Capítulo 16: Noite de Natal
Eu não estava com raiva por ter visto aquela cena,
pelo que Akio-kun havia desabafado com o irmão, o mesmo não o retribuída, por
tanto, eu não via nenhuma traição ali, apenas um infortúnio da vida: um amor
não correspondido.
Alías... Será que Fujo me amava? Ele nunca disse nem
que gostava de mim, mas sei lá, aquilo nunca me incomodou ou eu nunca havia
reparado mesmo...
Eu estava deitado no sofá do escritório dele, fingindo
dormir quando na verdade minha cabeça estava cheia de pensamentos e nenhum
deles me trazia sono sequer conforto para isso. Eu estava começando a sentir o
coração apertar quando pensei na possibilidade dele não me amar e estar
simplesmente me usando... Mas eu me entreguei a ele de corpo e alma, fui completamente
dele desde a primeira vez e ele sabe disso. Será que isso não faz diferença à
ele? Não deve fazer mesmo... Minha cabeça já estava conformando-se com o fato
de que ele não ama ninguém. Não estava pensando assim para aliviar minha dor,
mas por eu realmente achar que eu nunca irá amar.
Levantei-me do sofá e sai do escritório, indo para
casa mais cedo e à pé. Eu estava engolindo o choro para não demonstrar isso na
rua, mas meu coração estava realmente espremido e minha mente não se desfazia
desses pensamentos, que só me faziam sentir-me pior. Ele notou quando sai sem
falar nada? Ele espera que eu volte como quem foi apenas beber um pouco d’água
ou dar uma volta? Ele ao menos pensa em mim?
Cheguei em casa, cumprimentei meus pais brevemente e
me tranquei no quarto, podendo, agora, desabar em silêncio e privacidade.
Natal
Era véspera de Natal. Eu já estava há uma semana sem o
ver nem ir à empresa. Eu pensava sempre em correr atrás dele, mas pensamentos
como aqueles faziam-me desanimar e desistir. A família estava chegando aos
poucos para comerem juntos. Eram em torno de 22hs. A casa estava decorada com
acessórios natalinos, a árvore de Natal cheia de presentes e pela primeira vez
eu não me importava com tudo aquilo. Eu estava definitivamente desanimado, mas
não podia demonstrar isso.
A celebração passou alegre, todos trocaram presentes,
eu deixei os meus parar abrir mais tarde alegando que ainda estava ocupado
comendo quando na verdade eu segurava o prato de comida como enfeite, nada
mais.
Estavam todos reunidos na sala agora, contando
histórias antigas, acontecimentos recentes e etc. Eu até prestava atenção para
tentar me dispersar de pensamentos ruins numa celebração tão alegre e positiva.
Um dos meus primos, que estava encostado ao lado da janela, viu um carro
passando e não resistiu o comentário.
-Nossa pessoal! Olha só queque carro lindo e luxuoso!
Céus! Ela parou aqui! Aika-san, não nos contou que tem amigos tão importantes!
Arregalei os olhos ao ouví-lo dizer ‘carro luxuoso’ e
‘parado’, indo até a janela conferir, mas não tive coragem de ver quem saía
dela, provavelmente era o senhor Daiki e a espoa dele de passagem. Sentei no
sofá e ai permaneceria quieto até que fossem embora. A campainha tocou. Minha
mãe abriu a mesma e pude escutar um murmurinho da porta, mas o da sala era
maior, não pude entender o que ela falava, apenas escutei quando ela me chamou
e eu, de prontidão, fui até ela, encontrando Fujo na porta de casa.
-Ay-chan, seu amigo veio convidá-lo para passar o
resto do natal com a família dele, portanto, não faça essa desfeita. Eu já
falei com ele e você pode ir, depois eu mando sua mala,ok?
-M-mas, mãe!
-Nada de mais, agora vá!
Ela disse me dando pequenos empurros para que eu
saísse de casa enquanto que sorria gentilmente, esperando eu entrar no carro
para fechar a porta. Eu senti apenas a mão de Fujo segurar meu braço sem usar
força até entrar-mos no carro. Ele fechou a porta e começou a dirigir sem falar
nada, apenas dirigindo. Olhei para a rua que iríamos entrar, mas ele passou
direto, parando numa outra rua deserta. O fitei confuso, sem saber o porquê
dele ter feito isso e o mesmo apenas segurou novamente meu braço, mas desta vez
com força e aquilo estava realmente doendo.
