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(Extras) Vírgulas - Fic (4 ao 6)

| sábado, 28 de janeiro de 2012
Abre ai! »
Extras 04 ao 06 - Entrevistas e comentários da autora 

Capítulo 04:
 
   Eu mesma já estava farta de escrever a fic, mas queria muito publicá-la, mesmo que estivesse ficado uma merda, eu queria apenas colocá-la na internet para receber as críticas das pessoas desde que as mesmas fossem construtivas. Entretanto, as pessoas em suma até que me criticaram bem, o que foi contra as minhas espectativas e, como elogios motivam qualquer escritor, seja amador ou profissional, eu resolvi dar prossedimento a minha história. À vante!

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Capítulo 05: Entrevistando Ayako

Autora: -Ayako, largue do pé de Fujo, já não acha que sua atitude infantil já foi longe demais com um homem sério como ele? 

Ayako: -Eu não estou de pirraça! Eu quero que ele seja meu namorado e ponto! 

Autora: -Por que logo Fujo? Ele é um homem totalmente diferente de você. É muito mais velho, sério e compromissado com seu trabalho, não ficará dando-lhe atenção o tempo todo como deseja. 

Ayako: -Eu não me importo! Eu vou conseguir o que eu quero, pode apostar nisso! 

Autora: -Ai, ai; essas crianças de hoje em dia...

Ayako: -Eu falo sério! 

Autora: -Aham, eu também... *ironia*.

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Capítulo 05: Entrevistando Fumiko Daiki (Sr. Daiki)

Autora: -Olá, senhor Daiki. Como se sente sabendo que tem dois filhos com personalidades extremamente diferentes uma da outra? 

Sr. Daiki: -Ora, ora. Tem seu lado bom e seu lado ruim, certo?   

Autora: -Ahn... Certo... E quais seriam essas lados, respectivamente? 

Sr. Daiki: -O ruim seria ter dois filhos iguais ao Fujo ou iguais ao Akio, mas um de cada já equilibra, certo? Hahaha! 

Autora: -Ahn.... C-certo... 

Sr. Daiki: -Isso mesmo! Certíssimo! Eu sabia! Hahaha! 

Autora: -...

(Extras) Vírgulas - Fic (4 ao 6)

Posted by : Ita-chan
Date : sábado, 28 de janeiro de 2012
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Vírgulas - Fic (4 ao 6)

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Abre ai! »



Capítulo 04 – Gato
–“Quero que você seja o meu namorado!”

Sim eu disse isso. Vocês se perguntam: “Mas como assim? Isso foi tão de repente, que asneira é essa?”. E eu digo: “Oras, bem não dizem que namorados dão tudo pelas pessoas que namoram?”.

-Perdoe-me, acho que não ouvi direito. O que você me pediu, rapaz?
-Foi isso mesmo, pedi que você fosse meu namorado. Você tem que me renascer!
-Ressarce.
-Isso!
-Tem noção do que pediu?
-Sim. Tenho! – respondi confiante – e de agora em diante nós seremos namorados e eu vou vir te ver todos os dias, ok?

Ele não respondeu, parecia não estar acreditando ou até mesmo sonhando, pois ele me fitava com a sobrancelha arqueada enquanto que girava uma das hastes dos óculos entre os dedos. Eu prossegui:

- E você vai me levar pra casa, já que é meu namorado, e...
-Não sou seu namorado. – disse entre uma palavra e outra, não cortando-me, necessariamente.
-E você vai me dar presentes, todos que eu pedir!
-Acaso eu tenho cara de mulher?
-Não. Por quê?
-Você não se acha novo demais para dizer ao seu corpo que se sente atraído por homens?
-Você quer dizer gay?
-Serve.
-Seja direto.
-Quantos anos tem rapaz?
-Tenho 12. E meu nome não é “rapaz”, é Ayako!
-Aham.- desdenhou.
-E quantos anos tem o meu namorado? – perguntei o provocando.
-...
-Heeeeein, Fujo-kuuuun?
-...Espere... Como sabe meu nome? E que intimidade é essa?!

Finalmente pude vê-lo exaltado, na verdade parecia estar indignado pelo tal tratamento. Colocando os óculos na face, ele já estava pronto para argumentar ou quem sabe até mesmo brigar comigo, mas meu celular previu a agressiva reação dele e resolveu tocar no momento em que o mesmo abriu a boa para começar a falar. Era minha mãe. Ele aquietou-se, retomando sua atenção ao computador. Eu atendi. Ela havia ligado pedindo para trazer o pão quando voltasse da rua. Quando terminei a ligação ele nada falou, nem sequer olhou. Achei melhor não insistir caso contrário sairia perdendo. Dei meia volta e sai do escritório, dando um “tchau” antes de partir, sem esperar resposta, provavelmente ele não me concederia tal coisa.

No dia seguinte eu acordei bem disposto e enérgico. Não contei aos meus pais que estava namorando, eles iriam pensar besteira demais com isso e meu namoro era diferente. Fui à escola, assisti todas as aulas sem muito interesse, afinal, restavam-me apenas mais duas semanas até as tão desejadas férias. Passei a ir e voltar de skate, almoçar com meus pais, descansar a comida e ir para a empresa de bicicleta, alegando ter arrumado uma vaga de aprendiz não remunerado no local. Meus pais adoraram a notícia, mas só assim eu poderia ir para lá o tempo todo sem que eles ficassem no meu pé e eu, de fato, estava aprendendo algumas coisas ali. Como, por exemplo, arrumar papelada, catalogar, analisar, digitar. Eu sempre arrumava alguma coisa para fazer ali quando meu namorado estava ocupado em alguma reunião.

-Boa tarde!

Bati na porta, entrando, porém desta vez a cadeira não estava virada para a porta e sim para a janela. Imaginei que ele estivesse admirando a paisagem. Aproximei-me sorrateiro no intuito de assustá-lo, contudo acabei constatando que na verdade ele estava era cochilando e em pleno horário de trabalho! Toquei ambas as mãos num único ombro dele, até porque os mesmos eram largos e trabalhados, o que iria me custar agitar um pouco aquela muralha.

