A depressão

| sábado, 9 de maio de 2015


    Oi, gente! :)
    Até agora, ainda não abandonei de novo o blog, que notícia boa. Mas agora eu venho com esse post para falar um pouco - ou talvez muito - sobre depressão. Como eu havia comentado no post especial de 4 aninhos do blog, eu sofro de depressão e ansiedade e disse que iria falar das respectivas depois em outro post. 
       Antes de começar o assunto, gostaria de pedir desculpas pelo post gigantes. Eu me aprofundei bem no assunto e fiz um texto bem completo, de A a Z. Pois bem, neste eu vou falar sobre a depressão: o que é, causas, sintomas, tratamento, o convívio e como extra, vou falar como lido com isso e o tipo de depressão que eu tenho. Espero que apreciem e, aos que sofrem da mesma situação, sintam-se livres para me contatar. Devemos nos fortalecer contra este mal que está afetando cada vez mais a sociedade e, nos unindo, tudo se tornará mais fácil. :)

    Agora, vou colocar uma espécie de sumário aqui para facilitar as coisas:

-O que é?
-Quais são as causas?
-Fatores de risco.
-Como a sociedade enxerga?
-Quais são os sintomas? E o diagnóstico?
-Existem tipos distintos de depressão?
-Depressão x Tristeza ocasional.
-Depressão x Suicídio.
-Como é o convívio?
-Quais os tratamentos?
-O que faz melhorar e o que faz piorar?
-Alimentos que combatem a depressão.
-Extras: 
     A depressão e eu: um relacionamento sério de quase 2 anos.
-Fontes.


    O que é?

    Antes de tudo, a depressão é uma doença sim, muitas pessoas na nossa sociedade a classificam como "frescuragem” e quase sempre esta palavra vem acompanhada de outras do tipo: “Não passa dificuldade, tem tudo na vida, leva vida fácil. Tá com depressão nada, isso é falta... (do que fazer, de preocupação, de rola, etc)”.

    Há uma série de evidências que mostram alterações e desequilíbrios químicos no cérebro do indivíduo deprimido. Compare:


    Depressão é um distúrbio afetivo que combina dores físicas e sentimentos negativos, tais como: tristeza, baixa autoestima, pessimismo, etc.
    No mundo agitado e imediatista em que vivemos, existem pessoas com depressão e que não fazem ideia disso, sendo a maioria delas do sexo feminino. Enquanto existem pessoas com essa doença e não sabem, existem também pessoas que confundem a tristeza momentânea com a depressão, mas disso iremos comentar mais para frente.


    Quais são as causas?

    As causas não são as mesmas para todos, mas existem fatores que influenciam para o aparecimento desta doença como, por exemplo: desemprego, incapacidade de ultrapassar obstáculos e determinadas situações, algum trauma ou abuso, etc. A depressão é uma doença cuja aparição pode ser causada por N motivos.
    É fundamental detectar e compreender o que desencadeou a depressão para poder trabalhar em cima disso. Se a causa foi algum trauma: evite pensar e fazer coisas que o remetam a lembrar da situação; algum lugar: evite ir; se for alguma pessoa: evite contato e por aí vai...


    Fatores de risco:


    São grupos de pessoas que possuem uma maior probabilidade/risco de desenvolver a depressão devido a alguns dos seguintes fatores:

>Pessoas com episódios de depressão no passado;
>Pessoas com doenças crônicas (hipertensão, diabetes, AIDS, etc);
>Pessoas que sofreram a perda de alguém ou de algo muito valioso para si;
>Pessoas com histórico familiar de depressão;
>Idosos;
>Pessoas que cuidam ou moram com outras em estado de saúde grave;
>Mulheres (em especial na adolescência, no primeiro ano após o parto e menopausa);
>Dependentes de drogas e álcool;
>Pessoas com tendência para ansiedade e pânico;
>Circunstâncias da vida que causem stress.


    Como a sociedade enxerga?


