As novas:

Vírgulas - Fic (25 ao 27)

| sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Abre ai! »
Capítulo 25 - Truth
Goro havia chegado na sexta e ainda não havia ido até a casa de Fujo, reaparecendo milagrosamente no fim do expediente com os braços cheios de pincéis, quadros, telas e tintas diversas.

-Olá, primo; olá Ayako-chan. Estão indo para casa? Pode me dar uma carona, Fujo? Ah, obrigado.

Disse ele já colocando o material no banco de trás do carro de Fujo, que nem ao menos pode responder a pergunta de Goro. O caminho para a casa de Fujo foi bem animado, até. Goro conseguia levantar o astral de qualquer coisa, menos de Fujo, que continuava sempre sério e pouco falava. Como era sexta, eu iria passar o final de semana na casa de Fujo e voltava domingo antes do almoço para poder curtir a minha família. Não me esqueci deles, claro.
Quando chegamos à casa de Fujo já era hora de jantar, mas ele não janta então eu me juntei aos pais dele e ao seu irmão, que andava meio virado comigo por motivos compreensíveis. Goro entrou e já foi correndo para o quarto, sem cumprimentar ninguém. Akio, que não se lembrava do primo, cuspiu assustado a comida de volta no prato ao ver um desconhecido entrar em sua casa.

-P-pai! Quem era aquele?! Entrou um estranho aqui em casa, você viu!?
-Acalme-se, meu filho. É seu primo Goro, não se lembra dele?
-Ah, eu não sei... Não deu para ver o rosto dele com todas aquelas telas na mão. Ele gosta de pintar?
-Ele é um pintor, querido. – respondeu a mãe – ele pinta por prazer e já fez algumas exposições de suas obras. Ele deve estar inspirado agora, por isso saiu correndo. Quando ele terminar, vá cumprimenta-lo.
-Por que não posso fazer isso agora?
-Hum... Acho melhor não, querido. Seu primo se torna um pouco “intolerante” quando o interrompem no meio de uma pintura.

Ela tentou amenizar, mas eu vi o semblante meio nervoso dela ao dizer “intolerante”; ele deve ficar uma fera quando fazem aquilo, isso sim. Mas Akio era atentado, portanto, ele comeu rapidamente a comida e disse que iria jogar um pouco no quarto quando, na verdade, eu sabia que ele iria é perturbar o primo recém-chegado só porque disseram para ele não fazer isso.
Goro já havia montado seu ateliê improvisado em seu quarto, puxando a mesinha para usar de apoio para seus pincéis e tintas enquanto que a tela era estrategicamente posicionada de frente para a janela e de costas para a porta, de modo que toda a claridade do luar e do dia batessem ali. Goro estava concentrado em sua pintura. Do terno que estava vestindo, restaram apenas a camisa e a calça que usara para trabalhar. Seu paletó estava sobre a cama para não manchar e sua gravata amarrada em sua testa, para que seus cabelos não o atrapalhassem; seu porte físico era parecido com o de Fujo, contendo pouca diferença mesmo, já que Goro “metia a mão na massa” para trabalhar com animais, plantações e essas coisas. Ele pintava com muita destreza, estando agora sério e mergulhado na imagem que pretendia passar para a tela, como se ele realmente não estivesse ali. Como se estivesse ligado no automático.
Akio abriu lentamente a porta do quarto e logo deu de cara com Goro pintando, era noite e o quarto era iluminado apenas pela luz do luar, cuja qual iluminava a tela para que Goro pudesse pintar sem o auxilio de uma luz artificial. Sua concentração era tamanha que não percebeu Akio entrar e fechar a porta. O menor aproximava-se sentindo até medo de desconcentrá-lo, mas parecia que ele não estava ali, só não sabia distinguir qual dos dois a situação excluía: ele por não ser notado ou Goro por estar compenetrado na tela. Akio achou melhor voltar, a expressão séria de Goro o fez perceber que realmente não seria uma boa ideia perturbá-lo naquele momento. Quando ele virou-se de costas e pôs-se a andar em direção à porta, acabou assustando-se quando ouviu a voz baixa e suave de Goro.

-Pare!
-A-ah! D-desculpe interrompê-lo, f-foi sem querer... – pedia desculpas, amedrontado.
-Vire-se. Deixe-me ver seu rosto outra vez.

Akio virou-se vacilante, esperando que Goro fosse reclamar, xingar, bater ou seja lá o que.  Goro apenas aproximou-se tocando o rosto do menor, que batia na altura de seu peitoral, analisando fixamente a face de Akio, o que o deixava tímido e envergonhado. Ele pensou em perguntar o que tanto o primo olhava, mas ao puxar o ar para falar, fora cortado pelo maior que continuava com aquela voz mansa, de quem havia acabado de acordar ou de sair de um transe.

-Seu rosto...
-O que tem? Está sujo?
-Não... É perfeito.
-Hã?
-Vamos, diga-me seu nome.
-Ahn... A-akio.
-Akio-chan? Aquele tampinha que eu vi quando tinha treze anos? Nossa como você cresceu. Não me lembro de você ter um rosto tão perfeito, tão delicado...
-Pare de me elogiar, eu nem lembro direito de você.
-Mas lembra. A mente das pessoas é feito uma tela: uma vez pincelada, a tinta nunca mais será removida.
-Eu posso passar outra por cima. Pronto!
-Mas a primeira permanecerá ali. Você passou outra tinta sobre a minha, pequeno? – perguntava com o rosto a milímetros do de Akio.
-N-não me chame de pequeno! Afaste-se! – deu um passo para trás.
-Eu definitivamente preciso pintar seu rosto agora! Pode ir!
-Vai pintar meu rosto agora e me manda ir? Como vai ver meu rosto?! – perguntou indignado.
-Não preciso. Já está tudo aqui. – apontou para a própria cabeça, pegando o pincel e voltando a pintar.
-Você vai pintar por cima de outra pintura que já tinha começado?! Porque não pega outra tela, inteligência?!
-Você pintou outra coisa por cima da minha pintura em sua cabeça, por que não posso fazer o mesmo com seu rosto em minha tela?
-Argh, fique sozinho, então! Boa noite!

