Sinopse:
O que poderia ter demais num estudante universitário de 19 anos morar sozinho na grande cidade de Tóquio? Absolutamente nada, é o que eu penso...
Mas porque comigo não foi bem assim? Isso é o que me pergunto desde o dia em que conheci o retardado que atualmente mora comigo e diz vir do futuro. Nada contra crianças imaginarem, mas sim contra adultos, isso se ele for um!
Capítulo 01 - Batatinha premiada.
Julho
Muito prazer, sou Atsushi Chiharu, ou simplesmente Haru, como sou chamado pelos meus amigos. Moro sozinho desde que entrei para a faculdade no começo do ano. Tenho 19 anos, cabelos loiros bem claros e curtos, olhos castanho-escuros e 1,63cm de altura. Atual e infelizmente estou desempregado e vivendo da mesada dos meus pais que são de outra cidade bem distante desta que resolvi viver... Como moro de aluguel e meus pais não possuem muito dinheiro, no fim do mês só me sobra o dinheiro para pagar o apartamento e a faculdade, ou seja, quase sempre passo fome.
Em contrapartida eu tenho um ótimo vizinho – moro no 3º andar do apartamento, aliás –, que se chama Yoshinori Takeshi, ele é determinado com relação aos seus objetivos, porém não é muito de brincadeiras e risadas como eu, mas até que tem bastante paciência comigo. É ele quem muitas vezes tira a minha barriga da miséria me convidando para comer com em seu apartamento, eu devo muitos favores a ele e espero um dia poder acertá-los.
Por morar sozinho, escolhi um apartamento não muito grande, que abrigasse no máximo duas pessoas e pudesse atender minhas necessidades sem pesar muito no bolso. O mesmo possui uma sala, cozinha, banheiro e dois quartos, já vem mobiliada, além de ter uma pequena varanda com vista para a parte mais rica da cidade de Tóquio. É meio longe de onde moro, mas ao menos posso vê-la, não?
Um dia desses eu estava voltando para casa após a manhã na faculdade de engenharia e a tarde nas ruas procurando um emprego. Estava cansado, com fome, querendo chegar a casa para comer e tomar banho, mas ao chegar nesta lembrei-me que a geladeira é apenas grande enfeite na cozinha, já que a mesma vive cheia de água e ar... Pensei em bater no apartamento de Yoshinori-san, mas essa semana eu já o havia importunado demais para manter uma política de boa vizinhança e o que mais detesto é abusar da boa vontade das pessoas, outra seria atrapalhá-las o que, no caso, estaria fazendo dos dois. Olhei na minha carteira e nesta continha apenas dinheiro suficiente para um pequeno lanche. Estava ótimo desde que matasse a fome. Saí.
No relógio da cidade marcavam 20h05min, ainda estava cedo para se dormir, porém eu quase não aguentava-me em pé. Caminhei até o mercadinho mais próximo do bairro e, por naturalmente caminhar rápido, cheguei ao meu destino em pouco tempo. Ao entrar no pequeno mercado tracei um caminho até os produtos perecíveis mais baratos. Deprimente...
Pensei em comprar algo doce para comer, estava olhando um biscoito de morango recheado, mas já estava com a latinha de coca na mão e um tiraria o sabor do outro, olhei para o lado direito e avistei vários pacotes de rufles. Peguei um. Fui até o caixa e, enquanto o funcionário passava o que comprei eu retirava o dinheiro da carteira já ansioso para comer. Entreguei-lhe o dinheiro e peguei o que comprei com as mãos mesmo, recusei sacolas ou algo do tipo, assim que saí do mercadinho abri tanto a coca quanto o ruffles e caminhei até a praça ao lado, a mesma estava bem iluminada e com várias crianças ali, não vi perigo algum em respirar um pouco de ar puro enquanto comia tranquilamente.
Não me dei conta do tempo, mas sei que demorei a comer. As crianças já estavam saindo e a praça começava a ser tomada por adultos. Olhei no meu relógio de pulso e neste marcavam 21h30min, minha ruffles já estava no fim, tinham apenas duas no pacote, enquanto que minha coca já havia acabado. Peguei uma batata e coloquei na boca enquanto retirava à última e jogava o pacote no lixo, não percebi, mas aquela última batata em minha mão tinha um dispositivo, não que fosse pequeno, mas por falta de atenção mesmo, afinal, quem iria analisar uma batata antes de comê-la?
Pois bem, já estava voltando para casa depois de comer. Coloquei pela metade a última batata na boca e, ao quebra-la ao meio com os dentes, a mesma começou a brilhar. A princípio, pensei que fosse algo novo da marca para atrair compradores, mas aquele brilho começava a esquentar meus lábios, o que me fez afastar a outra metade que segurava da boca, vendo melhor que a batata brilhava demais para ser algo a se vender mais pela novidade. Tive que deixar a batata cair, pois a mesma passou a esquentar meus dedos também e, ao soltar tomei um gigantesco susto ao ver um homem nu materializar-se em minha frente. Céus!