    Como comentei logo no início, muitas pessoas enxergam esta doença como uma frescura e acham que na verdade a pessoa está é desocupada. O fato de se estar desocupado ou não, de fato exerce uma influência sobre a doença. Como toda mentira tem um fundo de verdade, uma pessoa sedentária tem uma probabilidade maior de desenvolver depressão, o que não quer dizer que as pessoas mais atarefadas do mundo estarão, automaticamente, imunes a doença.
    Alguns consideram a depressão como o mal do século, pois, em sua fase crítica, pode levar a vítima ao suicídio. Então sim, a depressão é uma doença grave que, se não for tratada, pode levar o paciente a óbito, assim como as demais doenças graves. O que difere a depressão das demais doenças mortais é que não existe uma cirurgia que vá removê-la, como um câncer ou um tumor. Não basta achar que irá se curar apenas ministrando os remédios corretamente, é necessária toda a ajuda das pessoas ao seu redor e, principalmente, vontade própria. Eu sei muito bem que nesta situação, ter vontade para algo é extremamente difícil, mas basta querer. Você não vai reconquistar toda a sua vontade e entusiasmo de um dia para o outro, da mesma forma que um prédio não é erguido neste mesmo período.
    Leva tempo para reconquistar seu antigo jeito de ser antes da depressão aparecer, é necessário paciência e, acima de tudo, perseverança.


    Quais são os sintomas? E o diagnóstico?

Sintomas:
    Vale deixar bem claro que a depressão não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas.
    Em alguns indivíduos, os sintomas emocionais (tristeza, desânimo, etc.) se mostram mais evidentes, mas existem casos onde os sintomas físicos é que se manifestam (dores, fadiga, etc.). O importante é não confundir esses sentimentos com situações isoladas e corriqueiras. Não é porque acordou se sentindo desanimado que está com depressão, por exemplo. Essas coisas acontecem. Ninguém se sente bem, feliz e sem dores a vida inteira. Não confunda.
    Quanto mais intenso, numeroso e duradouro forem os sintomas, pode haver uma tendência à depressão. Quando estes sintomas começam a te atrapalhar e a diminuir sua qualidade de vida, é hora de procurar ajuda.

    Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que isto não é nenhum tipo de diagnóstico definitivo, mas, se você se identifica com, pelo menos, 5 dos sintomas listados a seguir por mais de duas semanas, você pode estar sofrendo de depressão. Não se considere doente, isso é apenas especulação. Hoje você pode estar triste e/ou se sentindo desanimado, daí os itens listados podem coincidir. Confira:

>Sentimentos de desamparo e desesperança;
>Desinteresse, desânimo, apatia;
>Sentimento de culpa, tristeza e choro;
>Humor depressivo ou irritabilidade, inquietude, ansiedade e angústia;
>Em casos mais graves, desejar morrer, planejar uma forma de suicídio ou até chegar as vias de fato;
>Apetite e peso alterados (perda ou excesso);
>Alterações no sono (sonolência ou insônia);
>Fadiga e perda de energia;
>Sentimentos de inutilidade, falta de confiança, de autoestima e de incapacidade;
>Visualizar a realidade de maneira negativa;
>Esquecimento, falta ou dificuldade em concentrar-se;
>Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
>Alterações na libido;
>Diminuição ou falta de sentir interesse e prazer em atividades que antes lhe eram agradáveis;
>Inexplicáveis dores musculares, de cabeça, abdominais, nas costas e enjoos;
>Auto aversão, auto críticas duras;
>Intolerância;
>Descontrole dos pensamentos negativos, mesmo se esforçando para controlá-los;
>Tristeza por mais de duas semanas e todo o tempo;
>Incapacidade de sentir ou expressar sentimentos positivos.

 

    Você também pode acessar este site e fazer o teste de depressão. O resultado é enviado por e-mail:

Diagnóstico:

    Não existem diagnósticos específicos, mas são bem fáceis e precisos de se saber consultando um médico, pode ser um clínico geral mesmo, ele poderá identificar os sintomas e, se achar necessário, poderá encaminhar o paciente a um psiquiatra para, assim, dar início a um processo terapêutico e, caso necessário, a administrar medicamentos visando a cura gradativa da doença.


    Se você está em dúvida, se pergunte agora mesmo: “Quando foi a última vez em que eu me senti feliz?”


    Existem tipos de depressões diferentes?

    Sim. Ela pode ser classificada quanto a genética, o que desencadeou a doença e a gravidade desta. Primeiramente vamos conhecer os grupos existentes:
>Primária: quando não se detecta a causa;
>Secundária: promovida por perdas importantes, drogas, álcool, etc;
>Genética: quando há histórico na família;
>Unipolar: quando não existem sintomas maníacos;
>Bipolar: quando existem sintomas maníacos;
>Leve ou grave: grau, gravidade e comprometimento funcional.

