Capítulo 04 - Um pequeno mal entendido.
Eram 17h00min e eu estava parado na porta do edifício onde moro, pensando na hipótese da mesma coisa acontecer como das últimas duas vezes: eu tentar entrar em meu apartamento, Tatsuya aparecer e assim eu ceder novamente aquele ruivo. Resolvi dar meia volta e vagar um pouco pela rua, porém acabei esbarrando num rapaz loiro, mais ou menos de minha altura, devido a isso acabei colidindo minha cabeça na dele também, fazendo levarmos nossas mãos as respectivas testas. De imediato apressei-me em pedir desculpas.
-Me perdoe, eu não sabia que havia alguém atrás de mim – ao olhar atentamente para a pessoa a sua frente assustou-se ao perceber que era nada mais nada menos do que seu vizinho.
-Tudo bem, eu estava distraído, acabei não o vendo... – Chiharu fitou o rapaz a sua frente e o reconheceu – Ah! Você não é meu vizinho?
-Eh? A-ah, sou sim... – respondeu hesitante.
Entre tantas pessoas porque eu sempre esbarro nas que moram ao lado? Argh...
Pensei em sair correndo quando ele me fez tal pergunta, mas minha educação não me permitiu tal feito... Pensei então em educadamente retirar-me pedindo licença ou algo do tipo, mas de repente escutei um alto barulho vindo de cima. Tanto eu quanto meu vizinho olhamos para cima e podemos ver fumaça saindo da varanda do último.
Ele de imediato deu um tapa na própria testa dizendo algo parecido com “de novo não”. Olhei para ele no intuito de perguntar o que estava acontecendo, mas pude escutar vozes agitadas vindo do mesmo lugar da fumaça. Quando olhei para cima novamente, vi um rapaz alto e moreno aparecendo na varanda como se estivesse a fugir de alguém, ele olhou para baixo e dirigiu a palavra ao loiro a minha frente.
-Chiharu! Suba logo! Minha mãe está furiosa porque não consegue alcançar Tatsuya nem eu no pique! – exclamou Nowaki rindo.
Quando o ouvi falar o nome de Tatsuya senti meu coração disparar, mas o que me assustou mesmo foi quando o mesmo apareceu na varanda ao lado daquele moreno, desviando de um raio de luz que rapidamente desmaterializou a porta da varanda. Arregalei os olhos ao ver o estrago que aquele raio fez e também em ter o olhar de Tatsuya encontrando-se ao meu. Após isso, ele pulou de uma varanda para a outra, entrando em MEU apartamento.
-Ah! Eu não acredito nisso, Tatsuya! – exclamou Minoru irritado enquanto corria para dentro do edifício. Chiharu correu logo atrás onde ambos subiam as escadas juntos. – Que diabos aqueles dois estão fazendo em seu apartamento?
-Ah, eles são assim mesmos, só que dessa vez estão piores, desde já peço mil desculpas por Tatsuya ter invadido seu apartamento para tentar fugir de ser pego! – Chiharu desculpou-se encabulado pelo que Tatsuya fez.
Aquele rapaz poderia até pensar que foi aquilo, mas na verdade eu tinha em mente que Tatsuya pulou para o meu apartamento quando me viu lá embaixo. Cheguei ao terceiro andar junto com meu vizinho e entramos em nossos devidos apartamentos. Quando entrei no meu, pude constatar que meu apartamento permanecia com as luzes apagadas e que eu podia apenas ver a silhueta de Tatsuya em frente a varanda. Ele virou-se de lado e fitou-me sorrindo.
-O que você pensa que está fazendo invadindo meu apartamento?! – exclamou irritado.
-Não gostou de me ver aqui dentro esperando por você?
-Você não estava esperando por mim! Eu vi quando pulou de uma varanda para a outra! Você é louco? Poderia ter caído! – colocou a mochila sobre o sofá e caminhou a passos firmes até onde o ruivo estava ficando a alguns passos de distância deste.
-Então você estava preocupado comigo, Minoru? – aproximou-se do menor, que por vez dava passos para trás tentando manter a distância estabelecida entre ambos.
-Não chegue perto, fique ai!
-O que foi Minoru? Você vai continuar tentando me evitar? – aproximou-se do menor pela penumbra, segurando rápido e fortemente um dos pulsos do menor, fazendo o mesmo emitir um ruído de dor.
-T-tatsuya-san! – o chamou assustado.
-Se você não gosta, basta simplesmente falar que eu paro...