-Ei, acorde! Isso não é hora para dormir, preguiçoso!

Brinquei com ele vendo que o mesmo despertava aos poucos, ajeitando os óculos que entortaram-se pela face estar apoiada no punho. Daiki-san então espreguiçou-se, esticando todo o corpo na cadeira, piscando várias vezes os olhos, que ostentavam olheiras bem fundas. Há quanto tempo ele estava sem dormir?

-Me desculpe. Você devia estar cansado...
-Não há problema. De fato este não é o momento para dormir.

Então ele girou a cadeira, voltando a ficar de frente para o monitor, retomando os trabalhos que parecia ter deixado no meio do caminho. Eu olhava tudo o que ele fazia ao lado do mesmo, ele não parecia importar-se, já devia estar até acostumado com isso, quanto tempo se passou desde aquele dia? Acho que duas semanas, apenas. Ele não me levava para casa, apenas me expulsava do escritório quando passava das 17hs e trancava o mesmo consigo dentro. Como havia tudo ali, ele não precisaria sair para nada, daí eu acabava desistindo e voltando no dia seguinte, onde acontecia sempre a mesma coisa.
Aquilo estava chato, ele não me dava nada, não fazia nada, não falava se eu não falasse e nem me levava pra casa... Seria ele tímido? Desviei o olhar do monitor, fitando o usuário do mesmo. Suspirei desviando o olhar para o chão entediado e então, feito um gato cheio de manha quando quer carinho, aproximei-me dele, sentando no colo do mesmo, tornando a fitar o monitor. Ele, por vezes, afastou brevemente os braços, fitando surpreso o que eu fiz.

-Sabia que ali no canto tem um sofá gigantesco para acomodar-se?
-Uhum. Mas de lá não dá para ver o que você faz aqui.
-E por que não arrastou uma das cadeiras para este lado?
-Nah... Muito trabalhoso, não acha?
-Acho que não sendo o seu pai, sou velho demais para você ficar sentando no meu colo.
-O que há demais?
-Como você é inocente.
-Você fala tanto que é velho e até agora não sei a sua idade. – emburrei-me.
-28.
-Como?
-Eu tenho 28 anos, ou seja, tenho mais do que o dobro de sua idade. Sendo assim, não acha que sou velho?
-Não muito. Se fosse assim eu seria muito mais velho por ter mais do que o dobro da idade de uma criança de 3 anos.
-O caso é diferente.
-O amor não tem idade, Fujo-kun! – o provoquei, mostrando a língua.
-Controle-se. – suspirou pesado – E pare de me chamar assim.
-Mas só tem a gente aqui, o que tem demais?
-Já passou das 17hs. Vá embora.

Acho que ele esperou a tarde inteira por este argumento, levantando-se e levantando-me junto, carregando-me até a porta do escritório como quem carrega um cão cheio de pulgas, com medo de pegar alguma, porém sem dificuldade alguma de segurar e manter longe do corpo, como se estivesse segurando um pedaço de papel, ele realmente era forte em demasia, admito, mas a única coisa que veio dele após aquele argumento foi o barulho da porta sendo trancada após ter me colocado para fora do escritório; outra vez comparando-me com um cão, cujo qual é posto para fora de casa quando o dono prepara-se para dormir, mas que sempre volta no dia seguinte, sorridente e animado, esperando por mais um dia.


Capítulo 05 - Quando o destino quer que dê certo
Mais um dia e estava eu novamente naquela empresa.  Não era tão chato ficar lá depois que as pessoas se acostumam com um rapaz de cabelos verdes perambulando por ali. A recepcionista do edifício é a que mais me paparica, perguntando se eu quero alguma coisa para comer, beber ou me distrair, se eu queria algo da rua, etc. Mas todos olhavam curiosos querendo saber o motivo por eu ter passado a ir lá todos os dias por causa do vice-presidente, mas o mesmo mandou não dizer nada então eu fico na minha, simplesmente não respondo.

-Ei, Ayako, o que você e o vice-presidente têm em comum?
-...
-São parentes?
-...
-Erhn...
-...
-Como foi a aula hoje?
-Ah, foi chata, mas o ano já está acabando então deu pro gasto...

Eu virei mais uma vírgula naquela empresa. Uma vírgula verde, pequena, inútil. Um excesso. Contudo eu não atrapalhava o funcionamento de nada, não fazia progredir tão pouco regredir, por tanto, uma vírgula invisível na vida daquele estabelecimento comercial, algo que não seria incluso na história da mesma.

-Boa tarde!
-Boa tarde.

Entrei no escritório de Daiki-san já prontamente dando continuidade à cena de ontem. Entenda como tornar a sentar no colo dele, pedindo por atenção. Era chato ele passar o dia inteiro olhando para aquele monitor, para um monte de papéis ou a janela quando queria descansar um pouco os olhos já cansados. Aliás, ele ainda estava com aquelas olheiras profundas; será que ele esqueceu-se que dormir é uma das necessidades indispensáveis de um ser humano?

-Por quanto tempo mais irá fazer isso? – referiu-se em eu ter sentado no colo dele.
-Preciso de atenção!
-Os outros já não fazem isso?
-Quero a sua atenção! Quando irá me comprar presentes?
-Se eu comprar você some para sempre?
-Não!
-Então não irei gastar meu dinheiro à toa.

Bufei irritado. A sinceridade dele era irritante, ele era muito direto mesmo, mas aquilo não foi motivo suficiente para que eu saísse dali, resolvendo ficar agora por pirraça mesmo, mas parece que ele fazia a mesma pirraça em não me tirar dali. Ele devia saber que eu iria acabar voltando de qualquer jeito, expulsando-me somente quando desse o horário de ir.
Estava eu em frente ao elevador esperando pelo mesmo enquanto que, de surpresa, fui abordado por nada mais nada menos do que o presidente do local, o que me fez ficar um pouco apreensivo, confesso.