Pensei em gritar e sair correndo, mas ele adiantou-se e apontou algo parecido com uma pistola d’água para mim.
-QUIETO PRIMITIVO! Diga-me: em que ano estamos?
-Hã?
-Céus! Ele não fala minha língua! PRECISO APAGAR A MEMÓRIA DELE!
-NÃO! EU ENTENDI O QUE VOCÊ DISSE! EU ENTENDI!
-Ah, que bom. Então, em que ano estamos? – sorriu.
-Hã?
-Você é retardado?
-N-não é que... – olhou para o membro do outro e ruborizou.
-“É que” o quê? – acompanhou o olhar dele – Hã... APAGAR MEMÓRIAS!
-NÃO! Espere... Por que eu ainda acredito no que você diz? – revirou os olhos.
-Porque eu sou do futuro, besta.
-Do futuro besta? O que é isso?
-Argh, tem certeza que você não é retardado? Pode falar se abre, eu prometo que não conto pra ninguém... – abaixou a arma.
-Sua mãe não te ensinou que andar pelado por ai e com uma pistola d’água é deseducado, moço?
-Ah, ensinou sim, mas eu gosto de ser livre... VOCÊ ACHA QUE EU ESTOU ASSIM PORQUE QUERO? Besta... – bufou.
-Escandaloso, eu vou embora – deu meia volta.
-Não! Espere! Eu preciso de sua ajuda primitiva!
-Como eu vou saber quem é você? – arqueou a sobrancelha.
-Hum... Se eu te provar que vim do futuro você me ajuda?
-Ajudo... Acho... – respondeu ligeiramente curioso e vacilante.
-Ok, feche os olhos.
-Eu não, você está pelado!
-Não sabia que era pervertido também – cruzou os braços.
-NÃO É ISSO! – fechou os olhos tendo as maçãs do rosto ruborizadas – Pronto, e agora?
-Nada, pode abrir, queria ver se você era obediente – sorriu.
-Aff, idiota. Estou indo...
-Tá bom, tá bom! Está vendo isso? – mostrou a arma que carregava – É uma arma de plasma.
-Pra mim parece uma pistolinha d’água. – respondeu desacreditado.
-Pois bem, a primeira arma de plasma só foi criada com sucesso e comercializada como arma qualquer depois do século XXII, ela tem capacidade de tornar tudo em pó ou algo gosmento que eu não sei o nome, mas chamo de catarro.
-Eca! Prove!
-Eu não! Deve ser nojento, prove você!
-Aff, digo para você me mostrar se sua arma faz isso mesmo, se ela fizer te levo para casa e vejo como posso te ajudar...
-Olha lá, hein, eu sou um menino indefeso!
-Você parece ter o dobro do meu tamanho, e o triplo de músculos, retardado - revirou os olhos.
-Obrigado! - apontou a arma de plasma para um morcego que estava pendurado num galho de árvore próximo de onde eles estavam disparando contra o mesmo e o transformando em pó logo em seguida.
-Nossa! Incrível! – exclamou surpreso.
-Animal primitivo, me perdoe... – choramingou em cima do pó.
-Era apenas um morcego – revirou os olhos.
-Eu poderia ter mudado a história toda!
-Por causa de um morcego?
-Insensível. Humpf!
-Aff, vamos logo para a minha casa. Você me convenceu...
-Ah, vamos sim – sorriu.
-Espere, você vai andar assim pela rua?
-Por quê? Não está na moda?
-Eu mereço... – bateu na própria na testa – Vamos por um caminho mais vazio, eu não tenho nada aqui para te vestir já que minhas roupas parecem de boneca perto de você.
-Você usa roupas de boneca? – indagou surpreso.
-Não é que... – cortado.
-Você é doente!
-E você é retardado! Parece mais que veio do passado, não do futuro! – respondeu irritado.
-Está com inveja, né? – se gabou.
-AHHH!
-O que foi? Se machucou? – perguntou preocupado.
-Me deixe quieto!
-Ok, ok...
E assim seguiu nossa caminhada, que fora alongada por conta do trajeto menos movimentado para chegar a minha casa, ele não se manifestou após o meu pedido para que ficasse quieto, mas olhava para todos os cantos com um sorriso besta nos lábios e uma cara de quem queria fazer várias perguntas sobre as coisas que via na rua. Quando finalmente chegamos ao meu apartamento, o fiz subir pelas escadas de emergência, sempre olhando o local caso alguém aparecesse, não queria ser taxado de homossexual tarado pelo apartamento todo, seria humilhante... Mas é inevitável alguém não ver, porém fora apenas uma velhinha, ninguém iria acreditar nela se eu combinasse com aquele retardado de dizer que era mentira caso ela nos acusasse. O fiz entrar o mais rápido possível em meu apartamento e logo corri para o armário do banheiro pegar uma toalha para o mesmo cobrir-se, após isso fui procurar algo dentro do meu armário que chegasse perto de caber nele, mas tudo era pequeno demais para o mesmo...
