Capítulo 07 – Conhecendo a onça.
-Onde está seu irmão, Akio?-Ah, ele deve estar no escritório como sempre, inventando trabalho para fazer, pai.
Eles sentaram-se em suas devidas cadeiras já de imediato sendo servidos pelos empregados. Eu apenas os acompanhei já que pelo visto não pretendiam esperar pelo membro faltante. Talvez eles já tentaram chamar Fujo para comer com eles em outras ocasiões, mas provavelmente não obtiveram sucesso...
O almoço foi descontraído, comemos massas e salada preparadas de uma maneira fresca e leve, ótimo para aquele dia de calor intenso. A sobremesa foi sorvete napolitano com calda de chocolate e granulado. Perfeito!
Ao terminarmos o almoço, deixamos a mesa do jeito que estava para os empregados a tirasse. Foi bom fazer isso, geralmente eu tinha que ajudar a tirar a mesa, era chato... Ao sairmos daquele cômodo, Akio chamou-me a atenção com um largo sorriso na face.
-Ei, Ayako-chan!
-O que foi?
-Está afim de ir mais tarde à piscina?
-Tem piscina aqui?! – perguntei animado.
-Claro. Tem no quintal dos fundos. Vamos descansar um pouco o almoço primeiro.
-É uma boa ideia, Akio. – interrompeu o pai que ouvia a conversa de longe – Aproveite e chame Fujo também.
-Aaaah, paaaaai...!
-Akio. – o advertiu.
-Está bem, está bem...
Akio parecia não se dar muito bem com o irmão mais velho; seria porque ele quase não tem tempo para o mais novo? Talvez ciúmes por isso... Bem, uma das empregadas levou-me até o quarto de hóspedes. Era um quarto muito bonito, com uma cama de solteiro, um criado mudo com um abajur, uma TV presa à parede, suíte particular, dois armários e uma pequena varanda ao lado da cama, que dava a vista para o quintal de trás, cujo mesmo havia uma piscina enorme e uma daquelas boias em que a pessoa deita e fica ali tomando sol. À margem da mesma havia guarda-sóis, mesas, cadeiras e uma churrasqueira desligada. Mais ao fundo uma pequena plantação de rosas, algumas frutas e temperos para uso pessoal. Fiquei encantado.
Contudo, eu estava mais impaciente do que encantado. Primeiro porque eu queria ir logo à piscina; segundo porque eu queria encontrar Fujo. Que ansiedade! Olhei o relógio e eram 12h45m. Joguei-me na cama e acabei cochilando rapidamente por ter dormido pouco e pelo fato do pós-almoço dar aquela moleza. Acordei 14hs, um breve, porém revigorante cochilo. Espreguicei-me e levantei-me indo olhar novamente a piscina pela pequena varanda e, de lá, pude ver Akio dentro da mesma, olhando para cima enquanto boiava, não levando muito tempo para me ver de onde estava.
-Eeeeei! Ayako-chan! Venha para a piscina!
-Haaai!
Respondi animado já logo trocando de roupa, colocando um samba-canção mesmo, já que não havia levado roupa de banho. Desci tentando conter a afobação já que estava como visita e tinha que me comportar. Quando cheguei à parte de trás da casa, vi Akio pedindo para a empregada deixar a bandeja com os copos de suco na mesa enquanto que ele saía da piscina. Quando olhei para a mesa com os sucos, vi que ao lado da mesma estava Fujo sentado, compenetrado no notebook enquanto que trajava apenas uma bermuda e uma camisa de alças; roupas bem leves, assim como todos daquela grande casa vestiam no momento. Seus óculos mudavam de cor conforme a claridade, escurecendo ou clareando. No caso, estavam feito os de sol, mas ainda podiam-se ver os olhos dele por de trás das lentes, não se desprendendo nunca do aparelho.
Ele mordia distraidamente uma corrente de prata que usava como colar, o que me fez querer saber se ele usava aquilo até por debaixo das roupas de trabalho. Minha atenção foi logo desviada quando Akio prostrou-se em minha frente com ambas as mãos na cintura e um certo semblante impaciente. Acho que ele percebeu para quem eu estava olhando esse tempo todo.
-Ayako-chan, eu vou pegar o seu suco, deve estar com sede.
-Ah, obrigado...
Ele então correu até a mesa, chamando a atenção do irmão mais velho com o barulho proposital que provocou; o mais novo, então, apenas mostrou a língua para ele, voltando em seguida e sabendo que o irmão estava lixando-se para aquilo.
Peguei um dos copos de suco, dando um gole no mesmo.
-Akio-kun...
