisashi. – Chiharu desfez-se dos braços de Nowaki, levantou-se e caminhou em direção ao quarto.

Não queria continuar ali na sala, pois não conseguiria fazer o que havia falado, acabaria cedendo a outro beijo de Nowaki. Ao entrar em meu quarto fechei a porta do mesmo, jogando-me em minha cama. Toquei meus lábios lembrando-me que há pouco foram os de Nowaki que haviam os tocado. Mordisquei o lábio inferior suspirando distraído. Não sabia que cara fazer ou como reagir ao vê-lo novamente, provável que daqui a algumas horas, mas enquanto essas horas não passam eu procuro acalmar-me... Impossível. Nowaki abriu a porta de meu quarto e recostou-se nesta, sentei na cama e olhei para ele um tanto surpreso.

-Não se preocupe, Chiharu – cruzou os braços – Quero te pedir desculpas por tê-lo beijado. Não quero ficar nessa situação com você, portanto, não se preocupe. Eu não vou tentar nada contra sua vontade.
-Nowaki... – cortado.
-Eu vou voltar a ser aquele Nowaki que você conheceu não se preocupe.

Nowaki não me olhava, olhava o tempo todo para o chão ou para o pé da cama, como se estivesse escondendo algo, lembrei-me de quando cheguei e ele estava mexendo em sua arma de plasma. Após terminar de dizer aquilo ele fechou a porta do quarto e voltou para a sala. Olhando bem, não parecia que ele estava triste por causa de Hisashi, na verdade não parecia que ele estava triste, parecia que algo o incomodava, o atrapalhava, mas o que poderia ser? Queria perguntar a ele, mas para o mesmo não me falar nada até agora, provavelmente não falará se eu insistir...
Nowaki, o que você está escondendo de mim?


Capítulo 09 - Redescobrindo o Amor.
Nota: Chiharu – itálico;
Nowaki – negrito;
Chiharu e Nowaki – itálico e negrito.

Nowaki havia me falado que iria voltar a ser o mesmo de antes e, no decorrer dos dias, pude notar que o mesmo tornou-se mais alegre, bobo, descontraído... Ele realmente estava voltando a ser o Nowaki que conhec. O Nowaki de sempre. Era domingo, estávamos ele e eu em casa assistindo TV juntos, na verdade só eu, pois ele havia pego no sono. Sua arma de plasma estava sobre a mesa e, de repente, a mesma começou a pisca e apitar, pensei que aquilo fosse explodir! Nowaki acordou num pulo, pegando rapidamente a arma, que começou a materializar algo que ele não deixou ser concluído, como se tivesse devolvido para a arma. Parecia ser uma carta, estranhei. Nowaki levantou-se, coçou os olhos e olhou para mim.

-Haru-kun!
-Hum?
-Vamos sair? – espreguiçou-se.
-Sair? Pra onde?
-Qualquer lugar, vamos dar uma volta. Quase nunca fazemos isso, sempre ficamos em casa, vamos aproveitar o domingo! – sugeriu.
-Ah, ok... – aceitou ligeiramente surpreso.

Saí com ele. A princípio não tínhamos rumo, mas ele resolveu ir para a praça, caminhar pela mesma enquanto tomávamos um sorvete. Dessa vez ele preferiu deixar sua arma em casa. Novamente estranhei. O passeio estava agradável, eram 16h05min e o sol estava fraco, a rua movimentada e várias barracas de comes e bebes estavam espalhados pela praça, o que animou ainda mais Nowaki, que passava por cada uma delas, comprando de tudo um pouco. Sem perceber eu sorria vendo-o voltar a ser o mesmo de antes, o que demonstrava que ele estava – ou já havia – se esquecido de Hisashi.
Estávamos os dois sentados num banco da praça, eu com um sorvete em mãos, Nowaki com dois e um de copinho ao seu lado no banco – realmente ele era uma criança em corpo de adulto. Nowaki não percebeu, mas estávamos sendo observados por um sujeito estranho. O mesmo nos observava de uma viela, o que me preocupava. Puxei Nowaki para caminharmos a outro local, no intuito de sairmos daquela praça, ele não entendeu e me questionou, mas nos fim veio junto comigo. O sujeito não nos seguiu. Poderia ter sido impressão – ou não, mas ter um pouco de cuidado e atenção nas ruas não era errado.