-Ei, quanto você mede?
-1,92m. Por quê? – sentou-se no sofá.
-Céus! Não tenho nada meu que chegue perto de caber em você! - lembrou-se do vizinho que também era alto, mas não tanto quanto o homem a sua frente, mas o primeiro era sua única esperança – Fique aqui, eu vou ver se consigo alguma roupa para você!
Corri para fora do apartamento e bati na porta de Yoshinori-san, que me atendeu pouco tempo depois.
-Chiharu-kun? O que houve? – perguntou o maior fitando o semblante cansado do menor.
-Ah, nada demais, Yoshinori-san. Eu sei que abuso de sua bondade, mas será que você não tem nenhuma roupa sua sobrando para me emprestar? Eu prometo devolve-la impecavelmente!
-Uma roupa minha? Não acha que ela ficaria grande em você?
Yoshinori-san me fitava de forma curiosa e, sem percebermos, aquele retardado que se dizia do futuro nos observava com parte do corpo para fora do apartamento, o suficiente para meu vizinho perceber que ele estava nu. Yoshinori-san é sempre muito atento às coisas e fora o primeiro a sentir estar sendo observado, olhando na direção que ele sentia estar sendo vigiado. Na hora não entendi o porquê dele ter tomado um semblante surpreso, mas quando olhei para onde ele estava olhando senti-me extremamente envergonhado ao ver aquele idiota acenando para nós dois. De imediato corri para a porta de meu apartamento, empurrando-o para dentro do mesmo.
-Eu falei pra você esperar! – fechou a porta do apartamento e retornou para a do vizinho – M-me perdoe Yoshinori-san! – desculpou-se encabulado.
-A-ah, tudo bem, você poderia ter me falado para quem era antes, Chiharu...
-N-não é nada disso que você está pensando! Ele é um primo! Primo que perdeu sua bagagem no aeroporto e foi assaltado, levaram até as roupas dele, coitado!
-Sim, claro... Espere um segundo, eu vou pegar uma roupa para o seu “primo”. – deixou a porta entreaberta onde o menor permaneceu esperando do lado de fora.
-Por que eu acho que a desculpa do primo não deu certo...? – o rapaz cochichou para si enquanto mantinha um sorriso nervoso nos lábios. Em poucos minutos seu vizinho retornou com algumas roupas dentro de um saco plástico. – Yoshinori-san, são muitas roupas! Uma apenas já basta!
-Não tem muitas roupas aqui, apenas duas ou três camisas e calças, eu não as uso mais, ele pode ficar com elas.
-De jeito nenhum! Eu vou devolvê-las! Pode ter certeza!
-Melhor ele ficar com elas ou as mesmas voltarão a serem inutilizadas e esquecidas.
-Hãn... Está bem, está bem... Coloque isso na lista de favores que eu estou te devendo, Yoshinori-san! Agora eu tenho que ir, nos vemos amanhã. Obrigado, boa noite e desculpe incomodar!
-Boa noite, Chiharu.
Após tal cena constrangedora, entrei em casa esperando que ele estivesse quieto no sofá ou algo do tipo. Pensamento errôneo. Na verdade estava ele mexendo nas peças da MINHA TV que ele fizera questão de abrir, arrancar e JOGAR todas as peças pela sala.
-AHHH! VOCÊ É LOUCO!?? – puxou o cabelo do maior na tentativa de pará-lo. – MINHA TV!
-AI, AI, AI! SEU MACACO! EU NÃO TENHO PIOLHO!
-NEM CÉREBRO! EU VOU TE MATAR! Minha TV... – choramingou em cima das peças.
-Era apenas uma TV – revirou os olhos.
-Eu poderia ter mudado a história toda!
-Por causa de uma TV?
-Insensível. Humpf!
-Ai eu choro por um pó de mamífero primitivo e isso não muda a história!
-FIQUE QUIETO! Você destruiu minha TV! – exclamou irritado.
-Eu compro outra, escandaloso! – revirou os olhos.
-Com que dinheiro? POSSO SABER?!
-Eu sou rico. – desdenhou.
-Então porque veio parar aqui sem roupas!?
-Porque minha roupa deve ter ido parar em outro tempo, pode ser no futuro, pode ser no passado... A única coisa que ficou foi essa arma de plasma com internet, legal, né? – sorriu.