Naquele momento eu só conseguia sentir medo dele. Se bastasse apenas eu dizer que não gosto e ele se afastaria de mim, então por que eu não conseguia dizer tal coisa? Ele esperou pouco e logo me jogou – com a mesma força que pegou meu pulso – contra a parede, usando de seu próprio corpo para me apertar. Gemi. Ele me ergueu do chão, segurando, apertando e puxando minhas coxas contra seu corpo enquanto beijava-me a força, me fazendo, mais uma vez, ceder a ele e deixar que o mesmo usufruísse mais uma vez de meu corpo. Eu estava prensado contra a parede, tendo a porta ao nosso lado. Nós nos despíamos de maneira afobada até ouvirmos a porta bater e a voz daquele mesmo rapaz moreno mostrar-se presente.
-Irmão! – bateu na porta – Irmããão! Você está ai? Abra logo!
Tatsuya não iria atender a porta, mas aquele rapaz insistia tanto que ele deu-se por vencido, devolvendo-me calmamente para o chão sem antes suspirar impaciente. Eu por vez estava com as maçãs do rosto vermelhas, pois eu trajava apenas minha calça que iria ser abaixada naquele momento se não fossem as batidas na porta. Olhei atentamente para esta sendo aberta por Tatsuya e pude ver aquele rapaz moreno, estando eu escondido na penumbra. Surpreendi-me quando ele tornou a chamá-lo de irmão novamente, ainda mais por um não ser nada parecido com o outro.
-Irmão! O que você está fazendo ai? Não sabe que não se pode invadir o apartamento dos outros? – perguntou brincalhão.
-Claro que sei, mas... – cortado
-TATSUYA! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO NO APARTAMENTO DOS OUTROS? – exclamou uma voz feminina enquanto que a dona desta chutou a porta, abrindo a mesma por inteiro. Ela entrou no apartamento e ligou a luz, revelando Minoru e Tatsuya seminus.
-Sachiko-san reclama, mas faz o mesmo... – comentou Chiharu surgindo atrás de Nowaki.
CÉUS! O que era aquilo? Se não bastasse o irmão dele agora uma mulher louca chutava a porta de meu apartamento fazendo Tatsuya recuar alguns passos por estar com metade do corpo atrás desta; agora ela fez questão de ligar a luz revelando o estado de nós dois naquele momento. Todos os três que estavam ali na porta olhavam-nos surpresos e ruborizados por nos verem naquele estado. Tatsuya por vez tirou sua camisa e entregou a mim, já que a minha ele jogou em algum canto. Eu de imediato aceitei e a vesti enquanto o via parar em minha frente, cobrindo a visão dos demais sobre mim. Afinal de contas quem era aquela mulher? O que ela estava fazendo ali? Ela poderia ser alguma coisa dele? Namorada, talvez...
Eles aparentavam ter a mesma idade e eu sempre os via juntos... Senti meu coração apertar. Se ela era a namorada dele, eu na verdade não passava de um brinquedo para Tatsuya, um amante qualquer...
No que terminei de vestir a camisa dele, coloquei uma de minhas mãos sobre o braço de Tatsuya, revelando meia face minha. Sentia-me curioso para ver o rosto daquela mulher de novo na esperança de que alguma atitude da mesma fizesse meu pensamento a respeito dela ser namorada dele fosse arruinado, mas a única coisa que ela fez foi dar meia volta e correr para fora de meu apartamento.
-S-sachiko-san! – Chiharu correu atrás dela.
-A-ah! Perdoe-nos! Nós não queríamos ter interrompido vocês dois! – falou Nowaki sorrindo nervoso enquanto fechava a porta. Tatsuya, que não havia falado nada até o momento, virou-se de frente para Minoru e tocou os ombros do mesmo.
-Me desculpe pela bagunça que eles arrumaram na porta de seu apartamento, eu... – cortado.
-Não quero suas desculpas, quero que você saia daqui! – Minoru desfez-se das mãos do maior, que o fitava surpreso – Eu não quero você e não desejo vê-lo novamente!
Eu o empurrei para fora do apartamento, este, por vez, não disse nada, apenas dirigiu-se até a porta, fazendo exatamente o que eu havia falado e, antes de fechar a porta, disse um “boa noite” desta vez com o semblante sério, deixando-me atônito diante da porta recém-fechada, pois não esperava que desta vez ele fosse realmente me obedecer e sair daqui. Cai de joelhos e soquei o chão, deixando as lágrimas rolarem deliberadamente, quem era aquela mulher e o que ela era para ele? O que diabos Tatsuya tinha para mexer de tal maneira comigo? Não é possível que eu tenha me deixado levar assim tão facilmente por ele...