Não notamos a hora passando e, quando resolvermos dar atenção ao relógio, o mesmo marcava 22h30min. Chiharu precisava voltar para casa, pois trabalharia no dia seguinte, fora a faculdade... Pedi para que ele fizesse o trajeto que ele costuma fazer quando volta do trabalho para casa, prestando atenção em cada rua para, num dia de tédio, ir visitá-lo ou busca-lo no trabalho, quem sabe. Eu queria ficar um pouco mais na rua com Haru-kun, a noite estava agradável assim como a companhia, mas ele tinha suas responsabilidades e eu o admirava por cumpri-las. Já eu não comecei nem a fazer o que eu estava destinado a fazer nesta época: procurar Minha Noiva, o criminoso que conseguiu escapar usando o tempo como rota de fuga.  Eu já estava aqui nesta época há quase quatro meses e nem ao menos mandei um relatório sequer para o governo. Cogitei até a hipótese de já estar desempregado quando voltar.
Aquela época era agradável, atrasada, mas agradável, gostava de ficar ali naquele local, com aquelas pessoas. Resolvi deixar minha arma no apartamento de Chiharu desta vez, senti falta da mesma, mas seria bom, assim Chiharu não desconfiaria ainda mais caso esta me trouxesse outro recado do governo...

Passei a semana inteira naquela rotina: estudar, trabalhar, voltar para casa e divertir-me junto com Nowaki, seja em meu apartamento, seja no de Yoshinori-san, seja na rua. Ultimamente Nowaki quis sair mais vezes, o que era bom já que quase nunca fazíamos isso juntos... A semana passou-se e chegou quinta-feira, 21h00min, fiz hora extra para cobrir o dia em que sai mais cedo quando estava preocupado com Nowaki, isso iria contar ponto a favor com meu chefe. Estava voltando para casa e na rua viam-se apenas adultos. A praça em que Nowaki e eu visitamos ficava no meu trajeto do trabalho para casa, portanto, toda noite eu passava por ela para voltar ao meu apartamento. Caminhei tranquilamente, já estava na esquina de casa até que, de repente, senti uma mão cobrindo meu rosto com um algodão e algo úmido que de imediato me fez perder os sentidos e desmaiar. Quem era?

Estava em casa resolvendo uns problemas com relação ao meu trabalho que andaram surgindo, sabia que Chiharu iria chegar um pouco mais tarde, porém o relógio marcava 22h30min e nada dele. Com nossas saídas, rapidamente passei a conhecer melhor a região onde ele morava, portanto, não hesitei em pegar meu casaco – a noite estava fria – as chaves e partir após várias tentativas de ligar para o celular de Chiharu e este chamar, mas ninguém atender. Daquela vez em que Chiharu achou que eu tivesse sumido quando na verdade estava na casa de Yoshinori-kun, ele obrigou-me a ter um celular. No trajeto eu tentava ligar incessantemente para ele, mas nada. Eram 23h00min e a rua estava começando a esvaziar-se. Eu estava fazendo o trajeto que ele costuma fazer do trabalho para casa e havia me mostrado naquele dia em que saímos, porém fazia o trajeto em sentido contrário até que, numa das tentativas de ligar para Chiharu, um homem atendeu. Não sabia, mas Chiharu estava inconsciente. Estranhei a voz do outro lado da linha.

-Quem está falando?! – perguntou Nowaki.
-Você é aquele cara moreno que estava do lado daquele baixinho loirinho na praça? – perguntou uma voz rouca e desleixada.
-Quem é você?! – Nowaki começou a exaltar-se – Por que está com celular de Chiharu?
-Ei, ei. Calminho ai... – riu – Então o nome dele é Chiharu? Hum... Até que a pele dele é bem macia. – tocou o rosto de Chiharu, que por vez estava inconsciente.
-O que você fez com ele?!! – Nowaki perguntou preocupado e irritado.
-Por enquanto nada, mas melhor aproveitar logo antes que ele desperte...! – desligou o telefone sem esperar Nowaki responder, o mesmo tentou ligar de novo, mas o celular dava como desligado ou fora de área.
-Desgraçado! O que eu faço? – Nowaki tirou sua arma de plasma, ligando o bluetooth de seu celular. Em pouco tempo seu aparelho já estava conectado com a internet de sua arma e ele pode fazer um rastreamento completo de todas as ligações feitas e recebidas em seu celular, incluindo a última do celular de Chiharu.

