Vírgulas - Fic (4 ao 6)

| sábado, 28 de janeiro de 2012



Capítulo 04 – Gato
–“Quero que você seja o meu namorado!”

Sim eu disse isso. Vocês se perguntam: “Mas como assim? Isso foi tão de repente, que asneira é essa?”. E eu digo: “Oras, bem não dizem que namorados dão tudo pelas pessoas que namoram?”.

-Perdoe-me, acho que não ouvi direito. O que você me pediu, rapaz?
-Foi isso mesmo, pedi que você fosse meu namorado. Você tem que me renascer!
-Ressarce.
-Isso!
-Tem noção do que pediu?
-Sim. Tenho! – respondi confiante – e de agora em diante nós seremos namorados e eu vou vir te ver todos os dias, ok?

Ele não respondeu, parecia não estar acreditando ou até mesmo sonhando, pois ele me fitava com a sobrancelha arqueada enquanto que girava uma das hastes dos óculos entre os dedos. Eu prossegui:

- E você vai me levar pra casa, já que é meu namorado, e...
-Não sou seu namorado. – disse entre uma palavra e outra, não cortando-me, necessariamente.
-E você vai me dar presentes, todos que eu pedir!
-Acaso eu tenho cara de mulher?
-Não. Por quê?
-Você não se acha novo demais para dizer ao seu corpo que se sente atraído por homens?
-Você quer dizer gay?
-Serve.
-Seja direto.
-Quantos anos tem rapaz?
-Tenho 12. E meu nome não é “rapaz”, é Ayako!
-Aham.- desdenhou.
-E quantos anos tem o meu namorado? – perguntei o provocando.
-...
-Heeeeein, Fujo-kuuuun?
-...Espere... Como sabe meu nome? E que intimidade é essa?!

Finalmente pude vê-lo exaltado, na verdade parecia estar indignado pelo tal tratamento. Colocando os óculos na face, ele já estava pronto para argumentar ou quem sabe até mesmo brigar comigo, mas meu celular previu a agressiva reação dele e resolveu tocar no momento em que o mesmo abriu a boa para começar a falar. Era minha mãe. Ele aquietou-se, retomando sua atenção ao computador. Eu atendi. Ela havia ligado pedindo para trazer o pão quando voltasse da rua. Quando terminei a ligação ele nada falou, nem sequer olhou. Achei melhor não insistir caso contrário sairia perdendo. Dei meia volta e sai do escritório, dando um “tchau” antes de partir, sem esperar resposta, provavelmente ele não me concederia tal coisa.

No dia seguinte eu acordei bem disposto e enérgico. Não contei aos meus pais que estava namorando, eles iriam pensar besteira demais com isso e meu namoro era diferente. Fui à escola, assisti todas as aulas sem muito interesse, afinal, restavam-me apenas mais duas semanas até as tão desejadas férias. Passei a ir e voltar de skate, almoçar com meus pais, descansar a comida e ir para a empresa de bicicleta, alegando ter arrumado uma vaga de aprendiz não remunerado no local. Meus pais adoraram a notícia, mas só assim eu poderia ir para lá o tempo todo sem que eles ficassem no meu pé e eu, de fato, estava aprendendo algumas coisas ali. Como, por exemplo, arrumar papelada, catalogar, analisar, digitar. Eu sempre arrumava alguma coisa para fazer ali quando meu namorado estava ocupado em alguma reunião.

-Boa tarde!

Bati na porta, entrando, porém desta vez a cadeira não estava virada para a porta e sim para a janela. Imaginei que ele estivesse admirando a paisagem. Aproximei-me sorrateiro no intuito de assustá-lo, contudo acabei constatando que na verdade ele estava era cochilando e em pleno horário de trabalho! Toquei ambas as mãos num único ombro dele, até porque os mesmos eram largos e trabalhados, o que iria me custar agitar um pouco aquela muralha.

-Ei, acorde! Isso não é hora para dormir, preguiçoso!

Brinquei com ele vendo que o mesmo despertava aos poucos, ajeitando os óculos que entortaram-se pela face estar apoiada no punho. Daiki-san então espreguiçou-se, esticando todo o corpo na cadeira, piscando várias vezes os olhos, que ostentavam olheiras bem fundas. Há quanto tempo ele estava sem dormir?