-Ah, que legal, tem internet, olha...! – fechou a cara – Não mude de assunto! EU VOU TE MATAR! – avançou em cima do maior.
-NÃO SE APROXIME PRIMITIVO! – apontou a arma de plasma para Chiharu – Eu não tenho medo de usar isso! – as portas da varanda estavam abertas e uma brisa fez as cortinas balançarem e tocarem as costas do maior – CÉUS, ELE TEM REFORÇOS! Ok, ok... Eu me rendo, eu me rendo... Estou abaixando a arma, só abaixando a arma...
-... – revirou os olhos.
-Não faça nada comigo... AHHH! – virou-se na direção da cortina e disparou contra a parede, causando um gigantesco buraco na mesma.
-MINHA PAREDE!!! – correu até a varanda, vendo o pó da parede ser levado junto ao vento – Minha parede... – choramingou.
-Eu compro outra! – respondeu sorridente.
Enfim, desde esta noite aquele retardado brutamontes passou a morar comigo e ao mesmo tempo a destruir minha casa, sem nem ao menos saber o nome dele e nem de onde o mesmo realmente veio. Em uma noite aquele retardado entrou como um furacão na minha casa e na minha vida.
Capítulo 02 - Dinossauro do futuro.
OI, PRIMITIVO! VOCÊ NÃO ME CONHECE, EU VIM DO FUTURO!
Aquele neanderthal me chama de idiota e retardado, mas eu tenho nome!
Muito prazer, me chamo Nobuyuki Bunko, mais conhecido como Nowaki. Meus amigos me chamam assim, dizem ser o apelido ideal para mim, vou explicar: NO-BU-YU-KI significa FE-LI-CI-DA-DE e BUN-KO significa IN-FAN-TIL – rabiscou as sílabas num papel – agora NO-WA-KI significa FU-RA-CÃO, entendeu agora? – sorriu.
Pois bem, eu vim do futuro, mais precisamente do fim do século XXII com uma missão de procurar e prender um criminoso que conseguiu usar a máquina do tempo para fugir. Na verdade, não sou só eu quem viajou no tempo, mas toda a minha equipe, para ser mais exato. Eu trabalho numa espécie de “delegacia particular”, onde o governo paga a agência em que eu e muitas outras pessoas trabalham para poder resolver crimes diversos que a “delegacia pública” não consegue por falta de recursos e por serem mais atrasados, por isso eu sou rico, pois cada serviço bem sucedido é uma boa quantia em dinheiro. Eu já fui considerado rico na minha segunda missão bem sucedida, isso há 7 anos atrás, agora já até perdi a conta de quantas missões já cumpri.
Agora que eu já falei no que trabalho, vou falar um pouco de mim para encher linguiça: tenho 25 anos; 1,92m, cabelos curtos e negros além de olhos azul-marinho.
De onde eu venho à internet ainda é o principal meio para se conseguir saber do mundo, afinal, a mesma desenvolvera-se de maneira incrível e surpreendente no decorrer das décadas, chegando ao ponto das pessoas serem materializadas para dentro do mundo independente da internet com a aparência que bem entenderem, quem faz isso é chamado de fake. Eu tenho um e foi assim que conheci minha namorada fake e me apaixonei pela pessoa por trás do personagem, que mais tarde descobri ser um homem e que também estava apaixonado por mim, mas não sou preconceituoso... Já faz dois anos que namoro com ele, já nos encontramos e moramos juntos, até!
Mas os detalhes ficam à parte, eu posso ser um pouco animado, mas me senti deprimido ao saber que iria parar em outra época, longe da pessoa que amo e dos meus amigos.
Também me senti um pouco tenso por não saber em que época pararia e como as pessoas seriam. Minha arma de plasma é multiuso para mim, é com ela que eu posso ter uma defesa rápida e eficiente e ao mesmo tempo usar a internet da época em que eu realmente vivo, portanto, eu permaneço estabelecendo contato com todos que ficaram no século XXII, mas os que foram para outras épocas é impossível manter contato, pois eu não faço a mínima ideia de onde eles foram parar, contudo penso que quando isso tudo acabar eu e meus amigos voltaremos para casa, comemoraremos e eu pararei de incomodar o primitivo que me cedeu sua caverna!
-Então, como fiquei? – Nowaki apareceu na sala de banho tomado, trajando as roupas que Yoshinori havia dado a ele.
-Ficaram um pouco curtas, mas depois eu vejo se arrumo outras melhores.
-Eu já disse que sou rico! – sentou-se de frente para o rapaz, iniciando-se assim um silêncio na sala.
-Ei. – retrucou Chiharu – Já que estou sem metade de uma parede e sem TV, vamos aproveitar o tempo para trocarmos informações...
-Vamos! Meu tio tem hemorróidas! – animou-se.