Então Akio bateu a porta, deixando Goro sozinho em seu quarto. O primeiro estava deveras curioso querendo saber como iria ficar aquela tela, mas não deixava de ruborizar ao lembrar-se do primo a milímetros de seu rosto.
No dia seguinte, Akio encontrou Goro na cozinha, já de banho tomado e vestindo roupas de ficar em casa mesmo, mas ainda com aquela gravata amarrada na testa, quase beijando Fujo.

-Fujo! – Akio correu até ambos, afastando-os – O que você ia fazer?- perguntou irritado para Goro.
-Ãhn? – Goro perguntava como se tivesse saído de um transe profundo.
-Acalme-se, Akio-kun, ele só estava analisando o rosto de Fujo... – eu intervim antes que sobrasse para Goro.
-Analisando? Daquela distância? Você transa com ele, vê isso e não faz nada?
-Akio!

Fujo exclamou. Todos na cozinha, incluindo os pais de Fujo e Akio, que sabiam que Goro estava apenas analisando o rosto do irmão mais velho, ficaram pasmos. Akio tinha feito aquilo sem querer, no calor do momento, tanto que até ele estava surpreso, tapando a boca com as próprias mãos. Por algum motivo, Goro era o menos assustado dali e foi o primeiro a quebrar o silêncio.

-Calma gente. Nenhuma atrocidade foi dita aqui. Se era para ser segredo, já não é mais. Contudo, não foi nenhum crime confesso. Eles se amam, o que há?
-Fujo precisamos conversar. – disse o pai dele, sério. – E você vem junto, Ayako.
-S-sim, senhor...

Nós quatro – os pais de Fujo, o mesmo e eu – fomos para uma sala mais reservada enquanto que Goro e Akio ficaram na cozinha, o primeiro agora se servindo de um café, prendendo uma torrada em seus dentes e levando a cafeteira cheia debaixo do braço para fora da cozinha.

-E-ei! Vai me deixar aqui?
-Quer que eu te carregue debaixo do outro braço?
-Muito engraçado... – Akio teve um estalo, lembrando-se de quando Goro havia ficado com o rosto próximo do seu, depois de quando o primo havia feito o mesmo com Fujo há pouco – Espere... Então você estava apenas analisando meu rosto?
-Quando? Ontem? Sim, sim. – segurava a torrada com a outra mão livre, mastigando um pedaço da mesma. – Pensou que eu fosse te beijar?
-E-eu? A-ah... Um pouco...
-Tão novo e já pensa besteira.
-E você é velho para dizer isso, né? – perguntou em tom irônico e emburrado.
-Nem imagina. – respondeu já subindo as escadas, deixando Akio no primeiro andar.
-Quantos anos você tem? E-ei! Espere! Me responda!
-Descubra, pequeno. Descubra! - disse Goro acenando antes de sumir da visão de Akio por conta de uma das paredes da casa.

Agora estávamos os quatro num lugar mais reservado da casa. A conversa havia sido longa, algumas exaltações, mas tudo era acalmado logo em seguida. A questão era: eu era novo demais para Fujo e o mesmo era velho demais para mim. Eles não se importavam quanto a ambos serem homens, apenas com a idade e os pais dele chegaram até a pensar que Fujo estaria tentando imitar os passos do tio, coisa que eu desmenti, pois quem seduziu quem nessa história fui eu. A princípio Fujo também não concordava comigo por causa da idade, contudo, eu tive que seduzi-lo até ele apaixonar-se por mim.
Aquilo aliviou a barra de Fujo, mas pesou a minha. Eles começaram a perguntar se eu era algum maníaco sexual ou algo do tipo por seduzir um homem de 28 anos quando garotos da minha idade ainda não pensam nem em sexo, ainda. Antes de terminarem a conversa, os pais de Fujo disseram que iriam falar com meus pais antes de tomarem uma decisão. Quando saímos do cômodo da casa eu pude ver o senhor Daiki pegando o telefone, provavelmente para ligar para os meus pais. Fomos até a sala, Fujo sentou-se no sofá e eu fiquei a fita-lo de pé.

-Fujo...
-O que foi?
-Estou com medo...
-De nos separarem?
-É... – sentei-me atravessado no colo dele, encostando a cabeça no peitoral do mesmo. – Você não teme isso?
-Não.
-Entendo... – abaixei a cabeça, calando-me.
-Se nos separarem, eu vou atrás de você, não importa o canto do mundo que você for, eu irei atrás.

Esbocei um sorriso triste lhe selando os lábios ternamente enquanto que poda sentir as mãos dele afagarem meu corpo. Akio havia escutado a nossa conversa sem que percebêssemos, deixando o cômodo quando nos beijamos. Ele estava desolado. O amor da vida dele amava outro e isso era fato, ele teria que aceitar isso e tentar esquecer, tirar a imagem de seu irmão da cabeça.
Akio então resolveu ir até o quarto de Goro, a única companhia que poderia ter no momento, já que não gostaria de ficar sozinho agora. Entrou sem bater na porta, encontrando o loiro encostado na janela, fitando sua pintura com um sorriso bobo na face.