-Olá, meu rapaz.
-A-ah...! O-olá, senhor Daiki. – sorri nervoso.
-Ayako, certo?
-S-sim!
-Bem, pelo visto o jovem não passa as tardes em outro local exceto no escritório do vice-presidente, estou certo?
-Ahn... Sim, está...
-Então, devo lembra-lo que além de vice, Fujo Daiki também é meu filho mais velho e o prodígio da família. Acaso ele não estaria ameaçando-o ou usando de qualquer recurso para mantê-lo ali, está? – perguntou preocupado.
-Quê? A-ah, não, nããão! De jeito nenhum! Eu venho porque quero mesmo! – tornei a sorrir.
-Então você gosta da companhia dele?
-Sim!
-Mesmo ele tendo toda aquela áurea e jeito sério de viver?
-Aquilo? Ah, eu já me acostumei, senhor!
-Mesmo? Bem... Então você não iria se importar se eu lhe fizesse um convite irrecusável, correto?
-Ahn... – pensei um pouco. O que ele poderia pedir? – A-acho que não...
-Que bom, meu rapaz! Pois eu tenho um filho quase da sua idade e tenho certeza de que vocês iriam se dar muito bem se fosse dormir lá em casa, certo?
-Mas eu teria que falar primeiro com os meus pais...
-Eu falo com eles, se assim desejar; dou todos os dados para nos encontrar, telefones, horários e transporte, é que meu outro filho tem se isolado muito ultimamente e tenho medo que ele acabe ficando igual ao Fujo: sério e sem emoções.
-Entendo...

Fui o único a perceber ou aquele homem tinha o hábito de perguntar sempre se estava certo ou correto em quase todas as frases? Ele precisava tanto assim saber que estava certo ou era realmente um hábito que já passava despercebido?
Entramos no elevador e ficamos conversando, ele ofereceu-me uma carona para casa, assim teria a oportunidade de falar com minha mãe, que chegava mais cedo, por volta das 17- 18hs; meu pai chegava só depois das 20hs.
Quando cheguei a casa, levei o presidente até a porta da mesma, abrindo a porta e deixando o convidado entrar primeiro enquanto que pude ouvir a voz de minha mãe vindo da cozinha.

-Aya-chan! Como foi seu dia, querido?

Ela sempre me recebia com essa pergunta acompanhado de um sorriso e o bom cheiro da janta quase pronta. Contudo, desta vez seu sorriso não durou muito tempo ao deparar-se com o presidente prostrado na porta de casa, será que fiz o certo em trazê-lo aqui em casa?

-Fumiko? – ela o fitou surpresa.
-Aika-chan! – ele exclamou sorridente.
-Vocês se conhecem? O papai sabe disso, mãe?
-Claro que sabe Ayako. Nós três fizemos faculdade juntos, nós nos conhecemos desde antes de eu começar a namorar seu pai.
-Ual, isso é coincidência demais, não?
-De fato, meu jovem. É bom reencontrar velhos amigos ocasionalmente.

Bem, já que os dois se conheciam, tudo se tornaria muito mais fácil. Minha mãe iria me deixar dormir lá sem fazer tanto interrogatório até porque o pai do Fujo era gente boa, ele foi até lá em casa pedir pessoalmente permissão para dormir na casa dele!
Eles não conversaram muito já que o senhor tinha que voltar para casa, deixando apenas um almoço marcado para algum final de semana entre os quatro (meus pais, ele e sua esposa) enquanto que eu iria dormir lá no próximo sábado, mal posso esperar!


Capítulo 06 – Ovelha negra
Nossa como a semana demorou a passar! Finalmente era sexta e eu não havia comentado nada com o Fujo, se ele sabe não vai dizer nada e, se não sabe, prefiro deixar que a surpresa o avise.
Como de costume ele me expulsou de seu escritório no horário de sempre e eu fui embora feliz, saltitante, até. Encontrei Daiki-san e confirmamos a minha ida amanhã, ele disse que iria mandar uma limusine me buscar 11hs, para todos almoçarmos. Cheguei a casa, fiz minha mala rapidamente, levando apenas coisas essenciais: roupas de sair, de ficar em casa, sapatos para as mesmas ocasiões, pasta de dentes, toalha e algumas peças íntimas; não levei nem meia hora para arrumar tudo. Eram 21hs, ainda estava cedo, eu queria dormir naquele horário para poder acordar cedo e disposto, mas minha ansiedade não deixava, me fazendo rolar de um lado para o outro da cama, tirando até o lençol do lugar. Peguei no sono quase 3hs, sendo acordado às 9hs por minha mãe, me mandando ir tomar banho e me arrumar.
Eu estava um caco, dormi pouco e peguei no sono ainda agitado, tendo um sono bem leve e artificial, nada que me fizesse descansar, como se eu tivesse apenas fechado os olhos. Tomei um banho demorado para ver se acordava aos poucos, arrumando-me sem pressa alguma, ainda tinha tempo no relógio. Vesti uma bermuda jeans e uma camisa azul, uma roupa fresca e de passeio mesmo já que o dia estava bem quente.
Eram 10h30min e eu resolvi descer para esperar na sala vendo TV enquanto que beliscava algo para não ficar com muita fome na hora do almoço. Não dizem que todo rico come pouco?

10h59m
Ouvi a buzina na porta de casa; nossa como era pontual! Mas eu também sou então abri um sorriso só de saber que não precisaria esperar além do horário. Despedi-me de meus pais e fui correndo até a limusine, cujo motorista abria a porta para mim, fechando logo após minha entrada.
Noooossa, não sabia que aqui dentro era tão grande e equipado! Têm vários acentos, eu poderia viver aqui, é muito confortável e tem até frigobar com bebidas e petiscos! Eu estava me sentindo.
Quando a limusine parou, eu olhei pela janela e pude ver uma casa não muito grande, porém detalhada e luxuosa, alguns empregados esperavam nas escadarias do mesmo enquanto que o motorista abria a porta e pegava minha bagagem. Parecia que eu iria me hospedar num hotel 1.000 estrelas, perdoe o exagero.
Quando me aproximei da entrada, uma das empregadas sorriu cumprimentando-me.