-Não esse tipo de informações! – exclamou irritado.
-Que tipo então?
-Sobre nós dois. Vamos, me diga seu nome, idade e essas coisas, entendeu agora?
-Ah, sim. Chamo-me Nobuyuki Bunko, mas pode me chamar de Nowaki, tenho 25 anos e nasci em Matsumoto.
-Por que Nowaki? É tão diferente do seu nome.
-Também não sei, foi apelido dado pelos meus amigos, significa “furacão”.
Pens. Chiharu: -Ah, agora entendi – gota.
-E qual seu nome?
-Chamo-me Atsushi Chiharu, tenho 19 anos e nasci no interior.
-Mora sozinho?
-É o que aparenta. Você não?
-Não. Moro com meu namorado.
-Ah, sim... NAMORADO? – indagou surpreso.
-É. O conheci pela internet. – respondeu calmamente.
-Não sabia que você preferia homens. – surpreso.
-Nem eu, o caso é que nos conhecemos por fakes e o dele é de uma mulher. Depois que eu me apaixonei pela pessoa atrás do fake que descobri que “ela” na verdade era “ele”.
-Ahn... Trabalha? – mudou de assunto.
-Sim, sim...
E assim seguiu-se a noite, um conhecendo o outro. Bom, pelo menos ele parou de me chamar de retardado com tanta frequência! No fim um sabia um pouco do outro também. Gostos, desgostos, o que ama, o que odeia... Que legaaal!
No fim fizemos um acordo: ele me mostrava melhor à época que vivia e eu lhe pagava pela hospedagem e informações, assim um ajudaria o outro até minha missão acabar e o dia de minha partida chegar.
-Ei... Tecnicamente... Você é mais de cem anos mais velho que eu.
-Francamente, você pensa nisso, Nowaki? – revirou os olhos.
-Ah, tudo bem que você prefira esconder sua idade, os velhos também procuram fazer isso o máximo possível. – sorriuprovocando-o.
-Já disse que você é irritante? – bufou.
-Acho que já, você já me chamou de tantas coisas... – deitou no sofá.
-Hum... O que tem demais no futuro?
-Carros que voam...
-Sério? Ah, mas isso seria o próximo passo da humanidade... O que mais tem?
-Motos que voam...
-E o que mais?
-Ônibus que voam...
-Aham...
-AH! Eu já disse que tem carros que voam!? – perguntou animado.
-Já... – respondeu impaciente.
-Ah... – desanimou-se.
-No futuro só tem um mundo independente para a internet e carros que voam? Você não acha que nas atuais condições humanas isso seria o mais previsível? – indagou impaciente.
-Sim, mas eu não posso falar muito do futuro ou eu posso acabar alterando a história do mesmo, não seria legal...
-Então deve ter muitas coisas legais no futuro, me conte! – choramingou.
-Não.
-Por favor! – insistiu.
-Não.
-Nem um pouquinho?
-Vamos comprar uma TV? – levantou-se mudando de assunto.
-Vamos! Espere... Agora?
-Não, ano que vem! – respondeu sarcástico.
-Aff... – levantou-se também.
Nossa, é tão legal visitar uma loja de móveis antigos, me senti dentro de um museu conservado que tinha como nome “Casas Bahia”.
Comprei a maior e mais cara TV à vista, o que assustou tanto Haru quanto o vendedor do museu. Como não havia possibilidade de carregarmos isso numa bicicleta, deixamos para o caminhão entregar... TV! TV! TV!
-Precisamos visitar mais museus! Nunca pensei que fosse ver uma TV daquele tipo funcionando!
-Sinceramente, você não parece desse mundo, parece que veio de um planeta inóspito.
-Não fale assim do futuro, seus tataranetos estão lá!
-Eu não pretendo ter filhos!
-Nunca diga nunca.
-Mas eu não disse nunca. – arqueou uma das sobrancelhas.
-Disse agora! Está tentando me enganar, é? Seu cérebro centenário não funciona mais como antes! Suas piadas são daquelas do galo que atravessa a rua e de portugueses viados! Eu te conheço, vovô!
-Pare de me chamar assim! EU NÃO SOU VELHO! – irritou-se.
-O primeiro passo é negar, tome cuidado! O segundo é apelar para cirurgias... Humpf. – cruzou os braços.
-ARGH, COMO VOCÊ É IRRITANTE! – bufou dirigindo-se ao quarto, do qual bateu a porta, trancando-se.
-Velhos... Ah, vou entrar na internet, estou com saudades do meu amor! – Nowaki colocou a arma de plasma sobre o balcão da cozinha e desmaterializou-se, entrando numa pequena tela que fica embaixo da arma e que pode mostrar o que o usuário faz na internet.