-Então? – perguntou Goro.
-Eles se amam. O que eu posso fazer?
-Deve ser difícil amar e não ser correspondido, ainda mais quando você convive com ele.
-É... Espere... Como você sabe que eu amo Fujo?! – exclamou surpreso.
-Eu sei de toda a história de vocês dois, pequeno. Conheço Fujo desde quando minha tia disse que estava grávida dele.
-V-você é mais velho de Fujo?!
-Não muito.
-Vou ter que descobrir, né?
-Não precisa, aquilo foi apenas uma brincadeira. Tenho 36 anos, capiche?
-É estrangeiro?
-Não. Só um reles pintor.
-Espere... Você disse que tem quantos anos? – só agora foi perceber a idade que o loiro havia falado.
-36. Ficou surdo ou tem amnésia? – brincou.
-M-mas... Você parece ser mais novo que o Fujo! C-como pode!? – exclamou surpreso.
-Idade não quer dizer nada, Akio. Use seu irmão e eu como exemplos.
-Você disse saber toda a nossa história... Sabe toda mesmo?
-Refere-se de quando matou seu tio?
-V-você não tem medo? – exclamou surpreso outra vez.
-Por que eu deveria ter? Você não matou por matar, teve um bom motivo. Eu faria o mesmo no seu lugar. Foi bem corajoso.
-Você é diferente.
-Isso é bom. Ser normal é algo tão batido neste mundo industrializado... – suspirou dando de ombros – Mas enfim, venha ver minha pintura!

Akio caminhou até Goro, o mesmo deu espaço na janela chegando para o lado de modo que o menor pudesse escorar-se ali também. Ele parou ao lado do loiro, fitando a pintura deste com espanto. Eles só haviam se visto uma vez para que Goro pudesse guardar suas novas feições, mas a pintura representava com riqueza de detalhes o rosto de Akio.
Na pintura Akio estava sentado num banco de praça que ficava bem no centro da tela, segurando uma rosa vermelha e fitando algum ponto no céu enquanto que atrás dele havia a paisagem de uma cidade agitada, que não parava para nada, com fumaças saindo dos carros e um trânsito congestionado além de prédios e arranha-céus gigantescos, todos comerciais, porém só o banco de praça, Akio e a grama que o mesmo pisava foram pintados com tons vivos e vibrantes. O resto foi pintado com variantes de um azul fosco e preto.

-Incrível...
-É, seu primo faz milagres só com a primeira vista. – vangloriou-se.
-Seja modesto, ao menos... – resmungou Akio, indo apoiar as mãos no parapeito da janela, apoiando uma delas sobre a do primo acidentalmente, fazendo-o corar.  – Ah, desculpe-me...
-Tudo bem, fique tranquilo. – Goro saiu da janela, pegando a tela de Akio e a deixando no canto para secar enquanto que pegava outra tela em branco e colocava no lugar. – Bem... O próximo!
-O que pretende pintar?
-É surpresa... – pegou o próprio celular, montando uma playlist para ouvir enquanto iria começar a pintar – Hoje estou inspirado... Que tal um pouco de música?
-Por mim tudo bem.

Akio já esperava alguma ópera ou música clássica, qualquer coisa chata e cansativa de se ouvir, mas bastava apenas se concentrar na tela que ele esquecer-se-ia da música. Quando Goro deu play no celular, o mesmo começou a reproduzir uma música de rock, assustando Akio, que esperava algo mais calmo. Goro segurava o pincel com força, pintando da mesma força e demonstrando o gosto em fazer aquilo, porém sem perder a destreza e a delicadeza da pincelada e do traço, deixando um Akio boquiaberto da mistura agressiva do rock pesado com os traços delicados do primo.


Capítulo 26 - A Ligação
Meus pais estavam querendo conversar comigo e com Fujo depois da ligação que receberam do pai dele. Fomos os quatro no carro de Fujo até minha casa, levando minha mala, pois, certamente, eu não voltaria para lá depois da conversa. Chegando a minha casa eu deixei minha mala na entrada para depois desfazê-la e nos reunimos na sala, com meu pai já prontamente começando a conversa.

-Ayako, você tem noção da diferença de idade entre vocês dois? E o pior: noção de que seduziu um homem muito mais velho do que você? – ele perguntou irritado, porém tentando manter a calma.
-S-sim, pai... Mas eu o amo... Eu amo o Fujo e não vou me separar dele...! – eu dizia afrontando meu pai com pouca coragem.
-Você ainda é novo demais para amar e essas coisas. Novo demais para saber se gosta de garotos ou de garotas. Na sua idade, eu brincava na rua com meus amigos, sem maldade alguma! Como você pode ter se perdido, filho? O que houve com você?!
-Acalme-se, querido...

Minha mãe tentou amenizar a situação que já estava bem tensa para ambos os lados: meu e de Fujo. A conversa entre os seis não durou muito, já estava escurecendo e cada pai ia falar agora a sós com seus filhos que, aliás, o do senhor Daiki ainda não havia falado nada. Manteve-se quieto desde o momento em que Akio havia falado aquilo na cozinha mais cedo. Ele realmente não estava se importando com a situação, já era um homem formado e respondia por seus atos, mas eu não e aquilo me complicava ainda mais.
Fujo ligou o carro e foi embora com seus pais para casa, nós apenas nos fitamos de relance numa despedida silenciosa para até sabe-se quando... Após uma longa conversa com meus pais, eles decretaram que eu não iria mais dormir na casa dos Daiki, nem ir à empresa tão pouco ver Fujo. Eu, claro, protestei e chorei horrores, mas eles não se comoveram. Quer dizer, minha mãe sim, mas meu pai manteve-se firme pelos dois.
Eu não tinha mais como ver nem falar com Fujo. Passava o dia trancado em casa já que ainda estava de férias. Logo se passou uma semana e nada dele... O que será que ficou decido com os pais dele? Eu estava sentado no sofá quando o telefone tocou e eu atendi, já que o mesmo estava ao meu lado. Era Akio.