    Agora que conhecemos os grupos da doença, iremos nos aprofundar em alguns tipos mais conhecidos:

    >Depressão Maior (Unipolar):
    Se não for devidamente tratada, dura cerca de seis meses, normalmente. Este tipo de depressão é conhecido pela incapacidade de curtir a vida e aproveitar os prazeres das atividades que mais gosta. Quem já sofreu desse tipo uma vez, tem chances de passar por isso novamente, pois ela é um transtorno recorrente.
    Geralmente causada por perdas que podem ser estimáveis (pessoas queridas, imóveis, etc.) ou a qualquer situação que seja considerada traumatizante para a pessoa. Ela é primária e não tem a ver com situações estressantes. Seus sintomas são intensos e por vezes até cruéis. Dentre as pessoas que sofrem deste tipo, o risco de suicídio é alto se não for tratado. De toda população com depressão, cerca de 25% tem este tipo.

    Depressão Atípica:
    Esta depressão é um subgrupo da Maior, citada acima. As pessoas que possuem este tipo de depressão estão propensas a um nível de humor elevado diante de algum acontecimento positivo, porém é temporário. Te faz sentir-se melhor quando pratica atividades prazerosas ou quando vivencia coisas boas, mas é tudo muito passageiro. Além do humor, pode existir o aumento de peso, apetite e sono, sensação de peso nos membros e uma sensibilidade acentuada à rejeição

    >Distimía (Leve):
    Vem do grego e significa “Mau humor”. Ela é voltada mais para situações onde a pessoa se sente razoavelmente deprimida, mas duram muito tempo, algo em torno de dois anos. Em alguns casos, pode levar muito mais tempo.
    O indivíduo consegue interagir socialmente, participar das coisas que gosta, de conversar, curtir a família, maaaas... ele não sente prazer algum com aquilo. Ele faz apenas para manter-se par na sociedade e não destonar em seu círculo social. Ele “atua” a todo o momento apenas para parecer um ser normal perante a todos, fingindo interesses e outros sentimentos.
    O jeito de levar a vida fica bem mais difícil e algumas pessoas acabam desenvolvendo um quadro novo e mais grave de depressão em conjunto com a que já tem. Esta situação, onde o indivíduo tem dois tipos distintos, é conhecido como “depressão dupla”.
    Quem sofre de distimía acha que o sentir-se deprimido é o jeito dele de ser, uma condição irrefutável e imudável, pois, ao contrário das demais depressões que fazem as pessoas pararem, esta não interfere nas atividades do indivíduo, mas o torna mais reclamão, rabugento e mau humorado. Quem procura ajuda médica, consegue se curar deste problema mesmo que o tratamento leve anos e que o portador tenha ignorado a situação por tanto tempo. Da população com depressão, 3% sofre desse tipo.


    >Transtorno Afetivo Sazonal (ou depressão de inverno):
    Ocorre quando alguma estação do ano promova mais dias “cinzas” (curtos, nublados, frios, etc.). Geralmente estes dias ocorrem com mais frequência no outono e no inverno, onde há limitação do sol.
    É muito comum em pessoas que vivem em locais frios e em jovens. Este tipo também é tratável, é feita uma terapia utilizando a luz artificial intensa – ou fototerapia -, expondo o paciente a mesma o que, muitas vezes, alivia os sintomas da pessoa.

    >Depressão Bipolar (ou psicose-maníaco-depressiva):


    Como o próprio nome propõe, este tipo de depressão é classificada, entre os grupos citados no começo do tópico, como bipolar. Neste tipo, alternam-se os ciclos maníaco e depressivo. Normalmente a mudança de ciclos é gradativa e cada ciclo pode durar várias semanas.
    No ciclo depressivo, o indivíduo apresenta os sintomas da depressão Maior. Já no ciclo maníaco, apresenta impulsividade, hiperatividade, euforia, falta de sono e fala rápida. Mesmo tendo estes sintomas, o tratamento é o mais ímpar dos demais tipos de depressão. A pessoa oscila entre altos (mania) e baixos (depressão).
    No ciclo mania, a pessoa enfrenta problemas sociais, pois podem ocorrer constrangimentos devido ao grande envolvimento em situações incertas e surreais, ou até mesmo em aventuras românticas, o levando a atitudes precipitadas e/ou erradas.
    Se este tipo de depressão não for tratada e vir a piorar, o indivíduo pode passar a sofrer de alucinações. Da população com depressão, 10% delas sofrem deste tipo.