Enquanto eu estava na internet matando saudades do meu namorado, Haru estava trancado no quarto escrevendo em seu diário rosa de boneca o quanto me odeia. Mas uma coisa que eu não esqueci era da telinha que ficava embaixo da minha arma de plasma, daí quando meu assunto com Hisashi, meu namorado, tornou-se mais “quente” eu bloqueei a visão, porém esqueci que a telinha estava com a opção de áudio ligada. Haru havia saído do quarto para me pedir desculpas ou para vomitar, não sei... E nesse momento Hisashi começou a gemer - e o pior - meu nome.
-E agora? Onde aquele retardado se meteu? – revirou os olhos.
-N-nowaki! Ahhh...! B-bun.... ko.... ko-kun! Ahhhhhh....!
-O QUE É ISSO? DE ONDE ESTÁ VINDO? NOWAKI! ISSO NÃO TEM GRAÇA, PARE! – exclamou assustado.
-Bun-n-nko-kun, mais! Mais! Ah!
-NOWAKI! PARE COM ESSA BRINCADEIRA! - procurou a origem daqueles altos gemidos que pareciam ser de um garoto e percebeu que o som vinha da arma de plasma de Nowaki, Haru pegou a mesma e começou a sacudir incessantemente – COMO SE DESLIGA ISSO?!!! Nowaki, EU VOU TE MATAR! – a arma fez um rápido ruído e Nowaki foi novamente materializado para o mundo real, numa posição que parecia estar abraçando e beijando alguém.
-Hã...? QUÊ!!!? COMO EU VIM PARAR AQUI? ME LEVE DEVOLTA! EU AINDA NÃO TERMINEI! – exclamou surpreso.
-O-o que você estava fazendo? – indagou hesitante.
-Coisas. – respondeu vago.
-Her... Nowaki... – ruborizou.
-O quê?! – tomou a arma de plasma das mãos do jovem, tentando buscar a falha que o fez voltar para o mundo real – AH! Internet caiu! – choramingou.
-Nowaki... Você... Está excitado... – apontou para a ereção do maior – Muito excitado! – a mesma pulsava nitidamente dentro da calça dele.
-Claro! Eu estava matando saudades do meu Hisashi! Ah, os gemidos dele me deixam tão excitado...
-EU NÃO QUERO SABER DETALHES! – exclamou surpreso.
-VOCÊ INTERROMPEU MINHA TRANSA!
-NÃO FALE TÃO EXPLICITAMENTE!
-VOCÊ INTERROMPEU MEU TICO-TICO NO FUBÁ!
-Oras, deixe de ser idiota, volte para seu namorado, MAS TIRE O SOM DISSO!
-AH! Minha internet não quer voltar! – choramingou.
-Lol, internet do futuro também cai, que legal – sorriu.
-Legal né? Quando cai faz até barulhinho, e é engraçado ver a internet dos outros cair quando se está lá dentro – respondeu animado.
-Ah, como é?
-Ah, é assim... NÃO MUDE DE ASSUNTO! – apontou a arma de plasma – Agora vou ter que tomar banho frio!
-Bem feito!
-Pare de me atazanar, velho virgem! – entrou no banheiro.
-Eu não sou velho!
-Mas é virgem! – colocou a cabeça para fora do banheiro, vendo o rosto irritado do menor, o mesmo correu em direção ao banheiro e Nowaki fechou rapidamente a porta para que o outro não entrasse – AHAHAHA! VELHO VIRGEM LENTO! AHAHAHAHA! – Gritava do outro lado da porta. Ligou o chuveiro e passou a cantar – A pipa do vovô não sobe mais! ~ ♫
-ARGH, VOCÊ É IRRITANTE! – tornou a trancar-se no quarto
E lá foi ele rabiscar mais algumas páginas de seu diário My Little Poney. Naquele momento eu o caçoava, mas no fundo estava irritado, ele me interrompeu no melhor momento em que eu estava com Hisashi. Não só isso, mas também imagino o quão irritado ele deve ter ficado quando eu sai repentinamente... Argh, velho virgem!
Capítulo 03 - Convivência forçada.
Um mês se passou desde o dia em que me encontrei com Nowaki e há três dias andei o ignorando. Como ele é retardado, só foi perceber ontem à noite, quando ele foi falar algo idiota comigo e eu o ignorei. Ele é muito irritante, não consigo conversar com ele sem que o mesmo não me irrite! Tenho vontade de torcer aquele pescoço moreno, de chutar aquela massa de músculos e puxar aqueles cabelos sedosos! Espanca-lo até ficar menor do que eu! Argh!
-Ei, você vai continuar me ignorando? – choramingou.
-Humpf...!
-Haru-chan...! – cortado.
-Desde quando te dei tanta intimidade para me chamar pelo apelido, Nowaki?