-Ayako-chan! Que bom que atendeu! Preciso falar rápido com você! – ele sussurrava, dando a entender que estava ligando escondido.
-O que foi, Akio-kun? – minha mãe ouviu o nome do irmão de Fujo e foi até a sala, mandando desligar. – Mas mãe, é só o irmão dele! Eu boto até no viva-voz se você quiser!
-Desligue!
-Cinco minutinhos, mãe! Ele quer falar uma coisa muito importante!- ela cedeu.
-Certo. Mas deixe no viva-voz, eu quero ouvir o que ele tem a dizer.
-Ok! – apertei o botão do viva-voz e botei o telefone no gancho. – Pode falar, Akio-kun!
-Ah, como demorou! Então, o Goro me emprestou o celular dele pra ligar escondido já que os telefones foram bloqueados para o seu número.
-O que houve?
-É que, quando meus pais e o Fujo estavam voltando para casa no dia em que foram ai, eles sofreram um acidente.
-Céus! E como eles estão, Akio?! – perguntei já preocupado e assustado.
-Meus pais estão bem, só tiverem ferimentos leves, mas o acidente foi num cruzamento, o motorista do outro carro estava bêbado e desrespeitou o sinal, pegando em cheio a parte do outro motorista, ou seja, Fujo...
-AKIO! COMO ELE ESTÁ? AKIO!

Eu me desesperei no telefone, já começando a chorar e gritando como Fujo estava, o que chamou a atenção de meu pai, que estava no quintal lavando o carro e de minha mãe, que levava ambas as mãos à boca, assustando-se com o meu desespero e pelo acidente que Fujo sofreu. Meu pai entrou na sala pelo mesmo motivo de minha mãe, mas ele estava irritado, não queria que eu mantivesse contato com ninguém de lá. Graças a minha mãe ela o acalmou contando a situação, deixando meu pai preocupado também. Akio nos passou o endereço do hospital antes de dizer a situação de Fujo.

-Ele está internado no hospital em coma e os médicos não sabem quando ele vai acordar. Pode ser daqui a uma hora como pode ser daqui a um ano... Ayako? – sem resposta – Ayakoooo? Ah, droga, deve ter caído a ligação...


Capítulo 27 - Adormecido
Não havia caído, era eu quem estava em choque. Akio desligou o telefone e eu chorava em silêncio, encolhendo-me no sofá e ainda custando a acreditar. Meus pais me chamavam, me cutucavam, mas eu continuava inerte, apenas com as lágrimas descendo. Fechei fortemente os olhos, gritando em plenos pulmões o nome de Fujo, desabando a chorar desesperadamente. Meus pais, por vez, ficavam comovidos com minha reação, eu só repetia o nome dele enquanto chorava, chorava e chorava. Meus pais entreolharam-se, acho que estavam recebendo a maior prova possível de que eu realmente o amava, mesmo eu não percebendo isso.

-Ayako, arrume-se, nós vamos te levar ao hospital.

Disse meu pai, eu prontamente corri para meu quarto, pegando a primeira jeans e a primeira blusa social que vi, enfiando os pés no tênis da escola mesmo. Entramos todos no carro e meu pai dirigia correndo até o hospital, cortando caminho por onde podia, ele sabia que eu estava desesperado para vê-lo. Chegamos em 10 minutos, o hospital estava vazio e eu corri até a recepção, perguntando pelo quarto de Fujo enquanto que a mulher me empurrava toda aquela burocracia para vê-lo. Minha mãe tentou acalmar-me enquanto meu pai dava um jeito e, em cinco minutos, já estávamos liberados para visita-lo. Esperei apenas ela me dizer o quarto para sair correndo pelos corredores, procurando pelo mesmo.
Não o achei pelo número, mas sim pelos pais de Fujo, que estavam sentados em frente ao mesmo esperando o médico que estava lá dentro examinando-o. Eu parei em frente a eles e tentei abrir a porta, mas estava trancada, virei-me na direção deles e perguntei esbaforido.

-C-como está ele? C-c-como está Fujo?
-Ele está bem, querido, só está com alguns ferimentos e... – a mãe de Fujo pausou, tentando conter o choro – E está em coma...
-Me desculpe, senhora Daiki. Não queria ter feito a senhora chorar... – nesse momento o médico destrancou a porta e saiu junto com duas enfermeiras. – D-doutor! Eu posso ver o Fujo agora?
-Pode sim, rapaz. Entre.

Eu olhei para os pais de Fujo e os mesmos assentiram com a cabeça, deixando-me entrar. Quando coloquei a mão na maçaneta da porta senti meu coração falhar com medo de encontra-lo num péssimo estado, mas eu precisava vê-lo. Eu tinha que vê-lo. Abri a porta de maneira vacilante, tendo minha visão brevemente ofuscada pela claridade do quarto. Fechei a porta atrás de mim e corri até Fujo, vendo-o deitado na cama, inconsciente, com vários machucados pelo rosto e peitoral que, aliás, ambos estavam enfaixados. Além disso, ele respirava com a ajuda de dois tubinhos que ficavam um em cada narina, jogando oxigênio para os pulmões dele.
Eu logo comecei a chorar ao vê-lo naquele estado. Sentei na beira da cama, o chamando com a voz mansa como quando o chamava quando estávamos às sós, unidos. Beijei-lhe os lábios ressecados, assustando-me ao notar o quão frio estavam. Resolvi esquentá-los e umedecê-los com minha língua carinhosamente, sem malicia e sem perceber que meus pais olhavam-me pela janelinha da porta. Deitei-me na cama ao lado de Fujo, tomando cuidado para não tocar em nenhuma de suas feridas, encaixei minha cabeça em seu pescoço, chorando baixo enquanto que sussurrava em seu ouvido.

-Fujo... Eu sei que você está me ouvindo... Volte pra mim... Por favor... – ele permaneceu imóvel - Como eu posso ser a sua luz, se você se afogou na escuridão? Vamos... ACORDE!