    >Depressão melancólica (ou endógena):
    Este tipo de depressão é grave, pois causa um retardo ou uma agitação psicomotora absurda. A pessoa não reage a situações agradáveis, tem perda de apetite, pensamentos negativos, ideia de morte constante e se levanta de madrugada. O que é o grande agravante, pois estes sintomas se afloram mais pelo período da manhã. Este tipo de depressão é mais frequente em homens.

    >Depressão pós-parto:
    Este é um dos tipos de depressão mais conhecidos. Ocorre entre 2 semanas e 1 ano após o parto. Mulheres que já tiveram depressão antes, possuem um grande risco de desenvolver esta após o nascimento de seu filho. O parto em si e as mudanças hormonais ocorridos no corpo da mulher, podem gerar este tipo de depressão. Afeta 10% das mulheres.
    Dentre os sintomas, pode haver a rejeição ao bebê como também a ansiedade de querer sempre saber se ele está bem, sentimento de culpa, perda do bom humor, incapacidade de se divertir, etc.

    >Depressão durante a Menopausa:
    A menopausa não causa a depressão, mas as mulheres que já tiveram esta doença antes ou possuem histórico na família, possuem grandes chances de desenvolver a doença durante a menopausa. As mudanças no corpo da mulher devido a essa fase da vida podem acabar a deixando propensa para esse tipo de depressão.



    Dentre os sintomas, podemos citar fadiga e falta de energia, pensamentos de morte e suicídio, insônia, sentimentos de culpa e inutilidade, etc.
    Existe cura e tratamento. Eles são ministrados com medicamentos antidepressivos, psicoterapia ou ambos. Uma vantagem no tratamento com antidepressivos é que as ondas de calor podem diminuir.

    Estes foram os principais tipos de depressão. Existem outros, mas achei válido listar apenas os que a população mais sofre para não deixar o post absurdamente grande, coisa que, a essa altura, já está acontecendo. rs


    Depressão x Tristeza ocasional:

    É muito comum uma pessoa confundir sua tristeza, desânimo e/ou estado deprimido com a depressão em si. Acontece que não é bem assim. Se fossemos analisar deste jeito, então 100% da população teria depressão. Só se classifica os sentimentos negativos e a falta de ânimo para o dia a dia quando estes pioram gradativamente e passam de duas semanas. Caso contrário, é apenas um episódio isolado. Como diria o psiquiatra Ken Robbins: “Tristeza é uma emoção, depressão é uma doença”.
    Episódios isolados de baixo astral passam rapidamente, já quem está deprimido tende a se sentir impotente, sem esperança e se culpam por isso. Esse sentimento de culpa fica muito enraizado na pessoa.
    A tristeza momentânea não afeta a rotina da pessoa, mas a doença sim. Impede o ser humano de seguir naturalmente com a sua rotina, dificulta tudo, torna as atividades uma obrigação que só os atormenta e tudo lhe parece inútil e sem sentido de se fazer.
    Pessoas com depressão deixam de se interessar por assuntos referentes a família e amigos, deixam-se de importar com a própria vida e perdem o sentido de futuro, de ter prazer nas coisas que o agradavam. É normal o ser humano se sentir triste as vezes, afinal, como disse há alguns tópicos atrás, ninguém passa a vida inteira feliz e satisfeito, todos nós, em momentos de nossas vidas, passamos por períodos de tristeza e baixo astral.
    Então, pessoal, não se diagnostiquem com depressão só porque ficaram dois ou três dias melancólicos. Deem graças a Deus, pois pessoas que sofrem de depressão como eu, devem conviver com toda essa avalanche de sentimentos negativos e falta de vontade para tudo o tempo inteiro, as vezes por anos, sem saber quando realmente irá terminar, achando até que isso nunca irá acontecer.