Assim então consegui localizar com rapidez o endereço de onde o celular dele recebeu a última chamada, não era longe dali, era mais ou menos há dois quarteirões, porém a localização precisa era incerta, pois aquele local era repleto de becos e vielas que davam para vários galpões abandonados.

Enquanto Nowaki começou a procurar entre os galpões, o homem que me sequestrou despia-me e, enquanto o mesmo descia minha calça, eu despertei. A primeira coisa que percebi era que minhas mãos estavam imóveis, deduzi estar preso. Na verdade pensei estar em casa, pois minha visão estava turva. Eu podia ver um borrão preto parado em minha frente. Aos poucos minha visão voltou ao normal e eu pude ver um homem encapuzado, totalmente vestido, onde apenas o redor de suas pálpebras e seu pênis... PÊNIS (????!!!!) estavam para FORA! O QUE ESTAVA ACONTECENDO? DEFINITIVAMENTE AQUILO NÃO ERA MINHA CASA E AQUELE NÃO ERA NOWAKI!

-Q-quem é você? – Chiharu perguntou hesitante.
 -Você não precisa saber garotinho. – respondeu rindo enquanto descia a calça de Chiharu, o que fez o mesmo perceber que estava seminu na frente daquele desconhecido. Chiharu começou a debater-se incessantemente, aquilo deixou o maior mais excitado – Não sabe o quanto me excita ver você se debatendo e essa sua cara de desespero. Você tem um belo rosto, garoto – puxou um canivete e cortou superficialmente a bochecha do menor – Rosto este que eu adoraria mutilar depois de aproveitar-me deste pequeno e frágil corpo.

Arregalei os olhos. ONDE ESTAVA NOWAKI? Meu coração estava demasiadamente acelerado, parecendo mal caber em meu peito. A única coisa em que pensava – a única coisa em que conseguia pensar! – era no retardado do Nowaki. Era assim que minha vida iria terminar? Da forma mais humilhante possível? Não acredito... Comecei a gritar, em plenos pulmões, o nome de Nowaki, seu nome mesmo: Bunko. Pela primeira vez o chamei pelo nome, isso se deve ao fato daquele homem ter começado a beijar meu pescoço e a marcar meu corpo com aquele canivete. Ele apoderou-se brutalmente de meu pescoço, o mesmo doía com a tal força que ele usava num chupão que parecia não ter fim, senti algo quente descer daquela região. Deduzi ser sangue. Gritei desesperadamente pelo nome de Nowaki, mas sentia-me sem esperanças, pois não havia possibilidade dele saber que eu estava ali...

Procurei incessantemente pelos galpões, já havia até perdido a conta de quantos vasculhei e já estava bem distante do primeiro, porém, pude ouvir a voz de Chiharu bem longe. Naquele momento eu estaria sendo guiado pela minha audição. A voz de Chiharu tinha o tom de desespero, o que me deixou mais aflito e irritado pensando no que poderiam estar fazendo com ele naquele momento. Comecei a correr o mais rápido e silencioso possível, para que o som de meus passos não abafassem o da voz de Chiharu, que, pela primeira vez, chamava-me pelo nome. Algo terrível deveria estar acontecendo com ele para tal. O som tornou-se mais próximo o que aliviou um pouco meu coração, mas enquanto corria o som tornou-se distante novamente. Voltei ao ponto que julguei ser o mais alto da voz dele e não havia nada ali, a voz de Chiharu parecia vir... De cima? Resolvi arriscar: olhei para cima e vi uma escadaria que levava a um prédio de vários andares abandonado, corri até aquela escada e a subi o mais rápido possível e, chegando ao segundo andar, constatei que a voz de Chiharu estava mais nítida e alta. Era ali que ele estava, mas em qual andar?