-F-fujo! Você está me machucando!
-O que te deu na cabeça de sumir deste jeito, garoto?
-E o que te importa? Não fez falta para você mesmo,
não é?
Ele não me respondeu apenas me jogou para o banco de
trás com força. Eu podia perceber que aquela força que ele usava era nada mais
do que sua raiva e a mesma doía, mas eu não podia fazer nada naquele momento a
não ser ouvir o que ele iria dizer. Esperei por palavras enquanto me acomodava
no banco de trás, dando espaço enquanto que ele ia para o mesmo lugar, mas não
recebi nenhuma, apenas o olhar furioso dele enquanto que o mesmo prendia ambos
os meus pulsos com sua mão canhota sem dificuldade alguma devida a grande
diferença entre as forças existentes. Comecei a debater-me, mas era em vão.
Fujo então prensou-me contra o encosto do banco de trás,
deslizando a mão livre por meu peito, rasgando minha blusa como quem rasga uma
folha de papel o que assustou-me mais do que eu já estava.
-Fujo, o-o que você está f-fazendo...?
Perguntei tentando engolir o choro. Ele nada respondeu
apenas tomou meus lábios de maneira bruta enquanto que abria e arrancava a
calça de meu corpo, deixando-me completamente nu em questão de segundos. Senti
os lábios dele descerem por meu pescoço e passarem por meus mamilos, marcando
sem delicadeza alguma meu corpo. Ao chegar em meu pênis ele começou a
estimulá-lo, mas eu estava com medo e não queria aquilo, não conseguindo
grandes resultados.
Ele então abriu a própria calça, levantou-me pelos
punhos e botou-me de quatro no banco de trás sem soltar em momento algum minhas
mãos. Eu já estava ficando desesperado, comecei a pedir para que ele parasse,
pois não sabia o que estava fazendo e ele, por vez nada respondia, apenas
posicionava o próprio membro duro em mim, tapando minha boca com a mão livre
antes de penetrar-me de uma vez só. Tentei gritar, mas a mão dele abafava e
impedia que eu fizesse aquilo alto, ou seja, ele sabia que iria doer e preferiu
silenciar-me antes de fazer.
Pude sentir um líquido quente escorrer por entre
minhas pernas, preferi pensar que aquilo fosse qualquer coisa, menos sangue.
Fujo penetrava-me sem gentileza alguma, do contrário, era totalmente bruto e
penetrava forte, fundo. O choro que até então eu engolia passou a manifestar-se
com ardor e aquilo parecia não ter fim. Ele penetrava-me cada vez mais rápido e
aquilo doía demais para que eu pudesse aguentar. Quando ele ejaculou dentro de
mim eu apenas esperei ele retirar o membro sem vida e soltar meus punhos para
então me encolher no banco de trás sem coragem de olhar para a face dele e acabar
encontrando um sorriso, talvez.
Fiquei ali quieto e pude apenas sentir ele ir para o
banco da frente, ligar o carro e voltar a dirigir. Não sei quanto tempo se
passou, acho que uns 10 minutos, não estava ligando para o tempo, para nada.
Ele saiu do carro e abriu a porta de trás do mesmo, cobrindo-me com seu
sobretudo e pegando-me no colo, foi ai que percebi que estávamos na casa dele.
Meu olhar era vago, eu não chorava mais, apenas olhava para baixo enquanto ele
entrava pelos fundos para não ser visto pelos demais, indo até seu quarto e
trancando a porta. Senti o olhar dele sobre mim, mas nada fiz, ele, por vez,
sentou-se na cama deixando-me deitado em seu colo, pois sabia que no momento eu
estava impossibilitado de sentar.
De repente ele abraçou-me fortemente escondendo o
rosto em meu pescoço, era um abraço carinhoso onde eu pude ouvir a voz
sussurrada dele.
-Me perdoe.