    Depressão x Suicídio:

 

    Primeiramente, quando uma pessoa que sofre de depressão diz algo referente ao suicídio, as demais que não sofrem disso já logo respondem: “Pare de falar merda”, “É da boca para fora” e algumas, na ironia divina, até incentivam “Vai lá, então. Quer ajuda?” e mal sabem o impacto que essas palavras, mesmo sendo de brincadeira, atuam na mente do depressivo. Quando alguém com depressão diz que vai/quer se matar ou algo do tipo é porque a pessoa realmente vai/pensa em fazer isso, portanto, não faça brincadeiras com isso JAMAIS. É sério.
    Quando o indivíduo com a doença diz que quer dar um fim a vida é porque ela já está em um estado crítico, precisando urgentemente de ajuda médica e que a família e os amigos deem uma força.
    Dentre os principais motivos de suicídio no mundo, a maioria esmagadora é por conta da depressão. A pessoa passa a entender que, se matando, toda a infelicidade, o desespero, a desesperança e a dor irão terminar.
    Resumindo: quando o indivíduo diz que quer tirar a própria vida, pode ser considerado um pedido de socorro velado, um sinal de que a pessoa precisa de tratamento o quanto antes e que ela está falando sério. 
    Você pode detectar os sinais de alerta para o suicídio em uma pessoa quando ela:

>Usar sentenças como: “As pessoas ficariam melhor sem mim” ou “Qualquer dia acabo com isto tudo.”;
>Falar em morrer ou prejudicar a si mesmo;
>Expressar sentimentos fortes de desespero ou de se sentir encurralado;
>Mudanças repentinas de comportamento (de extremamente deprimido para extremamente calmo e alegre);
>Uma preocupação incomum com a morte ou em morrer;
>Querer se despedir de algumas pessoas;
>Comportar-se de forma imprudente, sem apreço à vida (dirigir em velocidade alta, se meter em situações perigosas).

    Se você conhece alguém assim, procure conversar com ela e tentar convencê-la a ir procurar ajuda médica. Se ofereça a ir junto e dar apoio também, se possível. Para uma pessoa com depressão, ver que tem alguém ao seu lado querendo ajuda-lo faz toda a diferença. Vai por mim.
    Agora, se é você quem tem esses pensamentos suicidas, saiba que provavelmente está com depressão e, se já sabe disso, quero te dizer que se suicidar não é a resposta para as coisas. Eu sei que está difícil, que tudo parece desmoronar em cima de você e que a sensação de estar atolado em areia movediça é cruel, mas, se você acredita em Deus, deve saber que ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém, nem mesmo a própria; se você é espírita, sabe que se fizer isso, irá sofrer muito mais e sua reencarnação não será uma coisa muito agradável.
    Se você não é nada disso, o que vou dizer a seguir vale para todos, independentemente de Deus e de religião: saiba que existem coisas lindas na vida que estão apenas esperando que você as descubra. Não se sinta sozinho, sempre haverá alguém para te fazer companhia e, se você não tiver essa pessoa agora, aguarda que logo, logo ela irá aparecer. Enquanto ela não aparece, vamos levantando o astral e cuidando de nós mesmos para estarmos apresentáveis para quando essa pessoa entrar em nossa vida, sim?
    Eu sei que o pensamento de suicídio te assombra, as vezes te soa muito tentador e como a única e exclusiva solução para todo e qualquer tipo de problema. Sei que os sentimentos são esmagadores, que as dores são chatas e por vezes cruéis, eu tenho uma que me atormenta todos os dias e o tempo todo, inclusive agora enquanto escrevo este post. Se alguém está passando por essa fase e está lendo isso, espero de verdade ter ajudado em algo e, se porventura quiserem falar comigo, não se acanhem, eis o meu contato: anabmdcarvalho@gmail.com
    Você sempre será importante e útil para alguém.


    Como é o convívio?

    Tem gente que diz estar se sentindo dentro de um buraco negro, que perdem o significado da vida, como se tudo fosse vazio, supérfluo e que vai estar na mesma de sempre: em casa, na cama, entediado, sozinho e sendo consumido pela depressão. Eu me encontraria assim agora se não estivesse escrevendo este post para o blog, pois em casa, na cama e sozinha eu já estou.