Aquele maníaco então, cansado de marcar-me com seu canivete e sua boca imunda, puxou meus cabelos e deu-me um tapa na cara, mandando calar-me, o que não fiz. Ele então puxou um lenço do bolso e amordaçou-me, sorrindo ao perceber que aquilo havia adiantado para fazer-me parar de gritar o nome de Nowaki. Debati-me mais ainda, ele agora se posicionou entre minhas pernas e começou a descer a única peça de roupa que me sobrou no corpo: minha cueca. Ou seja, aquele homem pretendia agora estuprar-me. Desesperei-me, tentando conter o choro que teimava em querer mostrar-se presente. Meus olhos marejavam.

-Isso, chore! Assim torna-se mais excitante!

De repente parei de ouvir a voz de Chiharu, senti um aperto no coração e pensei logo no pior: Chiharu estava morto. Parei de subir as escadarias e procurei apurar minha audição para caso eu houvesse subido demais as escadas e o som da voz dele tornou-se inalcançável aos meus ouvidos quando, de repente, escutei a voz do homem que falou comigo no celular de Chiharu, um detalhe: a voz estava próxima demais de onde eu estava. Corri até a porta daquele andar e tentei abri-la, porém estava trancada. Num empurrão só consegui arromba-la com facilidade já que a mesma estava velha e enferrujada. Deparei-me com a seguinte cena: Chiharu praticamente nu, amarrado, amordaçado, com várias marcas de cortes e manchas roxas pelo corpo, sobre ele um homem vestido de preto, entre as pernas dele, como que estivesse prestes a penetrá-lo. Gritei da forma mais grave possível, impondo-me.

-CHIHARU! – Nowaki fitou o homem de preto com toda fúria possível, este devolveu o olhar assustado, assim como o menor abaixo dele, que começou a chorar aliviado ao ver Nowaki na porta daquele local. Os punhos do maior estavam fortemente cerrados ao ponto de um filete de sangue sair de suas mãos. Os músculos de seus braços estavam enrijecidos e a respiração de Nowaki forte.

Nunca havia visto Nowaki assim na vida, ele estava muito mais irritado do que da vez em que quase matou Hisashi. O homem sobre mim olhou para Nowaki espantado. Ele, que estava na porta, começou a correr em nossa direção, mas aquele estranho pensou rápido e colocou o canivete em minha garganta, provocando um leve corte.

-NÃO CHEGUE PERTO OU ELE MORRE! – ameaçou de maneira hesitante por conta da tamanha fúria de Nowaki.

Nowaki pareceu não levar fé nas palavras daquele cara, mas eu levei, afinal, ele já havia me cortado quase que por inteiro com aquele canivete. Doía. Ele aumentou a velocidade de sua corrida e jogou o homem de preto no chão, fazendo-o cair próximo de mim. Nowaki deu um forte soco no rosto dele, seguido de outro no estômago. A expressão no rosto de Nowaki fazia o medo me consumir por dentro. Aquele homem começou a implorar para que Nowaki parasse, mas o mesmo parecia surdo naquele momento e socava o outro sem parar. Eu queria gritar novamente o nome dele no intuito de fazê-lo parar, porém estava amordaçado, consegui apenas gemer e nada mais. Comecei a contorcer-me e a emitir sons no intuito de chamar a atenção de Nowaki, o que só deu certo depois de algum tempo.

Estava cego com aquela cena que havia presenciado há pouco. Podia ouvir aquele homem de preto implorar para parar, mas aquilo não seria o suficiente para que eu o fizesse, estava consumido pelo ódio e foram os sons que Chiharu emitiu que me fez perceber que precisava ajudá-lo. Larguei aquele estranho no chão, o mesmo aparentava estar inconsciente. Fui até Chiharu e o mesmo chorava sem parar, retirei a amordaça de sua boca, que gerou pequenos ferimentos sobre os lábios dele devido à força como aquilo havia sido amarrado e logo em seguida o desamarrei, assim que fiz isso Chiharu abraçou-me forte e desesperadamente, apertando minha camisa enquanto soluçava nervoso.