Vírgulas - Fic (25 ao 27)

Posted by : Ita-chan
Date : sexta-feira, 18 de outubro de 2013
With 0 xingamentos

O Ponto de Vista.

| sábado, 31 de agosto de 2013
Abre ai! »
    Eu compreendo que todo o ser humano nasce insatisfeito e têm tendência a reclamar das coisas. Isso é natural. Bom, até. Nos instiga a querer correr atrás das coisas que desejamos para tornar nossas vidas mais agradáveis de se viver.
    Mas, infelizmente, existem pessoas que vivem reclamando e outras que reclamam para viver. Que ao invés de quererem fazer algo para melhorar a situação, fazem igual a uma criança - metaforicamente falando: sentam no chão, agitam os braços, abrem o berreiro e fazem um escândalo.
    Se você não está satisfeito com seu corpo, vá cuidar dele; se está insatisfeito com sua condição financeira, TRABALHE; se trabalha e não gosta do seu emprego, arrume outro.
    Não fique o dia inteiro, todos os dias, vendo a Globo e esperando que ela um belo dia resolva falar com você e lhe ofereça um emprego. 

    Ninguém vai fazer nada por ninguém. O mundo é assim. A vida é assim. O ser humano é individualista e até uma mãe e/ou um pai carinhoso um dia irão querer que sua prole saia de casa e vá viver por conta própria, para lhes proporcionar a sensação de "dever cumprido" e de paz interna, por não estarem mais necessitando cuidar dos filhos.
    Reclamar dos problemas é sadio, desde que a busca pela solução dos mesmos venha junto. 

O Ponto de Vista.

Posted by : Ita-chan
Date : sábado, 31 de agosto de 2013
With 0 xingamentos

Escrevendo com a luz.

| segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Abre ai! »

   Ao ler o título do post você deve estar pensando: "Só pode ser montagem ou bruxaria das brabas!"
   Eu confesso que pensei o mesmo quando fiquei sabendo desta experiência muito daora, mas quando peguei minha câmera e uma lanterninha que ganhei em um bingo de fim de ano, descobri um novo brinquedo. xD
   Abaixo vocês poderão ver um vídeo ensinando como fazer e explicando como isso acontece, para nos tirar o pensamento ignorante de montagem ou bruxaria. rs


    Então, para quem tem uma câmera amadora sem esse modo "Firework/Fogos de artifício", como é o caso da minha, só fazer como eu fiz: modo noturno e programar para a foto ser tirada em 10 segundos. Eu fiz e deu muito certo. Um conselho é que a câmera esteja relativamente distante do ponto de luz, pois assim ela irá captar o trajeto dela por mais tempo, te dando a oportunidade de escrever. Se você tentar essa experiência com a câmera muito próxima, a mesma capturará um caminho muito curto da luz. Vejam a diferença:

 Câmera de perto

Câmera de longe.

    Ah, para quem ficou curioso, a minha câmera é uma Samsung DV100. Ela é uma câmera amadora de 16.1 megapixels. 
    Quem pensou em fazer isso com o celular pode tentar também. O meu celular tem uma câmera de 2 megapixels. Ele também tem modo noturno e pode programar para 10 segundos, mas a qualidade é infinitamente inferior ao da minha câmera, daí o aparelho não consegue captar com tanta definição e por muito tempo o trajeto da luz. Ou seja, mesmo estando distante da lanterna, o caminho da luz será curto, no caso do meu celular.

    Agora chega de tagarelar. Quem gostou e tentou me mostrem o resultado! Abaixo vou colocar alguns rabiscos que eu fiz:






Escrevendo com a luz.

Posted by : Ita-chan
Date : segunda-feira, 5 de agosto de 2013
With 0 xingamentos

Vírgulas - Fic (22 ao 24)

| quarta-feira, 3 de julho de 2013
Abre ai! »
Capítulo 22 - Akio
Quando acordei no dia seguinte, meus olhos estavam pesados, eu tinha a exata dimensão de que precisaria de ajuda para abri-los, pois o fazia com muito custo. Estava com muita dor de cabeça e passando mal. Aquele era o primeiro porre de minha vida e não me lembrava de nada, o que me desesperou quando notei que eu estava abraçado ao meu irmão, o mesmo todo encolhido em meus braços, com um sorriso bobo nos lábios enquanto dormia tranquilamente. Nós estávamos cobertos pelo edredom até a cintura, nus e o corpo dele repleto de marcas roxas enormes e o meu corpo com marcas de unhas. Céus, o que eu fiz?
Arregalei os olhos incrédulo ao ver o que eu havia feito ao meu pequeno irmão: eu deixei uma mordida em seu ombro, no mesmo local onde eu havia recebido a mordida de meu tio, que eu iria carregar em mim pelo resto da vida. Levei a mão à boca horrorizado comigo mesmo. Ao ver aquilo, flashs vieram a minha cabeça, flashs da noite passada. Lisa, a bebida, Akio, nós dois juntos...
Eu havia feito a mesma coisa que ele. Eu havia transado com uma criança como ele fez. Eu havia feito tudo exatamente do jeito que ele havia feito. Não queria admitir aquilo, mas naquela noite eu simplesmente havia me tornado a cópia escarrada de meu tio. Aquilo me causou náuseas e me deixou mais enjoado e agora enojado de mim mesmo. Levantei rapidamente e me tranquei no banheiro, enfiando a cara no vaso e vomitando tudo o que tinha e até não tinha para vomitar.
Akio acordou com o meu levantar brusco. Ele então se envolveu no edredom e foi andando até a porta do banheiro, arrastando o mesmo pelo chão.

-Nii-san... Você está bem? – perguntou ele com voz sonolenta – Senti sua falta na cama... Volta logo...

“Senti sua falta na cama” já me foi o suficiente para sentir mais nojo de mim mesmo e vomitar mais, parando ao não ter nada mais no estômago, nem mesmo saliva para expelir. Dei a descarga e escovei os dentes com raiva, sem me importar com as feridas que as cerdas me causavam. Abri a porta com força e ele estava ali, olhando-me ainda com sono. Eu ajoelhei-me na frente dele, o segurei pelos braços sem os apertar e perguntei desesperado.