Capítulo 05 - Mas o quê...?
Acordei cedo no dia seguinte tendo tempo de sobra para me arrumar e pensar.
A camisa que ele me emprestou estava dobrada sobre a mesa do meu quarto para devolvê-la quando eu voltasse da faculdade. Passei a mão sobre a roupa dele, depois a segurei levando ao meu rosto, podendo sentir o cheiro sutil de rosas; seu cheiro que, em apenas duas noites, impregnou-se em meus lençóis e principalmente em meu travesseiro. Coloquei a camisa novamente sobre a mesa e sai a passos firmes de meu apartamento, tendo o semblante irritado e impaciente. Quando terminei de fechar a porta, pude ver aquele rapaz loiro saindo de seu apartamento também, ele por vez deu-me um bom dia sorridente, o que irritou-me mais ainda, já que isso me lembrava Tatsuya, porém não perdi minha compostura e tentei responder aquele bom-dia o mais natural possível, caminhando apressadamente até a escadaria. Ainda faltava uma hora para minhas aulas começarem, mas aquele dia eu resolvi ir andando lentamente até chegar lá ao invés de pegar um ônibus como todo dia faço.
O relógio marcava 17h00min e eu já estava subindo as escadarias até meu apartamento, estava com a cabeça mais espairecida por conta de meus estudos e do fato de ter pegado alguns livros para ler neste final de semana, já que hoje era sexta-feira e eu teria meu final de semana livre para estudar. Quando cheguei ao terceiro andar e virei na direção da porta de meu apartamento, pude ver Tatsuya saindo do seu e, quando ele iria fechar a porta, aquela mesma mulher de ontem apareceu e o abraçou alegremente, fazendo Tatsuya retribuir sorridente, humpf. Virei o rosto para o outro lado e continuei andando como se eles dois não estivessem ali. Abri a porta de meu apartamento e o barulho das chaves tilintando chamou a atenção deles, eu rapidamente entrei e fechei a porta atrás de mim.
-Obrigada por me segurar, tropecei em meus próprios pés! – falou Sachiko rindo – Tatsuya, você não vai lá falar com aquele rapaz? – perguntou curiosa.
-Não, mãe. Ele disse que não queria mais me ver e eu vou apenas respeitar a decisão dele. – respondeu desfazendo-se de seu sorriso – Vou à biblioteca. Não esperem por mim. – Tatsuya despediu-se e Sachiko ficou na porta do apartamento, observando o ruivo ir embora.
-Sachiko-san? O que está fazendo aí na porta? – perguntou Chiharu.
-Ah, Haru-kun, estou com pena do Tatsuya – respondeu entrando e fechando a porta atrás de si.
-O que houve com ele? – Chiharu perguntou curioso, seguindo Sachiko até o balcão da cozinha, onde Nowaki estava sentado do lado de dentro da mesma, comendo uma taça de sorvete.
-Ele estava há tanto tempo sem se apaixonar e agora que isso acontece aquele rapazinho diz que nunca mais quer vê-lo... – Sachiko sentou-se numa das cadeiras do lado de fora da cozinha, ficando de frente para Nowaki, apoiando os braços no balcão – Tatsuya nunca se deu bem nos relacionamentos que teve...
-Por que não? – Chiharu sentou-se ao lado de Sachiko.
-Digamos que meu irmão é um tipo diferente de pessoa para se amar, Haru-kun – respondeu Nowaki.
-O que ele tem de diferente? Para mim ele parece ser totalmente normal. Ele é culto, vive na biblioteca ou está aqui lendo; às vezes tem seus excessos de infantilidade que parece ser genético da família de vocês – revirou os olhos com o comentário – Ele é o mais calmo e centrado dentre vocês três.
-Sim, Haru-kun, mas isso porque Tatsuya puxou todo o comportamento do pai – respondeu Sachiko – Mesmo sendo fisicamente parecido comigo.
-Suponho que Nowaki seria o contrário então, certo? – deduziu Chiharu.
-Certo – respondeu Nowaki – mas entre todos os relacionamentos que Tatsuya teve, nenhum durou muito tempo...
-Por quê? – Chiharu perguntou curioso.
-Ãhn... Bem... – Nowaki encabulou-se.