-Nowaki, Nowaki! – Chiharu apertou a blusa do maior enquanto que o mesmo procurou aconchega-lo e acalma-lo em seus braços. – Bunko... Bunko...!
-Calma, calma. Eu estou aqui, acabou... – Nowaki analisou espantado o corpo todo marcado do menor.

Senti um grande alívio ao saber que agora estava nos braços de Nowaki, não daquele outro. Nowaki subiu a última peça de roupa em meu corpo que foi descida pela metade, ajudando-me a me vestir, pois meu corpo doía devido ao que aquele estranho havia feito. Eu tremia. Nowaki tirou seu casaco e me cobriu, carregando-me de volta para casa em seu colo. Eu por vez mantinha-me encolhido e com a cabeça encostada no peito dele, soluçando sem parar enquanto que ele olhava para frente tendo o semblante sério, aparentando ainda estar com ódio por não ter batido o suficiente naquele estranho.
Ao chegar a casa já eram 04h47min. Nowaki levou-me para o banheiro e colocou-me de pé, mantendo suas mãos em meus ombros.

-Chiharu, ele fez alguma coisa com você? – perguntou Nowaki preocupado. Chiharu o abraçou.
-Não chegou a fazer Nowaki, mas foi horrível, foi nojento aqueles lábios sobre o meu corpo, eu me sinto sujo, meu corpo todo está cortado e marcado por ele, essa sensação é horrível! – Nowaki afagou os cabelos do menor.
-Melhor você tomar um banho agora.
-Nowaki...
-Hum? – fitou o menor.
-Por favor, você se incomodaria em tomar banho comigo? Eu não quero me separar de você agora, por favor... – fitou o chão envergonhado.
-Tudo bem, Chiharu... – respondeu surpreso – Vamos usar o chuveiro, vai ser melhor.

No banheiro havia tanto o chuveiro quanto a banheira. A princípio pensava apenas em ficar abraçado a Nowaki, mas depois fiquei envergonhado ao pensar que, para tomar banho com ele, o mesmo precisaria TIRAR sua roupa e eu a minha. Nowaki ligou o chuveiro, deixando este no morno e, enquanto o chuveiro ajustava a temperatura, ele começou a despir-se, começando pela blusa. Virei de costas, não queria o ver tirando suas roupas, apenas comecei a tirar as minhas e, ao terminar, Nowaki colocou as mãos sobre meus ombros, o que fez meu corpo arrepiar-se ao imaginar que ele estaria nu atrás de mim.

-Seu corpo está doendo muito, Haru-kun? – perguntou com voz calma e suave.
-A-ah... Não precisa importar-se com isso, Nowaki... – deu meia volta no maior, parando embaixo do chuveiro, evitando vê-lo nu.

Sinceramente não entendi o pedido de Chiharu. Se ele tinha vergonha de me ver sem roupas, porque então me pediu para tomar banho com ele? De qualquer forma eu o segui para debaixo do chuveiro e fechei o Box atrás de mim. Chiharu olhou para o meu rosto, focando-se apenas neste. Eu, por vez, aproximei-me dele, que estava debaixo d’água, deixando a mesma cair sobre meu corpo também. Fiquei ali parado por um tempo, com os olhos fechados até sentir os finos braços de Chiharu sobre meu peito, quando abri os olhos, o mesmo estava aconchegando-se naquela região, mantendo uma distância de nossas intimidades. Envolvi forte e acolhedoramente meus braços na cintura de Chiharu, curvando meu corpo de modo que minha cabeça ficasse ao lado da dele. Segurei suas duas mãos e as levei até meus lábios, beijando estas, em seguida, as conduzi para meus ombros, onde Chiharu os envolveu enquanto era recebido com carícias minhas em suas costas e nuca. Não eram carícias com segundas intenções, naquele momento não poderia pensar nisso, eram carícias ternas, no intuito de deixá-lo confortável, sentindo-se bem.