-Olá, meu jovem. Eu sou a matriarca desta casa.
-“Ma” o quê?
-A empregada líder, melhor? – ela sorriu descontraída.
-Ah, sim... Muito prazer.
-Venha, eu vou leva-lo ao anfitrião enquanto uma de nossas empregadas guarda sua bagagem no quarto de hóspedes, sim?
-Sim, sim. Muito obrigado.
-Ora, por nada...

Ela era simpática e atenciosa, devia ter uns 40 anos, era baixinha, gorducha, tinha cabelos castanhos, grisalhos e olhos escuros. Quando entrei na casa eu me surpreendi, pois a mesma não era o palácio que eu imaginei ser, mas sim uma casa um pouco maior do que a minha. Era de dois andares. No primeiro ficavam apenas cozinha, sala, sala de jantar, banheiro, hall de entrada e as escadas para o andar de cima, onde ficavam os quartos, todos com suíte e uma pequena varanda. A casa era mediana, porém bastante luxuosa, fiquei boquiaberto enquanto que a matriarca apresentava a casa no caminho.

-... E nós temos vários escritórios nos dois andares, sabe, os homens da casa são bem dedicados ao trabalho, hehe. – ela riu como se aquilo se tratasse de uma piada, parando num dos escritórios e batendo a porta duas vezes antes de entrar e anunciar-se – Com licença senhor Daiki, sua visita chegou.
-Ah, sim. Mande entrar, por favor!

Entrei um pouco acanhado, afinal, aquela casa não era a minha para poder ficar à vontade. O senhor me cumprimentou com um sorriso simpático nos lábios enquanto que sinalizava para a matriarca retirar-se. Ele me fez breves perguntas sobre a vinda, o que achei da casa, do atendimento e essas coisas, realmente aquilo parecia um hotel. Já era quase 12hs e eu estava sendo levado até a sala de jantar, onde os empregados estavam arrumando a mesa sendo guiados por outra mulher que não estava vestindo nenhuma roupa de empregada. Seria ela a matriarca da matriarca? Perguntei-me inocente até Daiki-san, que estava ao meu lado o tempo todo, me apresentasse como sua esposa.
Era uma mulher simples e elegante, usava um vestido de tecido fino, leve e fresco, roupa típica de um dia de calor. Era alta, quase do tamanho do marido, seus olhos era verdes numa tonalidade que o tempo não conseguiu desgastar de tão vivos que eram; seus cabelos tonalizavam loiros – nenhum fio branco – e seu rosto apresentava algumas marcas da idade, mas nada que não a fizesse aparentar ter menos idade do que a atual. Era sorridente e alegre, coisa que me encasquetou, pois, se os pais eram alegres, porque Fujo era tão sério, então? Teria sido isso excesso de trabalho? Ou ele só era assim no mesmo?

-Pai, pai! Você viu meu notebook? Eu não lembro aonde deixei e o Fujo não quer me emprestar o dele!
-Meu filho, eu já falei que os computadores daqui de casa não se dividem, cada um tem o seu.

Eu olhava para a cena um pouco perplexo. “Cada um tem o seu”? Só com eles já contei quatro computadores! Mas o rapaz que chegou chamando Daiki-san de pai era um jovem um pouco mais baixo que o primeiro, cabelos castanhos, como se tivesse misturado o preto – que eventualmente devia ter sido a coloração dos cabelos agora brancos do senhor Daiki – e o louro da mãe, seus olhos eram verdes também e seu corpo era normal, nem mirrado, nem musculoso. Diria que se o colocassem entre mim e Fujo poderiam fazer um comercial de antes, durante e depois.

-Depois você procura isso. Agora eu quero apresentar-lhe um amigo de Fujo.
-Nossa, ele conversa com pessoas além de números e estatísticas? – brincou irônico.
-Deixe de implicância. Este é Ayako. Ayako, este é o meu filho Akio.
-Muito prazer, Ayako-chan.
-Muito prazer, Akio-kun!

Ele me cumprimentou de maneira bem simpática, mas eu não achava que aquele fosse o filho que Daiki-san disse ter quase da minha idade. Olhe o tamanho dele! Esta família inteira parece ter DNA de girafas! Aproximei-me do mais velho, perguntando de modo que só ele pudesse escutar.

-Ahn, Daiki-san... Não me diga que esse é o seu filho mais novo?
-Sim. É ele.
-Ern... E quantos anos ele tem? – perguntei já temendo a resposta.
-Ele tem 17 anos. Não parece. Certo?
-É-é... Realmente...

Que número ele achava que vinha depois do 2? 6? Essa é a única explicação para ele achar que há pouca diferença entre 12 e 17 anos e, principalmente, que ele iria querer brincar. Até porque eu só vim aqui por causa do Fujo.

Vírgulas - Fic (4 ao 6)

Posted by : Ita-chan
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Breaking Benjamin - Follow me (not a twitter's song! xD)

| terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Abre ai! »

I'm losing sight
Don't count on me
I chase the sun
It chases me

You know my name
You know my face
You'd know my heart
If you knew my place
I'll walk straight down
As far as I can go!
I'll follow you if you follow me
I don't know why you lie so clean
I'll break right through the irony

Enlighten me
Reveal my faith
Just cut these strings
That hold me safe

You know my head
You know my face
You'd know my heart
If you knew your place
I'll walk straight down
As far as I can go

I'll follow you if you follow me
I don't know why you lie so clean
I'll break right through the irony

Cure
this
wait
I-I hate this wait
I hate this wait

I'll follow you if you follow me
I don't know why you lie so clean
I'll break right through the irony
(I don't know why...
I don't know why...)
 
I'll follow you if you follow me
I don't know why you lie so clean
I'll break right through the irony.