-Tatsuya tem tendências sadistas, ou seja, ele gosta de maltratar, usar “brinquedinhos” e essas coisas quando vai transar com alguém. – respondeu Sachiko.
-EH? O Tatsuya? – Chiharu espantou-se – Mas ele é tão calmo e reservado, como pode ser assim?
-Diria que essa foi outra coisa que ele puxou do pai... – Sachiko comentou com um sorriso malicioso.
-Ah, eu não precisava saber dessa parte! – exclamou Nowaki.
-Mas se ele é assim, porque o vizinho não tem nenhuma marca no corpo nem nada do tipo? – observou Chiharu.
-Eu também pensei nisso. – respondeu Sachiko – Mas agora a pouco quando o vi abrir a porta de seu apartamento pude notar que o pulso dele estava com a marca da mão de Tatsuya... Mas também pensei na hipótese de Tatsuya ter se apaixonado, depois de tanto tempo, e isso possa ter ofuscado um pouco o sadismo dele nas primeiras vezes...
-Bem... – Nowaki levantou-se colocando a taça de sorvete já vazia na pia – Se eu fosse aquele garoto teria pena de mim mesmo, pois ele aparenta ser mais fraquinho que o Haru-kun.
-Eu não sou fraco! – bufou Chiharu.
-Mas Tatsuya é mais forte do que Bunko. – completou Sachiko tendo o moreno a confirmar.
-Mais forte?! – Chiharu perguntou surpreso.
-Bem mais forte. Quando nós treinávamos nossos físicos em lutas corporais eu sempre perdia... – Nowaki deu a volta no balcão parando ao lado de Chiharu.
-Ah... Ainda bem que eu me apaixonei pelo Nowaki, acho que se eu fosse apaixonado pelo Tatsuya isso não iria durar muito tempo... – Chiharu sorriu quando Nowaki beijou seu pescoço.
-Sinceramente? – Sachiko tomou a palavra – Eu não pretendo esperar para ver como isso vai acabar...
Capítulo 06 - Impossível te esquecer.
Meu final de semana passou num piscar de olhos. Não vi Tatsuya em lugar nenhum do prédio muito menos da rua. Quando fui à biblioteca até o procurei de relance dentro da mesma, mas a única coisa dele que vi foi sua assinatura no registro da recepção, onde todos que pegam um livro assinam ali, o mesmo acontece com o registro de devoluções. Ambos estavam com a assinatura dele marcadas no dia em que fui à biblioteca. Passei meu final de semana inteiro estudando e lendo, nem mesmo a voz dele eu podia escutar no apartamento ao lado. Ele estava apenas fazendo o que eu havia desejado naquela noite: nunca mais o ver. Sua camisa continuava em meu apartamento e aquilo me irritava mais ainda, pois era o que fazia me lembrar dele. Agora estava decidido: não vou mais pensar nele, vou focar-me apenas em meus estudos como fazia antes de conhecê-lo.
Tendo esse pensamento em mente consegui passar uma semana me dedicando aos estudos. Sempre que voltava para meu apartamento eu evitava olhar para a porta ao lado e procurava pensar nas coisas que eu tinha que fazer ao chegar. Numa dessas voltas para casa eu estava abrindo aporta de meu apartamento e pude ouvir a porta ao lado abrir-se bruscamente, de imediato girei a chave e abri a porta. Quando estava prestes a entrar em meu apartamento, aquela mulher ruiva correu em minha direção e me segurou pela mochila.
-Agora você não me escapa! – Minoru assustou-se com Sachiko.
-O que você quer de mim? – perguntou irritado enquanto era arrastado por Sachiko para dentro do apartamento de Chiharu.
-Olhe aqui, rapazinho, até quando você e meu filho vão ficar assim se evitando, hein? – Sachiko perguntou impaciente, obrigando Minoru a sentar-se no sofá. Ela parou de frente ao vizinho, cruzando os braços e batendo o salto no chão repetidas vezes.
-Seu filho? – perguntou surpreso – Que filho?
-Como assim que filho? – surpreendeu-se – Você também está tendo um caso com Bunko? Ele namora seu vizinho; não tem vergonha, rapaz?
-Você por um acaso está falando do Tatsuya?
-De quem mais você acha que eu estaria falando? – levou as mãos à cintura – Você é meio lerdinho, sabia?
-Mas... Eu achava que você e o Tatsuya fossem... – ruborizou.
-Ah... EH? Ele é meu filho, não o vejo com esses olhos, rapaz! – exclamou surpresa.