Arregalei brevemente os olhos. Por que depois do que
fez ele me pede perdão? Tentei fita-lo, mas o mesmo me deitou na cama,
deitando-se ao meu lado e desta vez aninhando-me em seus braços de uma maneira
tão quente e terna que de imediato as lágrimas recomeçaram a rolar e ele nada
dissera além de repetir a última frase enquanto que acariciava meus cabelos. Eu
o amava, amava muito mesmo; demais. E naquele momento eu ficava com raiva de
mim mesmo só de pensar que provavelmente eu iria perdoá-lo e que a pessoa que
agora me consolava era a mesma que fizera algo monstruoso comigo.
Capítulo 17: Escuridão
Acordei tarde no dia seguinte, quando olhei no relógio
o mesmo já passava de meio-dia. Meu corpo ainda doía pelo que havia acontecido
e eu não estava com a mínima vontade de levantar da cama que, aliás, eu estava
sozinho nela. Levantei-me com certo custo, eu precisava de um banho para tentar
lavar a sensação de sujeira que impregnou-se em meu corpo e alma, constatei que
minha mala ainda não havia chegado e, se isso aconteceu, não estava ali. Abri o
armário de Fujo e dali tirei um casaco preto de algodão. Fui até o banheiro e
tranquei a porta do mesmo, tomando um banho demorado enquanto que a água do
chuveiro misturava-se com minhas lágrimas, tornando impossível de
distingui-las.
Quando saí do banheiro, com a toalha na cabeça e
vestindo apenas o casado de Fujo, pude ver o mesmo sentado na cadeira de sua
escrivaninha, virado de frente para mim e com a minha mala ao lado da mesinha.
Fiquei parado ali, olhando-o um pouco sem reação enquanto que o mesmo também
fitava-me, porém com a mesma expressão de sempre.
-Sua mãe acabou de deixar suas malas.
-......Obrigado.
-Eu vou entender senão quiser mais ficar aqui. –
cruzou os braços.
-Vou trocar de roupa, então.
Ele levantou-se, descruzando os braços e caminhando em
minha direção, o que me fez recuar um passo, fitando-o sem conseguir esconder o
medo dele tornar a fazer aquilo contra minha vontade. Ele parou com a distância
de um passo entre nós e tocou meu rosto, fitando-me fixamente.
-Eu sei que fiz algo egoísta de minha parte e não sabe
o quão arrependido estou, Ayako.
-Eu não sei se posso perdoá-lo, mesmo te amando muito,
e-eu passei a ter... – pausei, limpando as lágrimas antes que as mesmas
rolassem. – Eu passei a ter medo de você, Fujo...
Ele afastou a mão de meu rosto, estando com os olhos
levemente arregalados com minha resposta. Eu realmente havia ficado com medo de
Fujo, medo dele fazer aquilo de novo, medo de me machucar mais ainda... Eu
estava confuso e a única coisa que eu queria era nunca mais ver aquele Fujo
descontrolado que ele tem dentro de si. Ele caiu de joelhos em minha frente
mordendo com certa raiva o próprio lábio inferior enquanto que seus cabelos
escondiam seus olhos. Ele abraçou-me apertado, como se soubesse que nunca mais
iria me ver. Agora era eu quem estava surpreso com ele.
-Não saia de minha vida, Ayako. Você é a única luz em
meio a escuridão que minha vida é.
-E-escuridão...?
Ele não me respondeu, eu estava chocado em ver Fujo
daquele jeito, ele estava... Frágil?
Mas ele não é aquela muralha invencível em mente e
corpo que eu pensei que fosse? Ele sabe chorar, sorrir e até mesmo gargalhar?
Então por que ele é assim?
Naquele momento ele estava mostrando seu lado humano,
eu o via levantar-se e ir em direção à porta do quarto, fiquei fitando-o até
ter um estalo e pará-lo antes de tocar a maçaneta da porta, ficando na frente
dela. Ele fitou-se agora confuso, sem saber o por quê de minha reação.
-Eu não vou sair de sua vida, Fujo... Eu estou ligado
a você e nada irá me afastar, nada.
Ele fitava-me incrédulo. Acho que ele realmente
esperava que eu saísse da vida dele e sumisse para sempre pela reação dele. De
repente tive outro estalo: ele me chamou pelo nome, pela primeira vez ele me
chamou de Ayako, não de ‘garoto’ ou ‘moleque’. O que significava aquilo? Ele me
abraçou forte, erguendo-me e me levando para a cama, deitando-me na mesma e
voltando a me fitar.