Breaking Benjamin - Follow me (not a twitter's song! xD)

Posted by : Ita-chan
Date : terça-feira, 24 de janeiro de 2012
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(Extras) Vírgulas - Fic (1 ao 3)

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Abre ai! »
Extras 01 ao 03 - Comentários da autora 

Capítulo 01:
   Nunca consigo escrever fics que tenham um bom ou regular conteúdo logo no primeiro capítulo, pelo menos é o que eu acho. 
   Adoro casais yaois com grande diferença de idade e porte físico (como a fic retrata) mas eu realmente acho que exagerei colocando uma criança de 12 anos e um homem de 28. Estrapolei um pouco no fetiche. xD

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Capítulo 02:
   Vejam bem, o personagem uke da história, Ayako, não é rebelde sem causa nem nada do tipo, do contrário, tem a vida perfeita, pais que se amam e o amam e por ai vai. Ele apenas tem a necessidade de se destacar por  sentir-se comum, até mesmo apagado entre os demais, principalmente por ser tão pequeno e mirrado, passando desapercebido pelos olhos de qualquer um, daí a ideia dele em querer pintar o cabelo de verde sem a autorização dos pais, mas, já que ele pintou e não iria fazer o cabelo voltar a coloração normal, deixemos como está.

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Capítulo 03:
   O tal hábito que Ayako adquiriu confesso ser bem estranho, afinal, quem iria esperar dar um determinado horário apenas para ver um determinado carro passar a não ser um sequestrador marcando a vítima?
   Mas ele sentiu-se atraído pelo homem que estava naquela limusine, aos olhos de Ayako ele era diferente, o pequeno sentiu uma certa atração pelo mais velho, uma atração que ele não soube explicar nem ao menos "catalogá-la" já que ainda não havia interessado-se por ninguém como aconteceu quando viu o moreno saindo da limusine.

(Extras) Vírgulas - Fic (1 ao 3)

Posted by : Ita-chan
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Vírgulas - Fic (1 ao 3)

| quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Abre ai! »


Gêneros: romance, yaoi

  Sinopse
Como explicar? Quem nunca cansou de ouvir que o amor é cego – às vezes surdo, burro, etc. – e, principalmente, que não tem idade? Não se assustem, pois o último argumento já me foi motivo de surpresas e espantos diversos, mas depois que se acostuma, passa a ser mais uma vírgula em sua vida. Afinal, o que há de errado um garoto de 12 anos ser apaixonado por um homem de 28?



Capítulo 01 - Introdução
Eu não sou louco. Eu não quero chamar atenção. Não nesse assunto, quem sabe nos outros, confesso que sou meio revoltado com a vida e as pessoas. Não, eu não tenho nenhum trauma de infância, até porque dela eu ainda não saí. Eu tenho pais, eles se dão bem, tenho uma grande família onde todos se amam, uns de maneira verdadeira e outras de maneira falsa, mas enfim...

-“Você não dá valor ao que tem!”.
De fato, não dou.
-“Se eu fosse seu pai iria te bater até parar no hospital!”.
Mas não é, e se ele não bate é porque sabe que não faço por birra.
-“Eu teria vergonha de ter você em minha família”.
O sentimento é mútuo.

Eu não fiz nada de grave. Não matei ninguém, não fumei, não usei drogas e bebi um pouco; socialmente. Qual a diferença de agora para daqui a seis anos além da mudança no último algarismo de minha idade? Tsc.
Não venho de família pobre tão pouco rica; diria classe média. Aquela classe que você pode ter o que quiser se esforçar-se um pouco mais; pouca coisa mesmo.

06h30m
Segunda-feira. Ao menos isso eu posso dizer que odeio sem as pessoas me olharem torto dizendo: “Não reclame, tens a vida que qualquer um deseja!” – A esta altura eu já estava de pé, indo para a escola. Se você, leitor, em prontidão pensou que eu já fui reprovado centenas de vezes está enganado. Sou o único com 12 anos na 7ª série (8° ano) de minha sala. Certamente, se você pensou isso, é porque não via muito futuro para mim. Outro que absolutamente teria preconceito se encontrasse uma pessoa igual a mim em sua vida.
 Eu ia sozinho à escola, não era muito longe. Às vezes eu ia de bicicleta, às vezes de skate; sempre revezando para não enjoar, chegando sempre dez minutos antes de o sinal soar. Maldita pontualidade.
Eu era um dos primeiros a chegar e isso não era pretexto para não chamar atenção. Todos os dias. Acho que descobri a fórmula da popularidade: pinte o cabelo de verde. Pronto, quanto vou ganhar com isso?
Sim, eu, com 12 anos – repetindo para deixar bem claro – pintei o cabelo de verde, de uma tonalidade fluorescente, bem chamativo, porém sem motivos. Eu precisava de algo para extraviar a atenção de meu corpo que, aliás, não tinha muita diferença com relação a um cabo de vassoura, exceto pelo fato do último ser mais alto.
Exato, eu era o mais novo e baixo da turma, mais baixo que todos mesmo... Até das garotas. Humpf, que humilhante... Minha altura? 1,48m; feliz? Para finalizar meu perfil, meus olhos são azuis, meus cabelos são lisos pela mágica da química da tinta, que os enfraqueceu e esticou desse jeito e chamo-me Ayako.
Não tenho muitos amigos na escola, a mesma é puxada demais para desviar-se com essas coisas, não pelo fato de eu já ter passado de ano no terceiro bimestre em todas as matérias, mas por eu me importar em manter as notas acima da média e me gabar com aqueles números obtidos.
Moro numa cidade grande, cheia de prédios comerciais gigantescos e empresas para todos os cantos. Carros sendo dirigidos por motoristas particulares não é novidade por aqui; é mais uma vírgula. Falando em vírgula, posso dizer que sou daquelas pessoas que atravessa sem olhar, afinal, se o carro não parar, o prejuízo será do motorista, não?