-Mas você não parece ser a mãe dele, eu pensei que vocês fossem namorados ou algo do tipo...
-Ah, obrigada por dizer que sou jovem, estou começando a gostar de você. Vamos, diga-me seu nome – sorriu.
-H-her... Minoru. – respondeu hesitante.
-Sachiko. Prazer. – acenou – Sou mãe do Tatsuya e do Bunko, o moreno que namora o loirinho Chiharu. Agora me diga o que houve para Tatsuya e você nunca mais se verem?
-Ah, desculpe, Sachiko-san, mas acho que não tem que se meter nos assuntos de seu filho... – cortado.
-Eu sei que não, mas nesse caso estou fazendo isso, pois você não sabe como ele ficou para baixo depois daquela noite!
-Tadaima... – Chiharu entrou no apartamento tossindo e com o semblante cansado.
-O que houve Haru-kun? Você não está com uma cara boa! – exclamou Sachiko preocupada, deixando um Minoru sentado no sofá um tanto surpreso pelas palavras dela.
-Eu estou bem. Onde está Nowaki? – Chiharu perguntou sentando-se no sofá vago.
-Está tomando banho, mas daqui a pouco deve estar saindo.
-Interrompi algo? – perguntou Chiharu.
-De maneira alguma, este é Minoru seu vizinho. – parou atrás do sofá onde Minoru estava sentado.
-Ah, nós já nos conhecemos. – tossiu mais algumas vezes.
-Chiharu você deve estar com febre, vejo as maçãs de seu rosto vermelhas daqui. Não tente me enganar, vou trazer um remédio para você.
Naquele momento eu não pude responder ao que Sachiko-san havia falado com relação à Tatsuya estar triste já que ela foi buscar um remédio para Chiharu, que agora estava deitado com os braços cobrindo os olhos. Um homem moreno saiu do banheiro trajando apenas uma calça preta, ele teve sua atenção chamada por Sachiko, que o mandou ir até a sala. Ao fazer isso encontrou Chiharu deitado no sofá e de imediato agachou-se ao lado do mesmo, acariciando a face dele.
Impossível não me lembrar de Tatsuya naquela hora, já que aquele rapaz era irmão dele. Os cuidados que o moreno tomou com o outro me lembrou de minha primeira vez com Tatsuya. Eu escutava Chiharu chamá-lo de Nowaki e este o confortava, pegando-o no colo e dizendo que cuidaria do mesmo. Sachiko-san deu um remédio para Chiharu e ficou apenas me observando fitar os dois até entrarem num dos quartos do apartamento e o maior fechar a porta.
-Você sente falta do Tatsuya, não sente? – perguntou Sachiko com voz mansa.
-... – Minoru olhou para a ruiva que sentou ao lado dele e colocou uma de suas mãos sobre o ombro do menor – Sachiko-san... – cortado.
-Não precisa mentir Minoru-kun, diga-me a verdade. Você não sentiria se não tivesse observado aqueles dois com tamanha sofreguidão no olhar, não é? – deu um meio sorriso tentando consolá-lo.
-Ahn, Sachiko-san eu... Eu confesso que ele me faz falta, mesmo eu não sabendo nada sobre ele, de onde vem, quem é ou o que faz; mas mesmo assim ele continua me fazendo falta. Eu... – Minoru cortou-se ao ouvir o barulho da porta do apartamento sendo aberta e logo direcionou seu olhar até a mesma, Sachiko o imitou.
Era Tatsuya. Ele entrou no apartamento dizendo um “tadaima”, porém não olhou para a sala, assim não percebeu que eu estava ali. Ele vestia um sobretudo – estava frio lá fora – e naquele momento tirava o mesmo, colocando os livros que carregava sobre o balcão da cozinha, pendurando a peça de roupa sobre uma das cadeiras do mesmo em seguida. Ele fechou a porta atrás de si e espreguiçou-se demoradamente.
-Okaeri, Tatsuya. – respondeu Sachiko.
-Sabe se meu irmão está ocupado, mãe? Preciso falar com... – Tatsuya virou-se na direção da voz de Sachiko e deparou-se com Minoru ao lado dela –... Ele.
-Acho que você pode falar com ele mais tarde, agora tem alguém aqui que veio te ver, já que você nunca mais foi vê-lo. – Sachiko comentou enquanto que Minoru piscava surpreso várias vezes, ainda mais por ter sido puxado e levantado do sofá pela ruiva. – Então, rapaz, vai ficar ai me olhando com cara de besta? Para isso já me basta o Tatsuya! – levou as mãos à cintura tendo o semblante impaciente.