    Para quem tem depressão:
    O convívio com a doença é ruim, por vezes insuportável. Você diz coisas que não quer e que sabe que vai machucar as pessoas que estarão te ouvindo e se isola do mundo. Eu gostava muito de desenhar, as vezes ainda sinto muita vontade de pegar o lápis e tocá-lo no papel, mas todas as vezes que me vem esse desejo, vem junto o pensamento: “Para quê? Depois que eu terminar, não vou ter nada para fazer. Prefiro continuar assim que no fim deu a mesma coisa.”
    As tarefas passam a ser pura e somente obrigação. Não somente trabalho e estudo, mas também a diversão. Essa é a atividade mais cruel que existe, pois você se vê obrigado a agir por fora de uma maneira completamente ímpar do jeito que você está por dentro apenas para não destoar do contexto. Você não quer ir, participar, conversar, falar. Você não quer mais ATUAR.
    Atuar felicidade, interesse, indignação, entusiasmo, amor, relacionamentos interpessoais... tudo é na base da atuação. Você atua o tempo inteiro, porém sem câmeras, sem estúdio e sem ganhar por isso.
    Acredito que quem prestou bem atenção em tudo que escrevi até agora e com base neste último texto, já consegue dar um palpite sobre o meu tipo de depressão. rs

    Para quem convive com uma pessoa assim:
    É como gostar muito de uma comida que vai te fazer mal. Ex.: eu amo calabresa, mas sei que se eu comer, vai me fazer mal e eu não vou conseguir dormir de noite com fortes dores estomacais, pois tenho extrema intolerância a esse tipo de comida e remédio algum vai me tirar essa dor.
    Passando para a vida real: você ama a pessoa que tem depressão, seja seu amigo, seu parceiro ou seu parente. Mas você sabe que se ficar muito tempo perto dela, uma hora ela vai começar a te machucar, a te fazer mal e isso vai ficar gravado na sua cabeça por um bom tempo, talvez até para sempre e “remédio” algum poderá tirar o que ficou gravado em sua memória. Entenderam a analogia? É mais ou menos assim.


    Quais os tratamentos?

    O essencial para se tratar a depressão são os medicamentos. Existem cerca de 30 tipos de antidepressivos disponíveis no mercado. Esses medicamentos são do tipo tarja preta e adquiridos apenas com prescrição médica. Eles não são como drogas, não provocam vício e, de um modo geral, não deixam a pessoa entorpecida e incapacitada, e o mais importante: eles não surtem efeito de imediato, são necessárias algumas semanas para poder sentir os resultados. Tudo é questão de esforço e dedicação.

 

    Algumas pessoas, mesmo depois de curadas da depressão, continuam tomando o antidepressivo por um período a fim de evitar o reaparecimento da doença.
    Já a psicoterapia ajuda o paciente, mas não previne o aparecimento de uma nova depressão e, dependendo da extensão do quadro, não há cura. A psicoterapia ajuda o paciente a se reestruturar psicologicamente, a entender melhor o que está se passando com ele e seus conflitos, a ver a “luz no fim do túnel” e, assim, fica menos estressado e mal-humorado. Eu frequento duas vezes na semana e gosto muito, mesmo que eu saia de lá chorando igual a prostituta mal paga, eu saio mais aliviada, com menos peso nas costas, pois eu pude me abrir com uma pessoa que soube analisar e me reconfortar da maneira correta, mas veja bem: não é porque o tratamento que eu faço funciona comigo que irá funcionar com todo mundo. Existem casos e casos. O que dá certo para um, pode dar errado para o outro e vice-versa.


   É bom que as pessoas em seu círculo de amizades saibam da sua condição, assim, quem quiser, vai te ajudar e te apoiar.
    Além do apoio das pessoas próximas, dos medicamentos e das psicoterapias, fazer exercícios, regular o sono, ter uma alimentação saudável e insistir no pensamento positivo, mesmo se o negativo se faça presente ou não, são algumas mudanças fáceis de se fazer e que resultam em um impacto significativo sobre a depressão. A pessoa que sofre disso, não pode ficar parada, mesmo que esta seja a sua única vontade. Se você não “remar contra”, a correnteza vai te levar embora. Se fizer o que a sua depressão quer, vai se afundar cada vez mais. Eu sei que é muito difícil sair fazendo atividades, ainda mais quando se quer ficar trancado dentro de casa, mas ficar trancado te dará uma falsa sensação de segurança e proteção, quando, na verdade, você está dando asas a sua doença.


    O que faz melhorar e o que faz piorar?