-Hum?
-Posso perguntar-lhe algo?
-Claro!
-Por que você não se dá bem com seu irmão?
-Eh? E-eu me dou bem com ele!
-Pois não parece...
-M-mas é verdade! É verdade!
Ele me respondeu tão desconcertado e, principalmente, corado. Como se eu tivesse perguntado algo sobre a vida íntima dele... Ou será que perguntei? Enfim, achei melhor deixar de lado, não queria estragar nada.
A tarde passou-se rapidamente e o sol já estava se pondo. Ainda estava claro, só não estava mais proveitoso para a piscina. Tomei um banho e vesti uma roupa mais aquecida, já que o por do sol estava fazendo a casa esfriar. Pude ouvir a voz dos moradores vindo da sala, mas eram apenas três vozes, faltava a quarta, que era substituída pelo barulho das teclas do notebook vindo do quarto de seu respectivo dono. A porta estava entreaberta e pela mesma eu pude vê-lo ali dentro, sentado na cadeira e apoiando o notebook na mesa.
Sem cerimônias, porém envergonhado, bati duas vezes na porta e entrei.
-Ei, por quanto tempo mais vai ficar ai nesse notebook? – não obtive resposta – Tudo bem, eu espero até você terminar.
Ele nada disse, apenas arqueou uma das sobrancelhas e me fitou de soslaio quando deitei na cama dele, espaçosa, até; de casal e bastante confortável. Enquanto eu observava a vista que a varanda do quarto dele dava, que era para a rua, ele continuava a digitar e fazer diversas anotações em vários e espalhados papéis que estavam sobre a mesa. Ele realmente havia ficado surpreso quando me encontrou na piscina, mas eu percebi que o mesmo não queria esboçar nenhuma reação, limitando-se apenas a um pequeno e breve arregalar de olhos.
Eu fiquei ali a noite inteira, o céu já estava bem enegrecido e a casa bastante silenciosa. Olhei para o relógio do criado mudo e o mesmo marcava 00h45m. Nossa como o tempo passou rápido! Depois é que fui perceber: eu havia cochilado ao som daquelas teclas sendo incessantemente pressionadas em um ritmo frenético, de quem já estava acostumado há tempos e não precisava nem mais olhar para o teclado afim saber quais eram as respectivas letras.
Cocei os olhos um pouco manhoso, bocejando da mesma forma enquanto que minha visão ficava nítida conforme eu afastava o sono e acordava. Quando olhei para frente, vi que ele estava parado, não digitava tão pouco escrevia, deve ter pegado no sono como da outra vez. Levantei e calcei as pantufas, arrastando o caminhar até ele, parando atrás do mesmo e deslizando os braços por seus ombros, encontrando as próprias mãos pouco a frente de seu pescoço enquanto que eu repousava a cabeça num dos ombros dele, roçando levemente a bochecha na do mesmo.
-Ei, acorde. Não acha melhor dormir deitado ao lado de seu namorado?
Cochichei em seu ouvido para não acordá-lo de uma vez. Ele apenas repousou a mão destra em meu braço, virando o rosto na direção do meu, não se preocupando em deixar ou não nossos rostos a milímetros de distância um do outro. Eu podia sentir a respiração forte dele, impressão minha ou até nisso ele tinha força? Provavelmente ele mal sentia a minha...
Aliás, ele não havia pegado no sono, eu pude ver em seus olhos que ele estava bem acordado, até; principalmente quando seus lábios curvaram-se, esboçando, pela primeira vez, um sorriso. Contudo, aquele sorriso não me parecia ser de alegria, pois não era inteiro, era um meio sorriso, no canto dos lábios grandes que tinha e eu podia notar claramente a segunda intenção que havia por trás daquele gesto.
Confesso que aquilo me deu calafrios e, principalmente, medo.
Capítulo 08 - Paciência
Fiquei fitando-o sem reação e com um elevado rubor na face em ter a mesma próxima da dele. Afastei-me rapidamente e extremamente desajeitado fui recuando até cair sentado de propósito na beira da cama, podendo perceber que ele ainda me fitava.-É isso o que você quer?
-Como?
-Você quer realmente que eu durma com você?
Eu não sabia o que responder, aquele sorriso dele estava me amedrontando cada vez mais e eu tinha quase certeza de que ele fazia aquilo de propósito. Espere, se ele está fazendo aquilo de propósito, então nada mais é do que um joguinho dele para me fazer desistir com aquele sorriso sádico que ele ostentava. Engatinhei até o centro da cama por dentro do edredom, indo parar nos travesseiros, segurei firmemente o que me cobria e me acomodei nos travesseiros respondendo um “sim” confiante e um pouco alto para o horário. Ele levantou-se dando de ombros e desfazendo aquele sorriso, aquilo realmente era uma tática dele e eu quase caí na mesma.