12h00m
Sexta-feira. Como a semana passou rápido. É no passar delas que o ano aproxima-se mais de seu fim. É novembro, início ainda, mas é novembro. Para dezembro é um sopro, rápido como uma vírgula determinando um aposto.
Estava eu voltando para casa, desta vez preferi usar o skate como meio de transporte pessoal. Estava quente, muito quente mesmo; a hora do rush não ajudava muito quanto à temperatura ambiente, tornando a mesma mais elevada. Já estava quase chegando a casa, bastava-me apenas mais um quarteirão e mais uma rua para atravessar, a mesma estava bem vazia até, aquela coisa que a gente estranha, mas prefere deixar pra lá. Atravessei a rua calmamente, deixando-me levar apenas pelo embalo do skate que ainda restava, mas não pude deixar de franzir o cenho quando ouvi o barulho de uma freada, um barulho bem demorado. Procurei com a cabeça o barulho, que era uniformizado pela distância, sem saber ao certo de onde vinha, mas sabendo que ficava cada vez mais alto até que, enfim, consegui achar a direção e o causador do barulho.
Qual era a minha surpresa e certo princípio de infarto quando me deparei com uma limusine já praticamente em cima de mim, terminando de parar. Eu, por instinto, dei um pulo para trás, caindo sentado no asfalto quente enquanto que via o motorista daquele carro saindo enfurecido.

-Acaso não olha antes de atravessar, garoto? Não vê que o sinal está aberto?!

E ele apontou para o sinal. Eu? Sem reação, claro. Sabia que isso iria acabar acontecendo mais cedo ou mais tarde, mas eu realmente não faço minha paciência desfrutar de minha atenção ao atravessar ruas. Não mesmo.
Aquele tiozinho parecia estar mais era preocupado do que irritado, mas o que eu poderia fazer além de pedir desculpas? Ele estendeu a mão a mim, oferecendo-me ajuda para levantar, eu de prontidão aceitei. Quando me levantei, vi que a porta de trás do carro abria-se e dali saía outro homem.
Ual, como ele era alto!
O último aproximou-se do motorista sem esboçar emoção alguma, apenas analisando o ocorrido enquanto que eu batia a poeira da roupa.

-M-me perdoe...

Mas o que é isso? Eu gaguejei?! Ah, posso perdoar-me desta vez, aquele homem realmente era bastante assustador não apenas pela altura, mas pelo semblante sério, ele fitava-me como se o motorista tivesse quase atropelado um cão ou alguma outra coisa insignificante aos seus olhos.
Ele devia ter quase uns dois metros, não estou exagerando! Na hora me deu vontade de lhe perguntar a idade, mas achei melhor recolher minha insignificância no momento. Fora isso, seus olhos também eram azuis, porém bem mais escuros enquanto a coloração de seus cabelos era de um preto carvão. Trajava um terno, um par de óculos e uma áurea assustadora. Não disse nada, apenas fitou o motorista virar-se de encontro a ele já se tremendo nas bases, o que me fez ter mais medo ainda. Se aquele velho motorista tremia ao olhá-lo, quem seria eu em não fazer o mesmo?

-D-d-daiki-sama! P-perdoe t-tê-lo feito esperar! – o reverenciava vezes seguidas.
-Vamos logo.

Foi a única coisa que ele disse antes de voltar ao carro, sabendo que nada de grave havia acontecido com o mesmo. Eu? Acho que ele nem se deu conta de que havia um ser humano ali. Enfim, recolhi meu skate e fui rapidamente para o outro lado da calçada, vendo apenas a limusine disparar em velocidade, deixando apenas a poeira levantada e as marcas do pneu por conta da parada brusca.


Capítulo 02 – Hábito de segunda à sexta.
Poxa, confesso que depois do que me aconteceu eu passei a prestar mais atenção na rua. Passei a amar mais minha vida quando percebi que poderia perdê-la, mesmo com o motorista arcando com tudo. Mas confesso também que depois do que me aconteceu eu passei a observar que sempre naquele horário a limusine passava, às vezes dava pra ver aquele homem sinistro dentro do carro quando este passava com o vidro abaixado, mas em nenhuma das ocasiões ele mudava a expressão que usava.

12h00m
Quarta-feira. Meio do mês; meio da semana. O colégio iria fazer um conselho de classe na quinta e, portanto, eu iria enforcar na sexta por livre e espontânea preguiça.
E novamente a limusine passava e eu apenas a acompanhava com o olhar, como um hábito que eu executava há anos e meu cérebro não precisasse mais me obrigar a fazer tal coisa, já era automático; mais uma vírgula em minha vida. Entretanto, como todo bom – ou mal – vício, quando se quebrava a rotina uma única vez podia-se sentir a falta do mesmo e foi o que aconteceu na quinta, no mesmo horário. Foi estranho não ter seguido um “hábito de segunda a sexta” – e isso existe? Nah, talvez seja o meu tédio...
Fui dormir muito tarde mesmo, a última vez em que olhei o relógio o mesmo já passava das três da matina e eu estava morto de sono já prevendo acordar só depois das 14hs; contudo, não me privei de deitar e ficar pensando naquela limusine, em seu motorista e, enfim, em seu passageiro. Aquilo já estava me impregnando demais à mente para ser um simples “hábito de segunda à sexta”.