-Me desculpe. Você devia estar cansado...
-Não há problema. De fato este não é o momento para dormir.

Então ele girou a cadeira, voltando a ficar de frente para o monitor, retomando os trabalhos que parecia ter deixado no meio do caminho. Eu olhava tudo o que ele fazia ao lado do mesmo, ele não parecia importar-se, já devia estar até acostumado com isso, quanto tempo se passou desde aquele dia? Acho que duas semanas, apenas. Ele não me levava para casa, apenas me expulsava do escritório quando passava das 17hs e trancava o mesmo consigo dentro. Como havia tudo ali, ele não precisaria sair para nada, daí eu acabava desistindo e voltando no dia seguinte, onde acontecia sempre a mesma coisa.
Aquilo estava chato, ele não me dava nada, não fazia nada, não falava se eu não falasse e nem me levava pra casa... Seria ele tímido? Desviei o olhar do monitor, fitando o usuário do mesmo. Suspirei desviando o olhar para o chão entediado e então, feito um gato cheio de manha quando quer carinho, aproximei-me dele, sentando no colo do mesmo, tornando a fitar o monitor. Ele, por vezes, afastou brevemente os braços, fitando surpreso o que eu fiz.

-Sabia que ali no canto tem um sofá gigantesco para acomodar-se?
-Uhum. Mas de lá não dá para ver o que você faz aqui.
-E por que não arrastou uma das cadeiras para este lado?
-Nah... Muito trabalhoso, não acha?
-Acho que não sendo o seu pai, sou velho demais para você ficar sentando no meu colo.
-O que há demais?
-Como você é inocente.
-Você fala tanto que é velho e até agora não sei a sua idade. – emburrei-me.
-28.
-Como?
-Eu tenho 28 anos, ou seja, tenho mais do que o dobro de sua idade. Sendo assim, não acha que sou velho?
-Não muito. Se fosse assim eu seria muito mais velho por ter mais do que o dobro da idade de uma criança de 3 anos.
-O caso é diferente.
-O amor não tem idade, Fujo-kun! – o provoquei, mostrando a língua.
-Controle-se. – suspirou pesado – E pare de me chamar assim.
-Mas só tem a gente aqui, o que tem demais?
-Já passou das 17hs. Vá embora.

Acho que ele esperou a tarde inteira por este argumento, levantando-se e levantando-me junto, carregando-me até a porta do escritório como quem carrega um cão cheio de pulgas, com medo de pegar alguma, porém sem dificuldade alguma de segurar e manter longe do corpo, como se estivesse segurando um pedaço de papel, ele realmente era forte em demasia, admito, mas a única coisa que veio dele após aquele argumento foi o barulho da porta sendo trancada após ter me colocado para fora do escritório; outra vez comparando-me com um cão, cujo qual é posto para fora de casa quando o dono prepara-se para dormir, mas que sempre volta no dia seguinte, sorridente e animado, esperando por mais um dia.


Capítulo 05 - Quando o destino quer que dê certo
Mais um dia e estava eu novamente naquela empresa.  Não era tão chato ficar lá depois que as pessoas se acostumam com um rapaz de cabelos verdes perambulando por ali. A recepcionista do edifício é a que mais me paparica, perguntando se eu quero alguma coisa para comer, beber ou me distrair, se eu queria algo da rua, etc. Mas todos olhavam curiosos querendo saber o motivo por eu ter passado a ir lá todos os dias por causa do vice-presidente, mas o mesmo mandou não dizer nada então eu fico na minha, simplesmente não respondo.

-Ei, Ayako, o que você e o vice-presidente têm em comum?
-...
-São parentes?
-...
-Erhn...
-...
-Como foi a aula hoje?
-Ah, foi chata, mas o ano já está acabando então deu pro gasto...

Eu virei mais uma vírgula naquela empresa. Uma vírgula verde, pequena, inútil. Um excesso. Contudo eu não atrapalhava o funcionamento de nada, não fazia progredir tão pouco regredir, por tanto, uma vírgula invisível na vida daquele estabelecimento comercial, algo que não seria incluso na história da mesma.