-Akio! Por favor, me diga o que aconteceu na noite passada!
-Você não se lembra, nii-san? – ele abraçou-me, perguntando aquilo como se nada demais tivesse acontecido – Nós nos tornamos um, Fujo. Você não me rejeitou, você me amou. A noite inteira e foi tão bom... – ele beijou-me normalmente e eu afastei-me incrédulo.
-Akio! Nós somos irmãos! Você é homem, pior, você é um garoto e tem somente 11 anos. Onze anos! Eu sou seu irmão mais velho, tenho o dobro de sua idade! Como você pode ter deixado isso acontecer, Akio?!
-Mas você estava gostando, nii-san...
-Eu estava bêbado, pensei que você fosse a Lisa!

Agora era ele quem me olhava incrédulo, seus olhos marejaram rapidamente e ele me empurrou, me fazendo cair sentado no chão enquanto corria para fora do meu quarto, chamando-me de idiota antes de fechar a porta com força.

~~--~~

Capítulo 23 - Pós-tormenta
-Desde então Akio me odeia na frente dos outros, mas diz que me ama e tenta me seduzir nas horas vagas. Assim passaram-se seis anos e agora, no presente, com Akio tendo 17 e eu com 28, ele continua insistindo, alegando que esse tempo todo se entregou somente a mim naquela vez e que nunca iria olhar para outra pessoa como ele me olha. Por isso ele ficou irritado com você, Ayako, por estar com ciúmes. Eu o entendo perfeitamente. Ele ficou incrédulo quando me viu escondido o carregando no colo até meu quarto ontem, só saindo hoje no fim da tarde. Ele não é bobo, do contrário, é extremamente inteligente e perceptivo, mas é muito bobinho. Daí meu pai nomeou-me vice-presidente pouco tempo depois de eu ter terminado a faculdade, alegando que eu futuramente estarei ocupando o lugar dele e Akio o meu, mas não levo muita fé nele, nunca gostou nem quer trabalhar.
-Entendo. Puxa, eu não sei o que dizer... Foi muita informação em um único dia...
-Perdoe-me se eu o assustei.
-Espere... Agora que eu estou me lembrando de uma coisa!
-O que foi?
-Essa Lisa que você namorou por um acaso não é a mesma da---
-Recepção? É ela mesma.
-CÉUS! O que houve? Vocês ainda se falam?
-O marido dela descobriu o golpe ano passado, quando o filho fez cinco anos. Ele a expulsou de casa com uma mão na frente e outra atrás, deixando apenas o filho ter acesso a sua fortuna. Ela veio pedir-me ajuda e eu resolvi oferecer um emprego na empresa como recepcionista. Não teria coragem de deixa-la com as mãos abanando. Ela tem que se sustentar de algum modo se quiser que a justiça mantenha seu filho em sua casa e não mande para a do pai.
-Pensei que guardasse mágoa dela.
-E guardo. Mas se eu não fizesse isso, ela não seria a única prejudicada.
-Você é tão bondoso, Fujo... Acho que fiquei mais apaixonado depois de ter me contado sua história.
-Por quê?
-Porque você confiou em mim e me contou todo o seu passado. Não sabe como isso me deixou feliz, Fujo...
-Você se sente feliz à toa, garoto.
-Eu te amo, Fujo...

Eu o fitei com a sobrancelha arqueada, que tanto ele dizia que me amava? Deixei que o mesmo chegasse perto de mim e me roubasse um beijo, aconchegando-se em meu pescoço e, o que me surpreendeu mais foi o fato dele ter puxado a gola de minha camisa e beijado a marca da mordida de meu tio. Um beijo demorado, terno e carinhoso. Eu apenas envolvi meus braços na cintura dele, puxando-o fortemente para mim num abraço, o sentando atravessado em meu colo, repousando a cabeça no pequeno e fino ombro dele. Mesmo apesar de tudo o que eu havia contado ele não hesitou em me beijar, ele não pensou duas vezes antes de se aproximar, nem temeu na hora de sorrir.
Ele sabia que a história de minha vida não era algo feliz de se contar, mas ele não saiu correndo horrorizado nem nada do tipo. Ele aceitou-me do jeito que eu sou e com o passado que eu tenho. Ainda me sentia machucado e inseguro demais para amar, como se estivesse a pisar em ovos todas as vezes que me apaixonava, com medo de acontecer a mesma desilusão de antes quando eu mergulhar de cabeça, preferindo, no fim, me retrair e isolar, não deixando que ninguém se aproximasse com segundas intenções. Daí o motivo de ser frio e inexpressivo, apenas um modo que encontrei de me proteger. Um escudo que, aos poucos, era ultrapassado por uma criança. Eu estava ficando com febre, ou até mesmo louco, só pode ser.

-Eu também te amo, Ayako.


Capítulo 24 - Adicionando Arte
Dia 15 de janeiro. Meu último Natal foi bem conturbado, aconteceram várias coisas. Contudo, o ano novo foi tranquilo. Virei com minha família, como tradição e Fujo deve ter virado trabalhando, como sempre. Eu estava de férias, mas ele não. Ele não se permite tirar férias. As férias dele chamam-se “sábados, domingos e feriados em casa trabalhando” e o trabalho chama-se “segundas a sextas trabalhando na empresa.”. A empresa não abre nos primeiros 15 dias, dando folga a todos, portanto, dia 15 era a volta de todo o recesso deles. Presente do presidente Daiki-san aos funcionários e a ele mesmo, claro. Mas nesse recesso eu ia esporadicamente a casa de Fujo, as vezes até mesmo com meus pais.
Eu estava saindo do elevador e indo em direção ao escritório de Fujo, bati duas vezes na porta, como sempre, e entrei sorrindo acompanhando do meu costumeiro “bom dia”. Desta vez ele não estava trabalhando, mas sim tirando a poeira do escritório, já que as moças da faxina iriam demorar até chegar ao último andar, pois estavam começando pelo primeiro. No banheiro estava Lisa-san, passando um pano no mesmo, não caprichando muito, pois a faxineira daria conta disso, era apenas para não fazer feio caso uma visita inesperada viesse e encontrasse tudo empoeirado.
Fujo passava um pano em sua mesa e cadeiras, tirando a poeira das mesmas, a parte dos sofás já estava um pouco limpa, mas as estantes de livros eram espanadas por um rosto novo a meu ver. Quem era? Seria um funcionário novo? Ele era alto, porém não tanto quanto Fujo; tinha cabelos castanho-claros, olhos azuis como os de Fujo, e parecia ser mais extrovertido, pois estava cantarolando com um sorriso bobo nos lábios. Quando os três ouviram o meu bom dia, olharam na direção de minha voz, respondendo em uníssono ao cumprimento.