11h30m
Acordei. Acordei?! Ah... Acordei... Tsc... Mesmo ainda estando com sono e exausto, meu relógio biológico me faz acordar “cedo”. Sabia que não iria conseguir dormir novamente até depois do almoço. Sentei-me na cadeira do pc e liguei o mesmo, resolvendo visitar alguns blogs de humor para passar o tempo, mas conforme eu passava cada página do tal blog, minha mente viajava mais ainda. Olhei no relógio e já eram quase 12hs. Impossível não ligar o horário com a maldita limusine e o homem da mesma. Ai está: “o homem da limusine”, até porque eu não gravei o sobrenome do mesmo quando o motorista disse, mas sei que começa com P, tenho certeza de que começa com P!
Aquilo me consumiu a atenção, fiquei encasquetado querendo lembrar o sobrenome da criatura enquanto que olhava várias vezes o relógio, vendo que o 11 tornava-se mais próximo de virar 12. Levantei num estalo, trocando rapidamente de roupa e pegando minha bicicleta. Corri até a rua e comecei a pedalar rapidamente como se tivesse um compromisso e estivesse em cima da hora. Parei a bicicleta naquela rua que eu sempre via a limusine, vendo a mesma passar com as janelas abertas, mas desta vez só com o motorista. Franzi o cenho estranhando aquilo até depois me dar conta de que eu havia me apressado para simplesmente chegar aqui e olhar a limusine passar, não sabia que minha inveja era tão grande assim.
Resolvi seguir a limusine já pensando que talvez não fosse apenas inveja. A mesma parou a três quarteirões de distância de onde eu atravessava. Perto. Só o motorista saiu, comprovando que não havia mais ninguém ali.
Parei minha bicicleta na entrada da empresa, ficando ao lado da mesma. Logo pude notar um grupo de jovens, deviam ser um ou dois anos mais velhos e um tutor, deduzi que aquilo fosse uma excursão informal à empresa já que nenhum deles estava uniformizado, apenas carregando uma pulseirinha de identificação do lado esquerdo. Quando desviei meu olhar a fachada do local fui surpreendido por outro tutor, que entregava-me uma das pulseirinhas e levava minha bicicleta ao bicicletário, achando que eu também fosse participar da excursão.

-Erh... Senhor, eu n--
-Vamos, rapaz, depressa! A excursão já vai começar, cuidado para não se perder.

E me empurrou esboçando um sorriso enquanto que eu desesperava-me com medo de acabar dando de cara com o homem da limusine, olhei para trás, mas havia um tutor ali e outro na frente, nos monitorando enquanto que um terceiro falava sobre a empresa e eu nem ao menos prestava atenção, pois estava ficando cada vez mais agitado conforme adentrava o local, procurando saídas de emergência, aquele lugar não tinha saídas de emergência! Se pegasse fogo? Todos iriam morrer carbonizados! Entramos no elevador, céus, eu já estava com a respiração descompassada, não pensava mais em nada, apenas rezava para acabar logo com isso, mas... Espere ai... Eu estou fazendo drama à toooa! Ele nem deve lembrar-se de mim. Ah... Como eu estou sendo idiota... Relaxei e aquilo foi claramente percebido por quem estava atrás de mim, me dei até o direito de esboçar um sorriso naquela hora e prestar atenção no que o tutor falava.

-Crianças nós estamos indo agora para o setor administrativo, é aqui que trabalham os chefes e secretários, os funcionários ficam no andar debaixo, mas, como iremos apresentar a empresa de cima para baixo, depois veremos o andar dos empregados e... – a porta do elevador abriu-se no terceiro andar, fazendo o tutor assustar-se um pouco ao deparar-se com alguém logo em frente ao elevador, esperando para entrar no mesmo – Oh! Boa tarde! Crianças, este é o senhor Fumiko Daiki, presidente da empresa e seu filho, o vice-presidente Fujo Daiki.

Fujo... Daiki...? Que estranho. Esse sobrenome me é familiar... Não demorei muito para recordar, um estalo me veio à cabeça e eu prontamente movi a mesma para o lado, querendo ver o filho do presidente, que estava atrás do mesmo. Qual não foi minha reação ao ver o homem da limusine ali?
Os demais que participavam da excursão olhavam admirados o presidente, um senhor de poucos, porém brancos cabelos, sorridente, de boa e simpática aparência. Já o filho? O contrário.
Fui me esgueirando até o canto do elevador, escondendo-me atrás do tutor e no meio dos jovens, achando, pela primeira vez, uma vantagem em ser baixinho.
Mas que merda! Com tanto lugar ali na frente para ficarem, os dois foram logo para o fundo do elevador, ficando no canto oposto ao meu. Sou muito discreto, olhei o tempo todo para ele pensando se o mesmo iria me reconhecer. Já disse que sou discreto, né? Então, minha descrição foi tamanha que lhe chamou a atenção encontrando seu olhar ao meu. Oh céus, o que eu faço agora? Abaixei rapidamente a cabeça junto com o corpo, me escondendo naquele meio de jovens até todos saírem no último andar, cada um tomando seu rumo: excursão para direita, presidente para frente e filho para a esquerda, os dois últimos entrando em salas diferentes. Suponho que sejam seus respectivos escritórios.
Fiquei olhando a porta da sala que o homem da limusine entrou enquanto que andava, desacelerando o passo gradativamente ao ver que agora eram os dois tutores na frente e todos os jovens atrás. Andei rápido, porém sem deixar que os sapatos fizessem barulho, indo em direção à porta que ele havia entrado. Analisei a mesma, tentando olhar o lado de dentro pela fechadura, tentei alguns segundos até ser surpreendido pelo girar da maçaneta, pensando que meu fim era agora que ele abria a porta e dava de cara comigo mostrando, pela primeira vez, alguma expressão diferente da atual, no caso, o de leve surpresa por não esperar uma criança prostrada ali na porta.

-Perdeu-se?
-Erh...

Emudeci. Acenei apenas com a cabeça que sim, evitando olhá-lo. Já ele arqueou uma das sobrancelhas, fitando-me com certa interrogação na face.

-Você não é--? – o interrompi.
-D-do quase atropelamento...? – Mas que diabos eu...!?
-Exato.
-Erh, bem... – ri baixo e nervoso – sim, sou, homem da limusi...Arn! – pigarreei, cortando-me.
-O que disse?
-N-nada!
-Pois bem, peço desculpas por meu motorista pelo feito, se veio aqui ressarce-se pode retornar segunda-feira ou tratar com meu secretário. No momento estou de partida.