    Melhorar:


>Evite álcool e drogas: te dá um prazer momentâneo, mas depois que termina o efeito, a depressão vem com tudo para cima, se aproveitando do estado fragilizado da pessoa;
>Praticar exercícios físicos: a prática libera substâncias que potencializam o antidepressivo do tratamento;
>Tenha uma alimentação saudável e alimente-se bem: comer mal, em demasia ou ficar em jejum provoca alterações químicas no corpo que favorecem a depressão;
>Se interesse por pequenas coisas da vida: aprecie a natureza, admire um passarinho, tome seu sorvete favorito, coma sua bala preferida... esses pequenos prazeres da vida são maravilhosos;
>Mantenha a agenda em dia: não deixe sua rotina de lado, mesmo que não a queira fazer. Mantenha sua agenda, faça atividades que você gosta e que te tragam diversão, não jogue tudo para o alto, isso é tudo o que a depressão quer que você faça. A neurologista Thais Rodrigues diz: “Evitar a exposição, na medida do possível, a informações negativas e aumentar as positivas ajuda muito”;
>Tenha uma boa noite de sono: tente acertar seu horário de acordo com as suas necessidades, faça refeições leves antes de dormir, coma alimentos que te auxiliem na luta contra a insônia (banana, maracujá, etc.) e evite as que te deixarão acordado (cafés, energéticos, etc.). Uma noite mal dormida só piora seu humor e quanto pior você estiver, melhor será para a depressão se manifestar.

    Piorar:


>Isolamento social: se isolar das pessoas fará com que os pensamentos ruins se proliferem. Tente fazer um social com as pessoas mais próximas, se elas sabem da sua condição, irão entender sua intenção e te ajudarão;
>Automedicação: você não sabe qual remédio antidepressivo é o ideal para o seu caso, nem a dosagem, tão pouco se deve realmente tomar isso ou não e principalmente se irá te fazer bem. Ao invés de ficar tentando se automedicar para ver se melhora, porque não vai fazer algum exercício ou alguma coisa que te dê prazer? Garanto que será muito mais sadio do que se automedicar;
>Sedentarismo: mente vazia, oficina do Diabo (ou da depressão, como queiram);
>Álcool, drogas e comidas gordurosas: te fazem fugir da realidade por curto tempo e, quando é hora de voltar, as coisas só pioram, te fazendo consumir mais para que dure mais tempo e assim se inicia o vício, que irá o arrastar ainda mais para o fundo do poço, portanto, evite ao máximo;
>Você mesmo: acreditar e ficar pensando que não adiantará, não dará certo e que você vai ficar assim para sempre. Tudo isso irá te afundar ao ponto que essas mentiras que contou para si, irão se transformar em verdades, portanto, pensamento positivo. Veja a luz no fim do túnel ou ao menos a imagine que uma hora ela aparecerá;
>JAMAIS abandone seu tratamento: essas coisas não surtem efeito imediato, são necessários tempo e dedicação para poder ver os resultados a médio prazo. Você não começa a malhar achando que no primeiro dia sairá de lá com o corpo de fisiculturista. Você também sabe perfeitamente que se for tratar de um dente careado e largar o tratamento pela metade, seu dente ficará exposto e apodrecerá muito mais rápido. Abandonar um tratamento contra a depressão segue esse mesmo caminho da academia e do dentista. Foi apenas outra analogia, viu? :)


    Alimentos que combatem a depressão:


>Castanha-do-pará, nozes e amêndoas: são recomendadas 2 ou 3 castanhas-do-pará, 5 nozes e 10 a 12 amêndoas. Dá para misturá-las também;
>Frutas: melancia, maçã, laranja, mamão, abacate, banana, limão e tangerina são ótimas frutas para combater a depressão. Procure incorporá-las ao seu cardápio, faça uma salada de frutas que possa conter ao menos uma delas, coma uma de sobremesa no almoço ou faça doces com elas. A imaginação é livre;
>Leite e iogurte desnatado: ricos em cálcio, mineral que elimina tensão e depressão;
>Carnes magras e peixes: são fontes de proteína que ajudam no combate;
>Mel: estimula a serotonina, hormônio responsável pelo prazer e bem-estar;
>Ovos: fonte de vitaminas do complexo B que colaboram com o bom humor;
>Aveia e centeio: ricos em vitaminas do complexo B e E, combatem a ansiedade e a depressão;
>Carboidratos complexos: encontrados em pães e cereais integrais (trigo, arroz, etc.), estimulam a produção de serotonina e ajudam a reduzir as sensações de depressão;
>Soja: rica em magnésio, ajuda a reduzir a fadiga e combate o estresse, ainda mais quando combinada com cálcio;
>Folhas verdes: hortaliças, espinafre, brócolis e alface são algumas folhas que possuem Folato, uma vitamina do complexo B que reduz a prevalência de sintomas depressivos.