-Ayako-chan, como foi seu ano novo? – perguntou Lisa interessada.
-Foi ótimo, obrigado. E o seu, Lisa-chan?
-Ah, foi ótimo também, só eu e meu lindo filho. Perfeito! – ela apertou minhas bochechas.
-A-ah... Que bom... – respondi sem jeito olhando para o desconhecido até ela perceber e chamar atenção dele.
-Bem, já que o Fujo não lhe apresenta... – o desconhecido veio saltitante até Lisa – Este é Goro Daiki, primo de Fujo. – ela o apresentou sorridente. – Goro-kun, este é Ayako-chan.
-M-muito praz—
-O prazer é todo meu, Ayako-chan! Como está? Veio nos ajudar? Ah que bom, assim acabamos mais rápido! Vamos, pegue o espanador e...
-Goro. – Fujo chamou com uma veia saltada na testa. – Não percebe que está assustando o garoto?
-Uh? – ele fitou-me vendo que eu estava um pouco assustado com o jeito elétrico dele. – Oh, me perdoe, jovem. É que sou um pouquinho agitado, sabe? Hehe
-“Pouco”? – Perguntaram Lisa e Fujo em uníssono.
-Hehe... Não ligue para eles.

Ele respondeu os fitando sério. O primo de Fujo parecia ser bem animado mesmo, o contrário de meu namorado. Ele parecia ser alegre pelos dois. No final acabou que Goro me fez sentar no sofá e esperar a limpeza ficar pronta. Lisa-chan desceu para a recepção despedindo-se de nós três.

-Goro-san, quantos anos você tem? – perguntei curioso.
-Tenho 36, por quê, meu bem? – ele perguntou sorridente.
-T-trinta e seis?!!

Não acreditei. Goro parecia ser bem mais novo que Fujo, talvez pelo seu semblante alegre, isso deve deixa-lo mais jovial. Conversamos um pouco enquanto Fujo dava atenção ao computador como sempre. Descobri que Goro-san é filho da irmã da senhora Daiki, mãe de Fujo, com um caso de beira de estrada, já que ela viajava muito pelo mundo antes de engravidar, o que me fez desaparecer a dúvida caso ele fosse ou não filho daquele tio monstruoso que Fujo teve. Descobri também que Fujo e Goro, apesar da diferença de personalidade, são bem próximos e se dão muito bem, pois conviveram juntos desde que o primeiro nasceu, já que no caso o segundo tinha 8 anos, na época. Por fim descobri que ele não via Akio desde os 13 anos, quando se mudou para o interior, em busca de inspiração para as suas pinturas. Sim, ele era pintor e nunca foi muito ligado a essas coisas de tecnologia (celular, computador, etc), falando quatro ou cinco vezes ao ano com Fujo por um orelhão da cidade.

-Ah, como deve estar meu priminho Akio? Da última vez em que eu o vi ele era do seu tamanho, Ayako-chan.
-Não se preocupe, ele não cresceu muito, Goro. Continua o mesmo bebezão emburrado de sempre. – respondeu Fujo, mostrando que ele prestava atenção esse tempo todo na conversa.
-Ah, não fale assim de seu irmãozinho, Fu-chan.
-“Fu-chan”? – repeti em tom cômico.
-Quantas vezes já lhe disse para não me chamar mais assim? – ele retrucou irritado.
-Você era uma graça quando deixava eu te chamar assim, ficava todo vermelhinho! Oh! O que é isso em suas bochechas? Você está ficando vermelho de novo, Fu-chan? Owwwwn, que amor...

Goro juntou as mãos, encostando a cabeça nas mesmas enquanto se aproximava no intuito de apertar as bochechas de Fujo, que nada fez além de pegar o estilete em meio as canetas e lápis que estavam num copinho, fazendo Goro afastar-se.

-Ok, ok. Amigo, amigo... Bem, vou falar com o senhor presidente. Até!

Com o passar da tarde Fujo contou-me que Goro voltou do interior no intuito de atualizar-se e procurar agora inspiração urbana para suas artes, pois já estava entediado da área rural. A senhora Daiki, ao saber que seu sobrinho estaria voltando, mandou preparar um quarto para ele em sua casa e assim o hospedou. Já o senhor Daiki ofereceu um emprego na empresa para que ele se sustentasse enquanto ficava aqui, mas que iria primeiro avalia-lo para saber qual cargo seria justo para ele ocupar, sem regalias a ele por ser da família. Todos deviam batalhar para terem o cargo que desejam, como foi com Fujo, que começou como reles secretário do pai.
Ao que parece Goro e o senhor Daiki passaram a tarde discutindo os defeitos e qualidades do primeiro, tentando achar uma área que ele fosse mais compatível e, quando isso aconteceu, Goro entrou saltitante pela sala de Fujo, comemorando por ser o novo representante da área de marketing da empresa. Não era o chefe, mas sim mais um entre vários que teria que fazer a diferença para ser promovido, mas ele parecia não ligar muito para o cargo, já estava feliz em ter sido contratado.