Sentia meu corpo todo doer, a água morna batia sobre os cortes espalhados em meu corpo e faziam estes arderem. Nowaki me abraçou e acariciou-me, o que me fazia esquecer os incômodos cortes. Queria ficar ali para sempre, era bom ficar nos braços dele, eram quentes, fortes, ternos... Suspirei, mesmo que inconscientemente, mas suspirei. Nowaki então colocou uma de suas mãos em meu ombro enquanto que com a outra ele despejava shampoo em meu cabelo, tirando-me debaixo d’água. Ele começou a esfregar meus cabelos, fazendo espuma o suficiente para cobri-los. O vi afastar-se um pouco e colocar a mão no queixo, como se estivesse analisando.

-Hum, agora você ficou realmente parecido com um velho!
-Cale-se, seu retardado! – tirou um pouco da espuma na cabeça e jogou esta no maior.
-Ei! Eu não estou armado! – Chiharu riu, Nowaki pegou o chuveirinho e mirou no rosto do menor – Pense rápido! – atirou um jato d’água.
-Ei, isso não vale!

Peguei uma daquelas escovas que se usa para esfregar as costas e bati a mesma no braço de Nowaki, que por vez fez um dramalhão dizendo que havia quebrado o braço, tudo para me fazer rir. Só ele conseguiria aquilo. Em pouco tempo a maioria dos utensílios de banho estavam no chão por um ter jogado no outro.

Não sei ao certo quanto tempo ficamos debaixo do chuveiro, mas sei que foi bastante, pois o chuveiro chegou a queimar e assim caiu-se, de uma vez só, a água gelada sobre nós, o que nos fez desligar o chuveiro tremendo de frio. Coloquei a mão para fora do box e peguei dois roupões, entregando um a Chiharu. O mesmo pegou o seu e deu um passo para trás sem ver que ali estava o sabonete, entre muitas outras coisas, no chão. Ele escorregou e, em meu reflexo, eu o puxei pelo punho, colando o corpo do mesmo no meu.

Ele já estava com seu roupão, porém o mesmo não estava fechado, pois ele foi socorrer-me já que eu estava caindo, já eu ainda estava nu, com o roupão numa de minhas mãos onde o pulso desta estava sendo segurado pela mão de Nowaki e seu braço trazendo e apertando-me contra o corpo dele – por completo. Quase gemi. Estava completamente vermelho, com minha cabeça e mão encostadas no peito dele, pude escutar seu coração acelerado, o meu também estava.

-N-nowaki...
-Você está bem? Eu não o puxei com muita força, né? – perguntou Nowaki soltando o menor.
-N-não... Obrigado.

Afastei-me e vesti rapidamente o roupão, depois sai do box. Não queria que ele percebesse, mas o jeito que Nowaki puxou-me havia me deixado excitado. Nowaki saiu do box com seu roupão devidamente vestido. Vir-me-ei na direção dele e o mesmo estava com os olhos fechados, levando sua mão destra aos cabelos, dos quais ele os jogou para trás e assim mantiveram-se devido à água. Arregalei um pouco os olhos, Nowaki com o cabelo daquele jeito realmente parecia ter a mentalidade de um adulto! Não só de adulto, mas ele também ficava com a aparência mais sexy, her... Séria, eu quis dizer daquele jeito.

-O que foi? – indagou Nowaki.
-Eh? Ah, nada não... É que eu nunca te vi assim, com o cabelo desse jeito. Você parece ser um daqueles empresários sérios com o cabelo assim, arrumadinho. – Nowaki riu saindo do banheiro.
-Melhor do que ser um retardado! – brincou.

Saí do banheiro e fui para meu quarto, há um tempo eu voltei a dormir sozinho. Chiharu foi para o seu e assim ambos vestiram suas roupas, ele saiu primeiro, eu não conseguia achar minhas roupas em meio a minha própria bagunça. Quando terminei de me vestir, fui para a sala e ele estava lá sentado no sofá, sem camisa e fazendo alguns curativos nos cortes que sofreu. Fui até a sala e sentei-me no sofá ao lado, perguntando se ele queria ajuda minha. Haru-kun aceitou, mas para os curativos das costas, resolvi assistir TV, esperando que ele terminasse e me chamasse para ajudá-lo; o que ele fez um tempo depois. Levantei do sofá que estava e sentei no outro ao lado dele, pedindo para que virasse de costas para mim, o mesmo o fez.
O tempo passou e eu já estava apenas fazendo curativos nos cortes mais profundos, como ele pediu. Ao terminar, olhei para o lado esquerdo do pescoço dele e lá estava formada uma gigantesca mancha roxa, marca de um bruto chupão. Toquei suavemente aquela região e Chiharu afastou o corpo de modo que minha mão não tocasse mais.