-Você sabe o que é estar acostumado a viver na
escuridão e, de repente, como se caísse do céu, aparece um anjo e ilumina todo
aquele breu, mas, da mesma forma que um dia veio, foi-se no outro? Sabe o quão
desesperador foi ter que voltar para toda aquela escuridão?
Meus olhos aos poucos recomeçavam a brilhar enquanto
que minhas maçãs do rosto adquiriam o tom rosado. Ele estava referindo-se a mim
como o anjo que iluminou a vida dele? Então foi por isso que ele ficou com
raiva de mim? Eu tentei me imaginar no lugar dele, porém o mesmo recomeçou a
falar.
-Estou ciente de que isso não justifica o que eu fiz.
Nenhuma outra palavra foi dita. Eu timidamente toquei
meus lábios aos dele, sentindo a diferença de tamanho entre ambas. Ele apenas
retribuiu de maneira carinhosa e lenta, entrelaçando os dedos da mão dele aos
meus carinhosamente. Ele estava diferente, estava outro. Extremamente carinhoso
e amoroso, ele pretendia afastar-se após o beijo, mas eu não deixei, num pedido
mudo para que ele prosseguisse.
-Você tem certeza?
-Absoluta.
-Mas eu o machuquei.
-A gente dá um jeito. – sorri.
-Hum... Acho que sei de um jeito...
Fiquei um pouco receoso de perguntar quando vi o
sorriso malicioso dele, preferindo esperar e ver no momento certo o que ele
havia pensado.
Ele tornou a beijar-me, desta vez de maneira mais
intensa enquanto que subia a mão canhota por dentro de minha coxa,
acariciando-a e a apertando, arrancando suspiros e pequenos gemidos meus. Eu
puxava a camisa dele pelos ombros do mesmo, retirando a peça de roupa do corpo
de Fujo enquanto que o mesmo pegava meu membro, estimulando-o e, desta vez,
obtendo resultado imediato. Eu podia ver a calça dele apertar-lhe a intimidade e de
certa forma fiquei com medo dele machucar-me mais desta vez pelo fato de que eu
ainda estava sentindo dores no local onde fui penetrado. Ele então despiu-nos
avidamente, esfregando meu corpo contra o dele, o que me deixava mais excitado,
pois ele sabia que eu amolecia com aqueles músculos dele.
Mordisquei a orelha dele e gemi seu nome no local,
fazendo-o arfar em seguida. Ele por vez sugou um de meus mamilos, me fazendo
gemer enquanto que eu sugava-lhe o pescoço, deixando um pequeno chupão no
local. Nós nos provocávamos e fazíamos breves carícias entre as provocações.
Quando chegou a hora de eu ser penetrado já logo mordisquei o lábio inferior e
respirei fundo, ele por vez apenas deu uma risadinha dessas sádicas que ele dá.
-Não ria! Isso não tem graça! – retruquei ofendido.
-Não estou rindo de você.
-Do que está rindo, então?
-Desta vez será um pouco diferente.
-Diferente como? Esqueceu que estou com dores? Olhe
bem o que você vai fazer!
-Acalme-se, você não está podendo ser penetrado por
enquanto.
-Então o que vai fazer?
Ele não respondeu minha pergunta, apenas sentou-se
sobre meu colo, guiando meu pênis de modo que agora era eu quem iria entrar
nele. Então Fujo sentou calmamente sobre meu membro, penetrando-o dentro de si
enquanto que eu o fitava num misto de surpresa, espanto e prazer. É possível?
Ele estimulava-se enquanto que começava a “cavalgar”
sobre mim, afinal, meu membro não era tão grande quanto o dele, ele deve ter
sentido uma dor suportável com o meu ‘palito de dente’. Sim, ‘palito de dente’,
ou seja, pequeno e fino, falei.
Toquei seu punho, retirando o mesmo de seu membro
deixando que agora eu o masturbasse, fazendo aquilo com rapidez de propósito
enquanto que ele ‘cavalgava’ cada vez mais rápido sobre o meu membro, fazendo
ambos gemerem de prazer eu, claro, sempre mais alto e espalhafatoso enquanto
que ele gemia raras vezes, porém era sempre ele quem expressava mais “cara de
prazer” entre os dois sempre, fechando os olhos e arqueando as sobrancelhas,
bufando e suspirando prazerosamente e essas coisas. Eu estava prestes a ter um
orgasmo, mas queria que ele ejaculasse primeiro em minha mão, da mesma forma
que ele fazia comigo e assim ele fez, sujando minha mão com seu esperma e,
pouco tempo depois, sendo inundado pelo meu, que jorrava para fora quando
retirei meu membro sem vida de dentro dele.