-Boa tarde!
-Boa tarde.

Entrei no escritório de Daiki-san já prontamente dando continuidade à cena de ontem. Entenda como tornar a sentar no colo dele, pedindo por atenção. Era chato ele passar o dia inteiro olhando para aquele monitor, para um monte de papéis ou a janela quando queria descansar um pouco os olhos já cansados. Aliás, ele ainda estava com aquelas olheiras profundas; será que ele esqueceu-se que dormir é uma das necessidades indispensáveis de um ser humano?

-Por quanto tempo mais irá fazer isso? – referiu-se em eu ter sentado no colo dele.
-Preciso de atenção!
-Os outros já não fazem isso?
-Quero a sua atenção! Quando irá me comprar presentes?
-Se eu comprar você some para sempre?
-Não!
-Então não irei gastar meu dinheiro à toa.

Bufei irritado. A sinceridade dele era irritante, ele era muito direto mesmo, mas aquilo não foi motivo suficiente para que eu saísse dali, resolvendo ficar agora por pirraça mesmo, mas parece que ele fazia a mesma pirraça em não me tirar dali. Ele devia saber que eu iria acabar voltando de qualquer jeito, expulsando-me somente quando desse o horário de ir.
Estava eu em frente ao elevador esperando pelo mesmo enquanto que, de surpresa, fui abordado por nada mais nada menos do que o presidente do local, o que me fez ficar um pouco apreensivo, confesso.

-Olá, meu rapaz.
-A-ah...! O-olá, senhor Daiki. – sorri nervoso.
-Ayako, certo?
-S-sim!
-Bem, pelo visto o jovem não passa as tardes em outro local exceto no escritório do vice-presidente, estou certo?
-Ahn... Sim, está...
-Então, devo lembra-lo que além de vice, Fujo Daiki também é meu filho mais velho e o prodígio da família. Acaso ele não estaria ameaçando-o ou usando de qualquer recurso para mantê-lo ali, está? – perguntou preocupado.
-Quê? A-ah, não, nããão! De jeito nenhum! Eu venho porque quero mesmo! – tornei a sorrir.
-Então você gosta da companhia dele?
-Sim!
-Mesmo ele tendo toda aquela áurea e jeito sério de viver?
-Aquilo? Ah, eu já me acostumei, senhor!
-Mesmo? Bem... Então você não iria se importar se eu lhe fizesse um convite irrecusável, correto?
-Ahn... – pensei um pouco. O que ele poderia pedir? – A-acho que não...
-Que bom, meu rapaz! Pois eu tenho um filho quase da sua idade e tenho certeza de que vocês iriam se dar muito bem se fosse dormir lá em casa, certo?
-Mas eu teria que falar primeiro com os meus pais...
-Eu falo com eles, se assim desejar; dou todos os dados para nos encontrar, telefones, horários e transporte, é que meu outro filho tem se isolado muito ultimamente e tenho medo que ele acabe ficando igual ao Fujo: sério e sem emoções.
-Entendo...

Fui o único a perceber ou aquele homem tinha o hábito de perguntar sempre se estava certo ou correto em quase todas as frases? Ele precisava tanto assim saber que estava certo ou era realmente um hábito que já passava despercebido?
Entramos no elevador e ficamos conversando, ele ofereceu-me uma carona para casa, assim teria a oportunidade de falar com minha mãe, que chegava mais cedo, por volta das 17- 18hs; meu pai chegava só depois das 20hs.
Quando cheguei a casa, levei o presidente até a porta da mesma, abrindo a porta e deixando o convidado entrar primeiro enquanto que pude ouvir a voz de minha mãe vindo da cozinha.

-Aya-chan! Como foi seu dia, querido?

Ela sempre me recebia com essa pergunta acompanhado de um sorriso e o bom cheiro da janta quase pronta. Contudo, desta vez seu sorriso não durou muito tempo ao deparar-se com o presidente prostrado na porta de casa, será que fiz o certo em trazê-lo aqui em casa?