-Parabéns, Goro-san.
-Ah, obrigado, Ayako-chan – ele me pegou pelas mãos, girando junto comigo – sinto-me tão inspirado que vou agora comprar telas, tintas e pincéis para poder pintar!
-Não trouxe seu material?
-Deixei para trás. – dizia aproximando-se de Fujo e pegando a carteira do mesmo em cima da mesa sem que ele percebesse - para poder começar uma nova fase junto com novo material! – Pegou o cartão de crédito dele, devolvendo a carteira e já se dirigindo até a porta, falando rápido e de uma só vez – Obrigado-Fujo-pelo-cartão-amanhã-eu-devolvo-beijos-Tchaaaaau! ♥

E então ele fechou a porta com Fujo a fitar a mesma como se ainda estivesse assimilando e tentando entender o que ele havia falado. Quando ele captou a mensagem, pegou rapidamente a carteira conferindo seus cartões e notando a ausência de um. Fujo bateu na mesa, bufando e gritando o nome do primo, correndo atrás do mesmo.

-GORO! Volte aqui!


A única coisa que eu conseguia fazer era rir sem parar. Em apenas um dia Goro conseguiu tirar Fujo da frente do monitor e de seus trabalhos antes da hora habitual. Pude sentir que se Fujo não tirar férias, Goro trará as mesmas a ele.

Vírgulas - Fic (22 ao 24)

Posted by : Ita-chan
Date : quarta-feira, 3 de julho de 2013
With 0 xingamentos

(Extras) Vírgulas - Fic (19 ao 21)

|
Abre ai! »
Logo, logo! \o.

(Extras) Vírgulas - Fic (19 ao 21)

Posted by : Ita-chan
Date :
With 0 xingamentos

The Hunchback of Notre Dame - Hellfire

| sábado, 29 de junho de 2013
Abre ai! »
     Sim, essa é uma canção do Corcunda de Notre Dame, da Disney. Devem estar se perguntando o por quê de eu ter colocado a canção de um filme infantil no post, mas peço apenas que se atentem à letra da canção (quem não é bom em inglês dá uma jogada no translator que sai quase a mesma coisa, rs)
    Poderia ter colocado a versão brasileira? Poderia. Afinal, essa versão é melhor do que a original em questão de qualidade, interpretação e voz; mas a letra é mais infantilizada. 
    Na canção original, se pode notar claramente a transição do Frollo pedinte de ajuda sobre seu pecado à Virgem Maria e do Frollo que pede piedade pelo ato que ele pretende cometer; totalmente ímpar ao primeiro juíz. 
    Além dessa análise, a canção está repleta de passagens que eu diria um tanto quanto pesadas - ou "polêmicas" - para um filme de classificação livre e rotulado como infantil.
    Exemplos como nos trechos em que ele diz estar indo para o caminho do pecado por conta do desejo que sente pela cigana ("This burning / Desire / Is turning me to sin");
    A conotação culposa à Deus na tentativa de explicar o sentimento pecaminoso que o invadiu e desviar a culpa de si ("He made the devil so much / Stronger than a man");
    A "conversa" que Claude Frollo tem com o fogo e Esmeralda dançando nas chamas sensualmente conotam claramente a luxúria que passou a sufocar o ministro desde quando a viu dançar no Pátio dos Milagres, durante o Festival dos Tolos.
    Sem mais analises, curtam a música e se aprofundem na letra. Quem quiser ouvir a versão em português, é só ir até o final do post.




~Hellfire~
Priests:

Confiteor Deo Omnipotenti (I confess to God almighty)

Beatae Mariae semper Virgini (To blessed Mary ever Virgin)

Beato Michaeli archangelo (To the blessed archangel Michael)

Sanctis apostolis omnibus sanctis (To the holy apostles, to all the saints)


Frollo:
Beata Maria
You know I am a righteous man
Of my virtue I am justly proud

Priests:
Et tibit Pater (And to you, Father)

Frollo:
Beata Maria
You know I'm so much purer than
The common, vulgar, weak, licentious crowd

Priests:
Quia peccavi nimis (That I have sinned)

Frollo:
Then tell me, Maria
Why I see her dancing there
Why her smold'ring eyes still scorch my soul

Priests:
Cogitatione (In thought)

Frollo:
I feel her, I see her
The sun caught in her raven hair
Is blazing in me out of all control

Priests:
Verbo et opere (In word and deed)

Frollo:
Like fire
Hellfire
This fire in my skin
This burning
Desire
Is turning me to sin
It's not my fault

Priests:
Mea culpa (Through my fault)

Frollo:
I'm not to blame

Priests:
Mea culpa (Through my fault)

Frollo:
It is the gypsy girl
The witch who sent this flame

Priests:
Mea maxima culpa (Through my most griveous fault)

Frollo:
It's not my fault

Priests:
Mea culpa (Through my fault)

Frollo:
If in God's plan

Priests:
Mea culpa (Through my fault)

Frollo:
He made the devil so much
Stronger than a man

Priests:
Mea maxima culpa (Through my most griveous fault)

Frollo:
Protect me, Maria
Don't let this siren cast her spell
Don't let her fire sear my flesh and bone
Destroy Esmeralda
And let her taste the fires of hell
Or else let her be mine and mine alone

Guard:
-Minister Frollo, the gypsy has escaped

Frollo:
-What?

Guard:
-She's no longer in the cathedral. She's gone

Frollo:
-But how? Never mind. Get out, you idiot
-I'll find her. I'll find her if I have to burn down all of Paris
Hellfire
Dark fire
Now gypsy, it's your turn
Choose me or
Your pyre
Be mine or you will burn

Priests:
Kyrie Eleison (Lord have mercy)

Frollo:
God have mercy on her

Priests:
Kyrie Eleison (Lord have mercy)

Frollo:
God have mercy on me

Priests:
Kyrie Eleison (Lord have mercy)

Frollo:
But she will be mine
Or she will burn!


Fogo Do Inferno:

The Hunchback of Notre Dame - Hellfire

Posted by : Ita-chan
Date : sábado, 29 de junho de 2013
With 0 xingamentos

Quem vos fala:

▲Top▲