Estávamos ofegantes e deitados fitando o teto, ele
puxou-me pelo braço, aninhando-me em seu peitoral musculoso, eu então mordi o
local, sorrindo em seguida.
-Gostoso... – ri baixinho – Não sabia que iria se
permitir trocar de posição.
-Por que não?
-Ah... Geralmente semes não trocam de posição.
-E quem te disse que eu sempre fui seme?
-.....
-Te peguei.
-Espere ai, me conte essa história direitinho!
-Um dia, quem sabe. – ele respondeu sério.
-Estarei esperando ansioso por esse dia!
Preferi não insistir, pois, pelo jeito como ele me
respondeu, aquilo parecia ter feito parte daquela escuridão que ele havia
mencionado antes. Ele ainda tinha muita coisa que eu queria descobrir e um dia
eu iria conseguir descobrir, revirar todo aquele passado obscuro dele e saber
tudo sobre a vida de Fujo da mesma forma que ele sabe tudo sobre mim, nem que
eu tenha que esperar esse “um dia” dele pela minha vida inteira!
Capítulo 18: Descobrindo a Verdade
Acordei já no final da tarde, ainda era 25 de
dezembro, Natal. Eu estava sozinho outra vez. Argh, como aquilo me deixava
irritado. Eu quero acordar e ter Fujo ao meu lado, mas quase sempre acordo com
o outro lado da cama vazio. Desta vez o vazio era substituído por uma pequena
caixinha vermelha e um bilhete com meu nome escrito, dentro do mesmo dizia
“Perdoe se esperava um presente gigantesco, fico lhe devendo essa. Feliz Natal.
Fujo.”. Peguei a caixinha curioso, ela era fina e mediana, quando a abri vi uma
correntinha de ouro e um pingente em ouro branco de uma pequena, porém linda
estrela. Olhei para aquela gargantilha sem acreditar que Fujo havia me dado
aquilo.
Peguei a jóia e fiquei a fitar seus mínimos detalhes
até ouvir o barulho da porta abrindo, era Fujo saindo do banheiro, havia
acabado de tomar banho e estava secando os cabelos com a toalha, já vestido socialmente.
Quando ele me viu segurando o presente, aproximou-se da cama, jogando a toalha
sobre a mesma, fitando-me.
-Gostou?
-É linda... Pode coloca-la em mim?
-Claro.
Ele então sentou-se na beira da cama e eu virei-me de
costas para ele, deixando que o mesmo colocasse o colar em meu pescoço. Eu
esboçava um sorriso besta na face e não conseguia evitar aquilo, nem mesmo se
eu quisesse. Quando ele terminou de colocar a jóia o mesmo abraçou-me por trás,
dando um beijo demorado em meu pescoço o que me fez alargar meu sorriso e
acariciar os braços dele.
-Fujo, o que você quer ganhar de Natal?
-Nada.
-Ah, vamos, peça algo.
-Eu não quero nada.
-Mas assim não é justo, você me dá um presente e eu
não te dou nada?
-A meu ver parece justo.
-Mas não é! Vamos, diga!
-Arranje uma fantasia sexy de mamãe noel e faça-me um
strip tease, então.
-O QUÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ?!!!
-Ou isso, ou nada.
Ele estava com aquele sorrisinho sádico dele nos
lábios. Eu sabia que ele havia pedido aquilo na certeza de que eu não iria
aceitar e eu realmente não iria! Balancei a cabeça para os lados, recusando-me
a me vestir daquele jeito e ele passou agora a sorrir vitorioso, vendo que eu
cai no joguinho dele. Droga. Fujo levantou-se dizendo ir buscar algo para
comer, eu disse que iria tomar um banho e descer, melhor comer na cozinha, caso
contrário ficarei desacostumado com cafés da “manhã” na cama.