-Fumiko? – ela o fitou surpresa.
-Aika-chan! – ele exclamou sorridente.
-Vocês se conhecem? O papai sabe disso, mãe?
-Claro que sabe Ayako. Nós três fizemos faculdade juntos, nós nos conhecemos desde antes de eu começar a namorar seu pai.
-Ual, isso é coincidência demais, não?
-De fato, meu jovem. É bom reencontrar velhos amigos ocasionalmente.

Bem, já que os dois se conheciam, tudo se tornaria muito mais fácil. Minha mãe iria me deixar dormir lá sem fazer tanto interrogatório até porque o pai do Fujo era gente boa, ele foi até lá em casa pedir pessoalmente permissão para dormir na casa dele!
Eles não conversaram muito já que o senhor tinha que voltar para casa, deixando apenas um almoço marcado para algum final de semana entre os quatro (meus pais, ele e sua esposa) enquanto que eu iria dormir lá no próximo sábado, mal posso esperar!


Capítulo 06 – Ovelha negra
Nossa como a semana demorou a passar! Finalmente era sexta e eu não havia comentado nada com o Fujo, se ele sabe não vai dizer nada e, se não sabe, prefiro deixar que a surpresa o avise.
Como de costume ele me expulsou de seu escritório no horário de sempre e eu fui embora feliz, saltitante, até. Encontrei Daiki-san e confirmamos a minha ida amanhã, ele disse que iria mandar uma limusine me buscar 11hs, para todos almoçarmos. Cheguei a casa, fiz minha mala rapidamente, levando apenas coisas essenciais: roupas de sair, de ficar em casa, sapatos para as mesmas ocasiões, pasta de dentes, toalha e algumas peças íntimas; não levei nem meia hora para arrumar tudo. Eram 21hs, ainda estava cedo, eu queria dormir naquele horário para poder acordar cedo e disposto, mas minha ansiedade não deixava, me fazendo rolar de um lado para o outro da cama, tirando até o lençol do lugar. Peguei no sono quase 3hs, sendo acordado às 9hs por minha mãe, me mandando ir tomar banho e me arrumar.
Eu estava um caco, dormi pouco e peguei no sono ainda agitado, tendo um sono bem leve e artificial, nada que me fizesse descansar, como se eu tivesse apenas fechado os olhos. Tomei um banho demorado para ver se acordava aos poucos, arrumando-me sem pressa alguma, ainda tinha tempo no relógio. Vesti uma bermuda jeans e uma camisa azul, uma roupa fresca e de passeio mesmo já que o dia estava bem quente.
Eram 10h30min e eu resolvi descer para esperar na sala vendo TV enquanto que beliscava algo para não ficar com muita fome na hora do almoço. Não dizem que todo rico come pouco?

10h59m
Ouvi a buzina na porta de casa; nossa como era pontual! Mas eu também sou então abri um sorriso só de saber que não precisaria esperar além do horário. Despedi-me de meus pais e fui correndo até a limusine, cujo motorista abria a porta para mim, fechando logo após minha entrada.
Noooossa, não sabia que aqui dentro era tão grande e equipado! Têm vários acentos, eu poderia viver aqui, é muito confortável e tem até frigobar com bebidas e petiscos! Eu estava me sentindo.
Quando a limusine parou, eu olhei pela janela e pude ver uma casa não muito grande, porém detalhada e luxuosa, alguns empregados esperavam nas escadarias do mesmo enquanto que o motorista abria a porta e pegava minha bagagem. Parecia que eu iria me hospedar num hotel 1.000 estrelas, perdoe o exagero.
Quando me aproximei da entrada, uma das empregadas sorriu cumprimentando-me.

-Olá, meu jovem. Eu sou a matriarca desta casa.
-“Ma” o quê?
-A empregada líder, melhor? – ela sorriu descontraída.
-Ah, sim... Muito prazer.
-Venha, eu vou leva-lo ao anfitrião enquanto uma de nossas empregadas guarda sua bagagem no quarto de hóspedes, sim?
-Sim, sim. Muito obrigado.
-Ora, por nada...