-Dói? – perguntou sério
-Ah, só um pouco, nada demais... – deu um meio sorriso na tentativa de fazer o maior não dar tanta importância para aquilo.

Pela voz de Nowaki pude constatar que ele estava sério, tentei descontraí-lo fingindo que aquilo não era nada demais, ele abraçou-me por trás. Nowaki deveria parar de fazer isso, pois, a cada toque dele, sinto-me mais próximo de não resistir à tentação. Queria distância dele, mas ao mesmo tempo queria ficar perto daquele homem retardado.
A princípio pensei que ele apenas fosse abraçar-me, mas ele recostou-se no sofá, me trazendo junto, de modo que eu ficasse confortavelmente deitado sobre ele. Nowaki era atencioso demais e aquilo parecia me fazer apaixonar mais por ele, pois já estava ao ponto de pensar nele e suspirar lentamente. Enquanto fiquei extasiado confortando-me naqueles quentes e macios músculos, fechei os olhos e não pude evitar um pequeno sorriso, que Nowaki percebeu. Ele então tocou novamente a mancha roxa em meu pescoço, desta vez usando seus lábios. Não doeu como foi com o toque da mão dele, mas senti meu corpo todo arrepiar e esquentar-se. Ele TINHA que parar de fazer aquilo que, por mais inocente que fosse, atiçava-me E MUITO! Nowaki poderia ser um homem extremamente pervertido, depravado e louco por sexo; mas isso acontecia apenas quando o atiçavam, eu podia ver quando Hisashi fazia isso com ele, fora isso ele era apenas uma pessoa romântica e carinhosa, nada mais... Pensei em levantar, mas Nowaki pareceu ler meus pensamentos e envolveu seus braços sobre os meus, deixando suas mãos encontrarem-se em meu peito, pude ouvir a voz suave dele ao pé de meu ouvido.

-Fiquei muito preocupado com você.
-Me desculpe, eu já estava na esquina de casa e de repente aquele homem abafou minha respiração com um líquido que me fez desmaiar.
-Não sabe a raiva, o ódio que senti quando vi aquele cara sobre você, naquele momento senti que poderia facilmente mata-lo.
-Não diga isso, Nowaki! – o fitou surpreso.
-Você tornou-se muito importante para mim Chiharu, enquanto não o encontrava e apenas o escutava gritar meu nome, senti o desespero e o medo de te perder me consumir por completo. – Nowaki olhou sério para o menor, que por vez desviou o olhar tendo o rosto vermelho.
-N-nowaki... – cortado.
-Você não vai sair hoje. – já eram 06h00min, eles passaram a noite em claro.
-O QUÊ? – olhou para o maior, que permanecia sério.
-Você não está em condições de sair, está com o corpo todo machucado e doendo. Você não vai sair hoje e não me desobedeça! – apertou a bochecha do menor.
-Eu vou sair e você não vai me impedir! – fez bico.
-Não vou é? – Nowaki apresentou um estranho sorriso nos lábios, o que fez Chiharu sentir calafrios.
-O-o que pretende Nowaki? – engoliu seco.
-Tente sair hoje e verá! – sorriu.

Eu podia ver claramente uma cauda e chifres de demônio em Nowaki. Eu queria estudar e trabalhar naquele dia, mas ele parecia estar tramando algo para mim caso eu resolvesse sair de casa. Estou com medo! Pensei novamente em sair dos braços dele, mas no fundo eu não queria. Sentia-me muito bem ali...

Talvez pelo fato de desta vez eu estar amando... E sendo amado.

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