-Você me chama pelo meu! – arqueou uma das sobrancelhas.
-Pois não vou chamá-lo mais, Nobuyuki-san.
-Nobu...yuki... –san? – surpreso.
-Vou para a faculdade, nos vemos à noite.
-Ei! Espere! – Chiharu saiu do apartamento – pare de me ignoraaaaaar!
Não sei se ele é mais irritante quando tem minha atenção ou quando é ignorado! Além do mais, ele não precisa ter minha atenção, ele tem a do namorado dele! Que fique o dia inteiro com ele e me esqueça!
-Haru-kun?
-Nowaki, seu imbecil...
-Haru-kun!
-Eh? Ah, gomen Tsuki-chan, eu estava pensando...
-No Nowaki?
-Como você o conhece?! – assustou-se.
-Você acabou de falar o nome dele enquanto pensava Haru-kun, você parece mais estar tendo uma crise de ciúmes, não que está pensando.
-Ciúmes daquele retardado? Ah! Faz-me rir! – revirou os olhos impaciente.
-Aham, claro... Pois então é melhor você parar de pensar nele quando o intervalo acabar ou a professora irá te tirar de sala, você pensa alto demais!
As aulas seguiram-se tranquilamente e eu, claro, sempre me policiando para não voltar a “pensar alto”. Mas havia uma coisa que me desconcentrava: Mitsuki, minha amiga da faculdade, colocou na cabeça que queria encontrar-se com Nowaki! E que iria para casa comigo HOJE só para encontrar-se com ele! Só faltava aquele retardado querer roubar meus amigos sem nem ao menos conhecê-los! Pois bem, passou-se a aula e eu, que não pretendia voltar para casa naquele momento, pois iria procurar um emprego, tive que fazer isso por livre e espontânea pressão, já que Mitsuki queria encontrar-se o quanto antes com Nowaki.
Durante o trajeto para casa, Mitsuki conversava comigo, me perguntando como ele era e a única palavra para todas as perguntas dela para mim seria: “irritante”. Nada mais, nada menos. Quando cheguei a casa, entrei na mesma normalmente, porém Mitsuki entrou ansiosa, pedindo licença. A casa estava silenciosa. Estranhei. Sempre quando chego à casa a mesma está sendo destruída por aquele retardado. Onde ele está? O procurei pela casa enquanto Mitsuki esperava sentada no sofá. Não o achei. Onde ele se meteu!? Nowaki não pode sair sozinho, ele vai se perder! Desesperei-me. E se ele não aguentou ser ignorado e fugiu de casa? Procurei sua arma de plasma, quem sabe ele estivesse na internet, mas não achei a mesma. Onde ele foi parar? Pensei em bater na porta de Yoshinori-san, mas ele não estaria lá. Impossível. Retornei à sala e Mitsuki me olhava com um “o que houve?” escrito na testa, eu a respondi.
-Nowaki não está em casa! – desesperou-se.
-Calma, Haru-kun, ele deve ter dado uma volta...
-Mas ele vai se perder!
-Se perder? Como? – surpreendeu-se.
-É que... Ele não é daqui! E, e, e... Tem um péssimo senso de direção, se perde a toa! - sorriu nervoso.
-Ligue para o celular dele, oras!
-Her...Que...
-Ele não tem?!
-Esqueceu na casa dele antes chegar aqui!
-Ele parece ser mesmo retardado como você disse!
-Desculpe Tsuki-can, mas eu vou sair para procurá-lo...
-Ah, está bem. Espero encontrá-lo outro dia então... – dirigiu-se à porta, despedindo-se de Chiharu antes de partir.
-Nowaki, onde está você? – Chiharu pegou as chaves de casa, deixando seu material da faculdade sobre o sofá.
Comecei a procurá-lo pela vizinhança, quem sabe ele saiu há pouco tempo... Quando fui me dar conta, já havia pegado três ônibus e estado quase do outro lado da cidade e nada dele... Comecei a pensar no pior: ele pode ter ido embora. Se fosse no começo, para mim não faria a mínima diferença, mas já se passaram um mês e eu fui obrigado a me acostumar com a convivência forçada com aquela criança retardada! Imaginava como a vida voltaria a ser sossegada sem ele, isso poderia me animar, mas no fundo eu gostava daquela vida agitada que o furacão Nowaki me proporcionava. Não queria que ele fosse embora, estava gostando de ter ele por perto...
Já havia anoitecido, o relógio marcava 21h00min e nada dele... Liguei para casa várias vezes, mas ninguém atendia, resolvi voltar. Cheguei exausto em casa, o relógio marcava 00h00min, Nowaki havia partido sem nem ao menos deixar um bilhete ou despedir-se de mim.