Eu o observava levantar da cadeira e espreguiçar-se, ouvindo alguns ossos seus estalarem por terem ficado muito tempo na mesma posição. Ele dirigiu-se ao banheiro onde pude ouvir o barulho da água do chuveiro chocando-se contra o chão. Uns vinte minutos depois ele estava de volta, já pronto para dormir. Estava descalço e vestia uma calça de algodão azul, faltando apenas completar com a camisa.
-Esqueceu a camisa aqui?
-Eu não durmo de camisa.
-Eu vou dormir com você, esqueceu?!
-Me preocuparia com isso se acaso eu tivesse seios.
Aquelas respostas diretas dele me irritavam demais. Dei espaço para que ele se deitasse ao meu lado, deixando a distância de uns três palmos entre ambos, enquanto que ele tirava os óculos, guardando-os no criado mudo.
-É assim que você acha que namorados dormem juntos?
-E não é? Não diga que sou inocente!
-Como é ingênuo.
-Grrr...
-Aprendeu a rosnar? O que fará depois? Rolar, talvez...?
-Pare com isso! – cruzei os braços, fitando-o já bastante irritado – Se não é assim que namorados dormem, mostre-me como é então!
-Isso não é para a sua idade, garoto.
-Pare de dizer que sou novo! Eu sei que sou, mas não quer dizer que eu não possa ter um namorado!
-Que não fosse além de dois ou três anos de diferença para mais ou para menos.
-Mostre-me logo!
-Vá dormir. – virou-se de costas, fechando os olhos.
-Ei! Não me deixe falando sozinho!
-Boa noite.
Ele não disse mais nada depois e eu o fitava pelas costas com um enorme bico, explodindo de raiva enquanto que apertava o lençol pelo mesmo motivo. Bufei olhando para o outro lado, o que poderia ter demais em dormir como dois namorados? Está certo que eu achava que os casais dormissem em camas separadas como nos Flingstones, mas já que ele disse que era de outro jeito, eu queria saber qual era!
Aproximei-me sorrateiro dele, encaixando minha cabeça sobre a de Fujo com certa manha, envolvendo os braços no pescoço dele, por trás do mesmo.
-Onegai...
Pedi com voz mansa e pude ver de soslaio que ele entreabria os olhos, suspirando em desistência, deixando ser vencido pelo cansaço. Quando percebi que ele iria se mexer eu desfiz-me daquela posição, recuando um pouco para que ele pudesse virar. O mesmo nada disse, apenas fitou-me com aqueles olhos azuis e cansados, puxando-me contra si pela cintura, o que para mim pareceu forte, para ele pareceu ser até bem delicado, mas fiquei na minha até porque estava sem palavras no momento. Eu permanecia imóvel, deixando apenas que ele acomodasse ambos.
Fujo pegou minhas mãos e as colocou em seu peitoral e foi ai que pude perceber que o corpo dele era musculoso demais para quem ficava o dia inteiro trabalhando no computador. Ele era forte e tinha o corpo bem trabalhado, mas eu podia perceber que ele tentava ser gentil embora estivesse impaciente em querer dormir logo por conta do cansaço. Por fim, ele envolveu ambos os braços em minha cintura, fazendo um dos mesmos subir pelas minhas costas até minha nuca, encaixando minha cabeça entre o ombro e o pescoço dele recostados no travesseiro.
Era uma sensação estranha. Nova. Era boa. Os braços dele eram firmes, fortes, acolhedores e aconchegantes além de serem quentes, o contrário da personalidade dele. Seu coração batia tranquilamente enquanto que o meu quase criava pernas e corria pelo quarto. Eu realmente estava tenso, mas conforme fui me acalmando e adaptando-me à situação, acabei adormecendo num piscar de olhos, encolhendo-me nos braços dele e quase que sumindo entre os mesmos. Naquele momento eu não poderia pedir coisa melhor do que aquela maravilhosa noite de sono.
Capítulo 09 – Mas o quê...?