Deixei de olhar Sachiko-san e passei a fitar Tatsuya, que me olhava sério, porém sem esconder certa surpresa em me ver ali. Meu coração estava disparado desde o momento em que ele abriu a porta do apartamento e entrou. Eu queria ir até ele, mas minhas pernas estavam travadas e em minha face um rubor se fazia presente. Sachiko-san empurrou-me e aquilo foi uma pequena dose de coragem mais que suficiente para me fazer caminhar até Tatsuya. Evitei fita-lo, pois o olhar dele desconcertava-me. Parei em frente à Tatsuya, mas não sabia o que dizer; fiquei alguns segundos parado na frente dele até resolver abraçá-lo fortemente e encostar minha cabeça em seu peito. Fechei rapidamente os olhos tentando evitar a vontade de chorar que se fazia presente no momento em que aquele cheiro de rosas invadiu minhas narinas e, com voz baixa e rouca, consegui apenas dizer:
-Senti sua falta... – escondeu o rosto no peito do maior percebendo que o mesmo até então não havia feito nada, nem ao menos retribuído o abraço que Minoru lhe deu -... T-tatsuya... – soluçou.
Naquele momento pensei que ele iria permanecer na posição que estava; eu iria afastar-me e, quando estava a fazer isso, ele puxou-me novamente para o abraço, desta vez retribuindo forte e ternamente, curvando-se para que pudesse sussurrar em meu ouvido sem desfazer-se daquele abraço.
-Também senti a sua.
Aquilo para mim foi o suficiente para não me conter mais e chorar; ele por vez segurou meu queixo e direcionou meus lábios aos dele, iniciando um caloroso e envolvente beijo. Sachiko-san por vez apenas assistiu a cena sorrindo e ao mesmo tempo separando-nos.
-Tudo bem, tudo bem, melhor vocês continuarem isso em outro lugar, por favor. – brincou Sachiko – E você, Tatsuya, com 31 anos na cara e ainda precisa de ajuda da mãe pra resolver seus problemas amorosos!
-Mãe! – Tatsuya bateu na própria testa ficando encabulado.
-T-trinta e um anos?! – Minoru perguntou surpreso.
-O que tem demais, Minoru-kun? – Sachiko perguntou curiosa.
-N-nada... É que ele parece ser muito mais jovem que isso!
-Ah, obrigado – Tatsuya sorriu.
-Esse rapazinho sabe como elogiar as pessoas! – Sachiko sorriu – Quantos anos você tem Minoru-kun?
-Fiz vinte há poucos meses. – Sachiko deu um pequeno pulo surpresa e rapidamente olhou para Tatsuya, que tinha um malicioso sorriso nos lábios.
-Ahrn, bem... Melhor vocês irem conversar em seu apartamento, certo, Minoru? – Sachiko sorriu encabulada empurrando os dois para fora do apartamento e, antes de fechar a porta, sussurrou algo no ouvido de Minoru que o deixou surpreso.
-Ouvi bem ou esse rapaz tem só 20 anos? – perguntou Nowaki saindo do quarto.
-O que você ouviu?
-Só a parte em que ele dizia à idade que tinha. – cruzou os braços – tenho pena dele...
-Já eu em dobro! – gota.
-Por que tanta pena, mãe? – perguntou curioso.
-Além de sado, seu irmão gosta do tipo jovem, novo, delicado e frágil; coisa que Minoru é ao cubo!
-É, vamos ver no que isso vai dar! – exclamou surpreso.
Não entendi o porquê de Sachiko-san ter nos expulsado do apartamento, mas quando Tatsuya arrastou-me para o meu e prensou-me contra a parede eu logo pude entender. Tatsuya alisava cada canto de meu corpo luxuriosamente, o que arrancava gemidos e mais gemidos além de suspiros meus, deixando-o mais excitado.
Quando cai exausto na cama, Tatsuya não me deixou descansar e puxou-me para mais uma dose. Ali pude constatar que ele era insaciável e comecei a notar que eu também era. Além disso, também notei que o que Sachiko-san me contou era a mais pura verdade: Tatsuya era sado. A princípio pensei que aquilo fosse um tipo de brincadeira ou algo parecido, mas enganei-me quando ele improvisou uma corda com o lençol da cama e amarrou meus pulsos na cabeceira da mesma. Aquilo até que não foi nada demais, acho que ele não fará algo pior...
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