De cansaço – ou tristeza – cai ajoelhado no chão da sala, sentindo vontade de chorar, mas controlando-me para tal. Soquei o chão. Eu não devia ter ignorado aquele idiota por tanto tempo, ele mesmo já dissera que odeia ser ignorado, acabei sendo infantil igual a ele.
Olhei para a TV que ele comprou e no mesmo momento me lembrei do dia em que ele estraçalhou a antiga, me apontou aquela maldita arma de plasma milhares de vezes, quebrou a maioria dos móveis da casa e os concertou em seguida, infantil, porém responsável. Levantei-me e caminhei até o quarto de hóspedes, que passou a ser dele, fui até o outro lado do quarto e recostei-me na parede do mesmo, olhando tudo em volta: bagunçado, como se tivesse passado um furacão; como se tivesse passado um Nowaki. De repente comecei a ouvir a voz de Yoshinori-san do outro lado da parede, já que o quarto dele ficava colado com a sala do meu vizinho. A voz do mesmo estava exaltada, porém animada, estranhei.
Não tive muito tempo para raciocinar, de repente a parede fora abaixo, transformando-se em pó... Pó? Não acreditei. Estava eu no chão coberto pelo pó da parede por estar escorado na mesma e pude ver um Nobuyuki Bunko de cabeça para baixo devido a minha posição, fitando-me curiosamente.
-NOWAKI! – levantou-se e em seguida agarrou-se ao maior, que o fitava sem entender nada.
-Ei, você demorou a chegar hoje, o que houve?
-SEU IDIOTA! – o chutou – PORQUE VOCÊ NÃO ME AVISOU QUE ESTAVA AQUI? EU FIQUEI PREOCUPADO COM VOCÊ, SEU RETARDADO! – Chiharu escondeu o rosto na camisa do maior enquanto que apertou esta, soluçando várias vezes, como quem estivesse tentando conter uma incessante choradeira.
-Ai isso dói! Chuta a mãe!
-Nowaki-san, eu até gostaria e deixa-los a sós, mas com mais da metade da parede transformada em pó fica difícil. – Yoshinori manifestou-se.
-Tudo bem, vou reverter o pó! – virou-se percebendo que o menor não o soltou – Haru-kun, você vai permanecer grudado em mim? – o mesmo não respondeu – Ta né...
-Quando quiser pode voltar aqui para continuarmos jogando, será bem vindo – convidou Yoshinori – você também Chiharu-kun.
-Pode deixar, nós iremos! – Nowaki reverteu o que sua arma de plasma fez, onde o pó retornou a ser a parede de seu quarto.
-Idiota... – resmungou Chiharu.
-Você não disse que iria voltar só há noite? Eu voltei aqui no horário que você geralmente chega e pensei que você já estivesse dormindo, pois a porta de seu quarto vive fechada... – colocou a mão sobre a cabeça do menor.
-Eu te procurei pela cidade inteira... Pensei que você... – soluçou – Pensei que você... Estivesse... Ido embora...
-Chiharu, eu não esperava que você fosse ficar desse jeito caso eu fosse embora sem avisar.
-Onde você ficou o dia inteiro? – soltou a camisa do maior, afastando-se deste enquanto limpava as lágrimas.
-Eu estava entediado e pensei em sair, mas lembrei que me perderia se fizesse isso então resolvi passar o tempo com seu vizinho e estive lá até agora. – tentou limpar uma lágrima que descia do rosto do menor, mas foi impedido pelo mesmo – Ficou irritado comigo?
-Muito, seu idiota, retardado! – o menor voltou a chorar mais, dando socos no peitoral do maior, que por vez prendeu os punhos de Chiharu, o puxando para um abraço, mesmo contra a vontade dele. Chiharu debateu-se, mas, ao perceber que de nada adiantaria, cedeu ao forte abraço do maior, acomodando-se nos braços do mesmo enquanto que tornava a apertar a camisa dele.
-Você vai ter que me aguentar por muito tempo ainda, primitivo... – sorriu encostando o queixo sobre a cabeça do menor.
-Eu te odeio retardado... – sussurrou com a voz embargada.
E assim eu percebi a seguinte coisa: Nowaki é muito infantil: Certo
Nobuyuki Bunko poderia realmente ir embora a qualquer momento: Certo.
Minha vida sem aquele Retardado Imbecil seria a mesma: Errado
O que mais poderia acontecer para me provar o contrário? Acho que nada... Depois de me sentir desesperado pensando que Nowaki foi embora, senti-me extasiado e protegido, quando cedi aquele bruto abraço dele, descobrindo que o mesmo era quente e confortável. Por outro lado senti-me frágil diante da força dele, pensava que aquele monte de músculos fosse enfeite no corpo Nowaki, nada mais, entretanto eu estava enganado.
Nobuyuki Bunko estava mexendo comigo, era isso o que mais me preocupava...
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