09h52m
Acordei com o cantar exacerbado dos pássaros na varanda do quarto; tentei me espreguiçar, mas percebi que eu ainda estava nos braços de Fujo. Desta vez ele estava deitado de barriga para cima e eu com a metade do corpo sobre o dele enquanto que um dos braços do mesmo descia pelas minhas costas, prendendo-se em minha cintura. Obviamente não conseguiríamos passar a noite inteira na mesma posição. Levantei a cabeça, podendo fita-lo melhor. Ele ainda dormia, parecia estar num sono profundo, pois nem os pássaros, nem a claridade o acordavam. Achei melhor sair dali, ele devia estar realmente cansado na noite passada e eu fiquei o alugando com minhas pirraças. Virei-me de costas para ele, para poder sair pelo outro lado da cama, porém quando tentei me desfazer do braço dele, pude apenas sentir o outro envolver-me junto com o que já estava em minha cintura, puxando-me fortemente contra si. Aquilo doeu um pouco, confesso. Contudo o que me paralisou mesmo foi o fato dele entrelaçar as pernas nas minhas, colando seu peitoral contra minhas costas.
Agora sim eu estava sentindo-me desconfortável, não pelas pernas entrelaçadas, mas sim por estar com o quadril perfeitamente encaixado no colo dele, com medo até do mínimo movimento eu poder sentir a intimidade do mesmo de tão próximos que estávamos.
-Ern... Fujo... Fujo...!
Sussurrei dando-lhe tapinhas no rosto, ele emitiu alguns gemidos em protesto, pelo visto realmente não queria ter sido acordado, mas abria lentamente os olhos, fitando-me como se estivesse esperando para que eu falasse.
-Bem... Você poderia chegar um pouquinho para trás?
-Ora... – pausou, bocejando – Você não queria dormir comigo feito dois namoradinhos?
-S-sim, mas... É q-que...
-Shhh...
Ele calou-me repousando o indicador em minha boca, eu estranhei a reação dele, mas logo arregalei os olhos, arrepiando-me ao sentir os lábios dele tocarem meu pescoço, deixando que seu hálito quente se chocasse contra minha pele. Eu me encolhi envergonhado e extremamente ruborizado ao sentir os lábios dele deslizarem até minha orelha, mordiscando a mesma antes de contorná-la com a língua.
-O-o-o que está f-fazendo...?
-O que acha que namorados fazem quando acordam?
Ele sussurrou aquela pergunta quase que sem voz em meu ouvido, deixando-me mais encabulado ainda. A mão direita dele, que outrora estava com o indicador em meus lábios, passou a descer lentamente pelo meu peito fino e pálido, não aparentando querer parar ali. Eu por vez estava ficando desesperado, pois sabia o que ele pretendia fazer e eu de fato não queria aquilo.
Fechei os olhos fortemente, sacudindo a cabeça para os lados da mesma forma enquanto que tirava a mão escorregadia dele de meu corpo. Fujo, por vez, pareceu entender o recado, soltando-me e ficando apenas a fitar-me de costas enquanto que eu não perdia a deixa para levantar da cama.
-Como quer ser meu namorado se não pode nem ao menos satisfazer minhas necessidades? – perguntou irônico, ostentando um sorriso sádico.
-E-eu vou para o meu quarto...
Só tive coragem de responder aquilo antes de sair apressado do quarto dele, relembrando o que Fujo fez e falou várias vezes em minha mente. Satisfazer suas necessidades? E eu lá sabia que isso que ele queria era uma necessidade?! Sou novo demais para isso e tenho certeza de que se ele ouvisse essa frase saindo de minha boca iria me provocar perguntando: “Ora, para isso você é novo, não é?”. Argh. Odeio admitir, mas saí daquele quarto sabendo que ele estaria se sentindo vitorioso em pensar que se encontraria livre de mim. Erro dele!
Fui embora de lá depois do almoço, para curtir o resto do final de semana com meus pais. Despedi-me de todos menos de Fujo, que estava trancado no quarto e nem me viu ir embora.
-Quando irá dormir aqui de novo, Aya-chan?
-Quando meus pais deixarem, Akio-kun. – brinquei.
-Foi bom tê-lo como hóspede Ayako-chan. Volte sempre que quiser.
-Obrigado, Sr.ª Daiki.
Sr. Daiki seguiu o caminho da limusine junto comigo, cumprimentando meus pais ao me deixar em casa e marcando o tal almoço entre os quatro para um domingo, não estava prestando muita atenção. Após a despedida, contei como foi meu final de semana aos meus pais, omitindo a manhã, claro.
22h04m
Passado o momento com os pais, estava eu deitado em minha cama, olhando para o teto do quarto. O que Fujo tentou fazer me veio novamente à cabeça e pensei: se para ser namorado dele é necessário alguns sacrifícios, acho que não custa nada tentar, não deve ser tão ruim...Liguei o computador e resolvi visitar um desses sites pornôs para ver como era aquilo.
Literalmente...
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