E ele foi. Sem esperar resposta nem nada, só saiu andando. Eu confesso que não entendi quase nada do que ele disse; que fala mais rebuscada... Mas entendi perfeitamente a parte do “retornar segunda-feira”. Deixar com secretários nunca dá certo... Ou será que dá? Enfim, eu volto segunda. ~


Capítulo 03 – O homem da Limusine
Nossa, que final de semana arrastado! Mal podia esperar pela segunda, pela primeira vez na vida eu a desejei. Não vou ser falso tão pouco humilde em dizer que alguém muito importante disse para eu ir à sua empresa hoje; como me sinto poderoso e importante todas as vezes que me lembro das palavras dele: “retornar segunda-feira”. Se essa frase tivesse cor eu juro que pintava o cabelo do tom dela.

12h01m.
Estava eu de skate passando pela rua de sempre depois da aula, pretendia ir lá depois do almoço, de tardinha, para não parecer muito afobado em chegar. Eu estava voltando para casa e, pela primeira vez desde que o adquiri, me esqueci do meu “hábito de segunda a sexta”, ou seja, a limusine. Ela estava parada no sinal, esperando os pedestres passarem e o primeiro abrir para prosseguir. Passei olhando para o vidro do carona, que estava fechado, mas aquilo era o meu hábito, o que poderia ser feito se eu não estava me policiando para contê-lo? Balancei rapidamente a cabeça para os lados, tomando impulso no skate para chegar o mais rápido possível em casa.
Cheguei a casa e fui diretamente para o chuveiro, almoçando ao término do banho. Descansei um pouco na sala com meus pais, vendo TV. Algum programa qualquer para poder puxar um assunto aleatório ou outro. Arrumei-me e sai achando melhor ir de bicicleta.
Meus pais eram bem liberais até, eles trabalham a semana inteira e só estão em casa no intervalo do almoço e no fim da tarde, não podendo me privar de fazer as coisas, até porque eu faria mesmo assim; não tendo ninguém para me vigiar, eu estou no lucro.

14h37m.
Cheguei à empresa. Não sabia ao certo que roupa usar para ocasião e, portanto, optei pela social – jeans e uma camisa verde musgo, contrastando com a cor artificial de meus cabelos. Parei na recepção e falei com a mulher que estava no mesmo, contando sobre sexta, a mesma me ouvia atentamente, até com certa simpatia, como se estivesse ouvindo um bebê falando suas primeiras palavras.

-Awn. Claro, meu bem. É no último andar, enquanto você sobe, eu aviso ao senhor Daiki que você está indo, ok? Ele não irá negar atenção a uma coisa fofa como você.

E ela sorriu deixando-me corado de vergonha. Agradeci sem graça, o que pareceu combustível para a reação dela, já que eu ficava na ponta dos pés para alcançar os cotovelos no balcão. Dirigi-me até o elevador, chamando pelo mesmo. Pouco tempo depois eu já estava no último andar, já sabia que agora aquele lugar que ele havia entrado na sexta era seu escritório. Fui até o mesmo e bati a porta de maneira vacilante, temendo fazer muito barulho e aquilo resultar em uma bronca, porém ouvi apenas um “entre” vindo do outro lado da porta.
Abri com o mesmo vacilo que bati, enfiando a cabeça dentro do escritório do mesmo, já logo ficando boquiaberto em ver o quão grande era aquele lugar, com direito até a um banheiro particular. A mesa dele ficava no centro do local. Na frente da mesma, duas cadeiras para receber visitas e, de frente para estas, uma enorme e aparentemente confortável cadeira; entre a cadeira e a mesa estava ele com os olhos colados no monitor do computador de última geração, cuja luminosidade refletia em seu rosto. Atrás dele não havia uma quarta parede de concreto, mas sim uma toda de vidro, que dava vista para a cidade quase toda quando as cortinas estavam recolhidas, como era o caso.
Ao lado da mesa havia a porta para o banheiro, só soube pois a mesma estava aberta enquanto que do outro lado do móvel haviam estantes com livros diversos cujos quais não olhei os temas, desviando o olhar para o sofá de dois e três lugares; era espaçoso e aparentava ser confortável. Ao lado do sofá menor havia um pequeno frigobar e uma mesinha de centro entre ambos. Eu estava tão perdido naquela decoração bela e sóbria, abusando dos tons preto branco e azul de uma maneira tão harmoniosa e, como posso dizer... “Adulta” seria a palavra certa?
Tive minha atenção desviada ao dono daquela espécie de “mini mansão” quando o mesmo pigarreou, olhando-me sobre os óculos, porém sem desviar o rosto do monitor, apenas fitando-me.

-Então?
-E-então? Ahn...
-O que gostaria de ter como ressarcimento, jovem?

Parei e pensei... Até pose de pensador fiz, levei a mão destra ao queixo, olhando ora para o chão, ora para o teto, pensando no que poderia pedir daquele homem. Ele era rico, não? Eu poderia pedir o que quisesse até mesmo uma casa que ele me daria como se estivesse dando um kinder ovo a um qualquer. Pude ouvi-lo suspirar, dando-se por vencido ao ver que eu iria levar um tempo para pensar. Ele então retirou os óculos, coçando os olhos fatigados da claridade do monitor, deixando o mesmo de lado por alguns instantes enquanto descansava os olhos, aguardando a minha quebra no que se referia ao silêncio.
Eu pensei em tantas, tantas coisas, mas nada parecia me satisfazer naquele momento... Um brinquedo? Não... Uma roupa? Não... Um carro? Ainda nem tenho idade para dirigir... Uma casa? Para quê eu iria querer ter isso agora? Ah... O que eu poderia pedir? Ele já estava ficando impaciente, pelo visto não era uma pessoa de aguardar muito. Mas finalmente eu decidi o que iria querer dele. Coloquei as mãos na cintura, esboçando um sorriso confiante.

-Então? – tornou a perguntar. – Já se decidiu?
-Sim! – respondi determinado, apontando o indicador destro na direção do homem da limusine. – Quero que você seja o meu namorado!

Vírgulas - Fic (1 ao 3)

Posted by : Ita-chan
Date : quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
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