Tomei um banho rápido, abrindo minha mala e dali tirei
uma roupa social mesmo. Quando sai do quarto de Fujo, deparei-me com Akio-kun
parado na mesma, fitando-me com o semblante fechado, aquilo chegava a me dar
calafrios.
-Ern... Boa tarde, Akio-kun...
-Ayako-chan... Você e o Fujo estão mesmo---?
-Errn, do que você está falando, Akio-kun? – o cortei,
tentando sair da frente dele, mas o mesmo sempre impedia-me.
-Você sabe muito bem! Você está tendo um caso com o
Fujo! O meu Fujo! E se você não se
afastar dele, eu conto para todos que Fujo Daiki anda relacionando-se com um
garoto com menos do dobro da idade dele! Já pensou o escândalo que iria ser? –
ele perguntou com o mesmo sorriso sádico de Fujo.
-Sim eu pensei, Akio. – respondeu Fujo que estava
prostrado atrás dele de cara fechada.
-N-nii-san?! Se você sabe, porque continua, então? O
que ele tem para te hipnotizar assim desse jeito? Você sabe muito bem que eu
sou melhor do que ele quan---
-Cale-se. Não toque nunca mais nesse assunto! –
exasperou Fujo, seu olhar era de tamanha raiva que nós dois parecíamos dois
seres extremamente pequenos e inferiores ao olhar dele, que nos provocava
calafrios.
-Nii-san...! – chamou pelo irmão com os olhos
marejados.
-Deixe Ayako em paz, ouviu bem?
Ele olhou-me de soslaio e naquele olhar eu pude ver
toda a raiva que ele sentia por mim, eu por vez permaneci quieto, vendo
Akio-kun sair correndo pelo corredor da casa, descando as escadas para o
primeiro andar.
-Ele o fez algo?
-Hã? Ah, não, não...
-Menos mal.
-Fujo...
-Hm?
-Seu irmão ele... Ele é apaixonado por você?
-Não fale isso alto, ninguém dessa casa pode saber
sobre o assunto.
-Desculpe... Me conte como isso aconteceu, Fujo.
-Vamos dar uma volta. As paredes dessa casa têm
ouvidos.
Assenti com a cabeça e assim nós saímos de casa. A
ideia dele era o de ir a um desses restaurantes de comida caseira ao céu
aberto, nenhum local formal, só de lazer mesmo para, no caso, jantarmos. Nos
sentamos numa mesa do lado de fora do restaurante, o clima era agradável, até
mesmo um pouco abafado, nos forçando a pedir comidas mais leves para a ocasião.
Ele pediu uma salada de massas frias e eu uma sopa de tomate fria. Começamos a
jantar tranquilamente e eu o fitava curioso querendo saber o que ele iria me
contar a respeito da minha pergunta, mas não queria pressioná-lo para não
irritá-lo. O mesmo fitava-me fixamente, vendo que eu estava com aquela
curiosidade estampada nos olhos, deu uma garfada em seu prato, levou a comida à
boca, mastigou-se sem pressa e, após engolir, começou:
-Você poderia ao menos tentar disfarçar toda sua
curiosidade, garoto?
-Quer dizer que voltou a esquecer meu nome, né?
-Quem sabe.
-E sim, eu estou curioso demais para conseguir
disfarçar, mas pelo menos não estou te pressionando a falar, né...
-Muito bem. Parabéns.
-Não seja debochado.
Eu já não levava a colher à boca repetida vezes quanto
antes, mas ainda sim comia. Afinal eu não precisaria preocupar-me da mesma
esfriar, ela já era servida fria. Terminamos o jantar e partimos para a
sobremesa, falamos de coisas aleatórias diversas para descontrair. Na verdade,
eu falei de coisas diversas, ele nunca foi de falar muito. Ao terminarmos a
sobremesa, fomos dar uma volta numa pracinha perto da casa dele. Estava
deserta, mas era segura por ser um bairro de luxo e ter seguranças espalhados
pelas ruas. Nos sentamos num banco de praça e ali ele virou-se de lado em minha
direção, podendo fitar-me mais diretamente. Eu fiz o mesmo já sabendo que ele
iria começar a falar sobre seu irmão.
-Há uns anos atrás eu tinha um tio que morou com a
gente, muito antes do Akio nascer, até. Era irmão mais velho de meu pai e o até
então presidente, meu pai era o vice de nossa empresa...
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