Ela era simpática e atenciosa, devia ter uns 40 anos, era baixinha, gorducha, tinha cabelos castanhos, grisalhos e olhos escuros. Quando entrei na casa eu me surpreendi, pois a mesma não era o palácio que eu imaginei ser, mas sim uma casa um pouco maior do que a minha. Era de dois andares. No primeiro ficavam apenas cozinha, sala, sala de jantar, banheiro, hall de entrada e as escadas para o andar de cima, onde ficavam os quartos, todos com suíte e uma pequena varanda. A casa era mediana, porém bastante luxuosa, fiquei boquiaberto enquanto que a matriarca apresentava a casa no caminho.

-... E nós temos vários escritórios nos dois andares, sabe, os homens da casa são bem dedicados ao trabalho, hehe. – ela riu como se aquilo se tratasse de uma piada, parando num dos escritórios e batendo a porta duas vezes antes de entrar e anunciar-se – Com licença senhor Daiki, sua visita chegou.
-Ah, sim. Mande entrar, por favor!

Entrei um pouco acanhado, afinal, aquela casa não era a minha para poder ficar à vontade. O senhor me cumprimentou com um sorriso simpático nos lábios enquanto que sinalizava para a matriarca retirar-se. Ele me fez breves perguntas sobre a vinda, o que achei da casa, do atendimento e essas coisas, realmente aquilo parecia um hotel. Já era quase 12hs e eu estava sendo levado até a sala de jantar, onde os empregados estavam arrumando a mesa sendo guiados por outra mulher que não estava vestindo nenhuma roupa de empregada. Seria ela a matriarca da matriarca? Perguntei-me inocente até Daiki-san, que estava ao meu lado o tempo todo, me apresentasse como sua esposa.
Era uma mulher simples e elegante, usava um vestido de tecido fino, leve e fresco, roupa típica de um dia de calor. Era alta, quase do tamanho do marido, seus olhos era verdes numa tonalidade que o tempo não conseguiu desgastar de tão vivos que eram; seus cabelos tonalizavam loiros – nenhum fio branco – e seu rosto apresentava algumas marcas da idade, mas nada que não a fizesse aparentar ter menos idade do que a atual. Era sorridente e alegre, coisa que me encasquetou, pois, se os pais eram alegres, porque Fujo era tão sério, então? Teria sido isso excesso de trabalho? Ou ele só era assim no mesmo?

-Pai, pai! Você viu meu notebook? Eu não lembro aonde deixei e o Fujo não quer me emprestar o dele!
-Meu filho, eu já falei que os computadores daqui de casa não se dividem, cada um tem o seu.

Eu olhava para a cena um pouco perplexo. “Cada um tem o seu”? Só com eles já contei quatro computadores! Mas o rapaz que chegou chamando Daiki-san de pai era um jovem um pouco mais baixo que o primeiro, cabelos castanhos, como se tivesse misturado o preto – que eventualmente devia ter sido a coloração dos cabelos agora brancos do senhor Daiki – e o louro da mãe, seus olhos eram verdes também e seu corpo era normal, nem mirrado, nem musculoso. Diria que se o colocassem entre mim e Fujo poderiam fazer um comercial de antes, durante e depois.

-Depois você procura isso. Agora eu quero apresentar-lhe um amigo de Fujo.
-Nossa, ele conversa com pessoas além de números e estatísticas? – brincou irônico.
-Deixe de implicância. Este é Ayako. Ayako, este é o meu filho Akio.
-Muito prazer, Ayako-chan.
-Muito prazer, Akio-kun!

Ele me cumprimentou de maneira bem simpática, mas eu não achava que aquele fosse o filho que Daiki-san disse ter quase da minha idade. Olhe o tamanho dele! Esta família inteira parece ter DNA de girafas! Aproximei-me do mais velho, perguntando de modo que só ele pudesse escutar.

-Ahn, Daiki-san... Não me diga que esse é o seu filho mais novo?
-Sim. É ele.
-Ern... E quantos anos ele tem? – perguntei já temendo a resposta.
-Ele tem 17 anos. Não parece. Certo?
-É-é... Realmente...

Que número ele achava que vinha depois do 2? 6? Essa é a única explicação para ele achar que há pouca diferença entre 12 e 17 anos e, principalmente, que ele iria querer brincar. Até porque eu só vim aqui por causa do Fujo.

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