    Extras: 
    A depressão e eu: um relacionamento sério de quase 2 anos.

    Não sei muito bem como descobri ter depressão, mas os sintomas que tenho com muita frequência são: tristeza, desânimo, sentimento de inutilidade e, principalmente, passo horas tentando entender o sentido da vida. Quando tento esse último, não encontro respostas que me satisfaçam, tudo parece tão vazio e sem sentindo que me pergunto até quanto tempo irá durar. Se me encontro pensando no sentido da vida, não me dá vontade de fazer nada, só de ficar sentada olhando para frente e fim.
    Sobre o convívio social, procuro não ficar me expondo muito, mas também não entrar em reclusão total. Tento equilibrar os dois polos de maneira que eu destone o mínimo possível da sociedade. Quem convive comigo sabe que as vezes falo coisas que machucam. Eu não falo isso porque me deu "na telha", é como se me mandassem dizer. Já para isso procuro me calar na maior parte do tempo, mas as vezes acabo soltando umas e outras. Ainda estou tentando controlar isso. 
    Adoro me isolar, mas sei que isso é uma armadilha fatal. Por mim, passaria o resto da vida reclusa sem falar nem com meus próprios pensamentos, mas se eu fizesse isso, não teria o resto da vida para tal, provavelmente já teria me suicidado.
    Sim, eu atuo sentimentos. Atuo principalmente estes: interesse, apreço e alegria. Posso repetir o interesse infinitas vezes?
    Nada me interessa. Não quero saber o que pensam ou falam de mim, do fulano, do ciclano, da novela, das notícias, da política, da religião ou o que for. Não quero saber de nada e não me importo se falam mal do que eu gosto, seja um objeto ou uma pessoa, mas tenho que fingir indignação também.
    Não quero rir, ir, vir, conversar, me expressar e nem me abrir, mas quero me fechar. Não é fácil ter que “remar contra”, como citei lá em cima, mas é necessário. 
    Eu consigo me encaixar na sociedade, as pessoas não precisam me olhar com olhos diferentes, nem ficarem receosas ou talvez até com medo de que eu vá sair dando a louca no meio da rua do nada. Eu não sou assim.
    Existe um vídeo da World Health Organization onde a depressão é personificada como um cão preto. Me identifiquei tanto com o rapaz do vídeo, que todas as vezes que vejo, me dá vontade de chorar. Vale a pena assistir:

  
    Eu não sou muito fã de samba, mas quando acordo “atacada da depressão” (ou seria o mais correto “atacada pela depressão”?), escuto ou fico cantarolando um sambinha bem marotinho. Ela se chama Tá Escrito e é do grupo Revelação. O trecho que eu mais repito na minha cabeça é esse:

Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar


    Ouçam. A letra é muito boa mesmo. :)

    Por fim, espero ter esclarecido dúvidas e instruído mentes. Peço novamente desculpas pelo post gigantesco e agradeço imensamente a quem chegou até aqui. Desejo a toda população com depressão força para seguirem em frente, pois, infelizmente, a nossa estrada é esburacada pelos nossos pensamentos e sentimentos.


    Fontes:
>https://www.saiadoescuro.pt/sintomas/6.htm
>http://drauziovarella.com.br/drauzio/diagnostico-de-depressao/
>http://www.virtual.epm.br/material/tis/currbio/trab2003/g4/classificacao.htm
>http://www.minhavida.com.br/saude/temas/depressao
>http://hypescience.com/sintomas-de-depressao/
>http://www.escolapsicologia.com/compreender-depressao-sintomas-causas-tratamento/
>http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/ministeriosaude/saude+mental/depressao.htm
>http://www.escolapsicologia.com/compreender-depressao-sintomas-causas-tratamento/
>http://www.mdsaude.com/2012/04/o-que-e-depressao.html
>http://www.cuidadosmil.com.br/artigos/depressao-durante-a-menopausa.html

2 xingamentos :

  1. De nada! Espero ter te ajudado em algo. No momento, estou reescrevendo meu artigo, o atualizando e o deixando mais incrementado. Estou fazendo isso com a ajuda de dois psicólogos para que o artigo fique mais original e sem depender tanto das fontes já existentes no Google. Assim que o artigo estiver pronto, irei publicá-lo no blog.
    Se precisar de qualquer tipo de ajuda sobre esse assunto, estarei à disposição.

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